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Capítulo 8

   Capítulo 8: O passado distante do Lendário Viking de Reiwa

Nos dias seguintes.

O Lendário Viking de Reiwa deixou o seu cargo de líder da ilha temporariamente por causa de seus ferimentos. 

Pelo menos metade da cidade Sukaipia havia sido destruída por causa do combate e várias pessoas foram brutalmente assassinadas. Uma chacina havia acontecido, mas ainda sim, isso na concepção de um viking era algo completamente comum e irrelevante. Havia sido apenas um festival com alguns problemas pequenos e o outro dia estava radiante como sempre.

A cidade Báltica foi exterminada e o líder Torquiu estava desaparecido. 

Os Vikings de Reiwa estavam tranquilos, mas Thorfill se isolou em sua casa e apenas deixava o General Guts entrar para tratar as suas feridas infeccionadas. 

Thorfill fez um som doloroso ao sentir o General Guts pressionar um algodão com álcool no corte de sua bochecha. Thorfill tentou virar o seu rosto para o lado e a mandíbula dele acabou sendo agarrada com força pela mão fria do General Guts, que disse com impaciência: "Fique quieto." 

"Não acho que esse pequeno ferimento precise de cuidado." Thorfill disse fechando os olhos, "Foi apenas um corte superficial." 

"Por sorte o corte não irá precisar de pontos." O General Guts disse segurando a mandíbula de Thorfill, pressionando com mais força o seu aperto, pois o incrível Lendário Viking de Reiwa tentava se afastar com um medo anormal do algodão encharcado de álcool. "Você está com medo disso?" 

"Isso apenas arde." Thorfill respondeu levianamente, desviando o olhar. "Não estou com medo, mas estou agonizando com ardência do álcool." 

O General Guts arqueou as suas sobrancelhas e fitou Thorfill profundamente sem pudor e disse: "Mas álcool em abundância ao descer pela sua garganta está tudo bem, não é? Ouvi dizer que o Lendário Viking de Reiwa gosta muito de beber vinho de framboesa e cerveja de mel." 

Thorfill deu um sorriso envergonhado e disse: "Você ouviu informações corretas, os mensageiros então fazendo um ótimo trabalho." 

"Corrigindo: os fofoqueiros atenienses estão fazendo um ótimo trabalho." O General Guts revirou os olhos e resolveu se concentrar em seu trabalho. Ele pegou novamente outro algodão, desta vez sem estar encharcado de álcool e deu leves batidinhas na bochecha de Thorfill, dizendo: "Passe uma mistura de mel e osmanthus no corte, três vezes ao dia."

Thorfill afirmou com a cabeça, "Farei isso. Obrigado." 

O General Guts o fitou profundamente em silêncio e se afastou cruzando os braços. Thorfill sentiu o olhar de felino sobre ele e disfarçou coçando o seu pescoço. O General Guts disse depois de um tempo em silêncio: "Agora, tire a sua roupa."

Thorfill tirou a sua blusa e o General Guts se aproximou dizendo: "Peço licença." 

O General Guts tocou levianamente com as mãos frias o corpo duro de Thorfill. Apenas com o toque das mãos, ele pôde perceber fraturas e torções no corpo do Lendário Viking de Reiwa. 

"Três costelas quebradas e fraturas em seus pulsos." O General Guts disse entregando a blusa para Thorfill se vestir ao terminar de analisar a lateral do abdômen dele, "As fraturas podem ser tratadas com um molde de gesso, mas não acho que tenha isto nesta ilha." 

De fato, Thorfill respondeu o que o General Guts já previa: "Não tem." 

"Irei te dar um remédio então, para que você possa aguentar a dor de uma cirurgia." O General Guts andou pela sala pessoal de Thorfill procurando pela aljava dele, "Eu coloquei ela em cima da cama…" 

O quarto de Thorfill era uma bagunça. 

Havia muitos livros espalhados pelo chão e uma cama de madeira grande no centro, composta por um colchão confortável, com travesseiros gordos de lã e edredons grossos com cheiros suaves. Thorfill estava sentado em sua cama e não se incomodava com a bagunça, diferente do General Guts, que a cada hora perdia alguma coisa ali, junto com a sua paciência e postura de alguém frio e inabalável. 

"Essa sua desorganização…" O General Guts disse cerrando os dentes, "Esta me dando nos nervos." 

"Isso aqui?" Thorfill agarrou uma espécie de estojo cilíndrico de couro marrom pesado, cheia de flechas afiadas dentro. 

"O seu pulso está fraturado." As palavras do General Guts saíram com ódio e impaciência, "Pare de usar as suas mãos e sossegue!" 

Ele se aproximou de Thorfill abruptamente e agarrou a aljava, revirando ela de cabeça para baixo. Do estojo saiu diversos tipos de instrumentos cirúrgicos dentre os quais facas, bisturis, pinças, serras pequenos e grampos, possibilitavam o General Guts de fazer vários tipos de intervenções cirúrgicas. 

O General Guts pegou uma pinça e disse erguendo as sobrancelhas: "Eu posso fazer a sua sobrancelha depois da cirurgia." 

"Hum?" Thorfill perguntou confuso, "Isso é alguma tortura do campo de guerra?" 

O General Guts recobrou a sua postura amargurada de sempre e ignorou completamente a pergunta de Thorfill, agarrando uma serra pequena e dizendo: "Seus ferimentos não tem salvação, terei que amputar os seus pulsos e pernas." 

Thorfill abriu os seus lábios por conta da surpresa e, no mesmo momento, o General Guts se aproximou como um relâmpago do rosto dele, enfiando algo doce dentro de sua boca. Thorfill ficou apreensivo e nervoso, por causa disso, ele acabou engolindo o que o General Guts havia enfiado dentro de sua boca. 

"O que você me fez engolir?!" Thorfill tentou se levantar, mas ficou tonto de repente. "Você…?" 

"Sonífero." O General Guts respondeu empurrando Thorfill para a cama e disse com desdém: "Enquanto você dorme, eu irei roubar a sua ilha." 

"Você!" Thorfill gritou tentando se levantar agressivamente. 

O General Guts estalou a língua em um 'tsk', demonstrando impaciência e empurrou o peito de Thorfill para baixo, "Fique quieto! Ou você prefere que eu faça uma cirurgia com você acordado?"

Thorfill se acalmou e se deitou confortavelmente com a ajuda do General Guts, perdendo um pouco de força aos poucos. Suas vistas foram se escurecendo até que a escuridão o agarrou abruptamente com lembranças embaraçosas de um passado conturbado e complicado. 

O Lendário Viking de Reiwa cresceu afastado da civilização. 

Seu pai, Enon, era rígido e extremamente frio com ele, e a sua mãe Gruti era ao contrário, sempre sendo muito doce e carinhosa. 

Como o primeiro filho homem, ele sofreu muita pressão por parte de Enon desde que nasceu, para se tornar o Lendário Viking de Reiwa e ele era constantemente obrigado a lutar contra outras crianças da Ilha de Reiwa, para aprimorar as suas habilidades. 

No começo, ele lutava com uma espada de madeira e não feria os seus amigos, mas depois, Enon lhe deu uma espada com lâmina forjada com IRIS. As lutas dele com os seus amigos se tornaram violentas e ele se negava a lutar novamente, mas Enon dizia que um guerreiro não deveria fugir de um combate, se não ele não poderia entrar em Valhalla. 

Thorfill negou a sua entrada em Valhalla, dizendo que não iria machucar os seus amigos. Esse foi o seu primeiro ato de rebeldia e Enon o olhou com desdém. 

Thorfill se assustava com qualquer olhada que seu pai lhe dava, e Gruti sempre escondia Thorfill em um cocho de madeira, que ficava em um estábulo de cavalos, para ele não ser levado para um treinamento abusivo pelo pai. O pequeno garoto era enterrado com palha para o seu pai não o encontrar, mas um dia, quando Enon o achou… Thorfill pagou muito caro. 

Enon trancou Thorfill dentro de um cocho grande e o enterrou para ensinar a Thorfill uma lição. 

Thorfill agonizou debaixo da terra e gritou até perder a sua voz. 

Enon só o desenterrou quando Thorfill estava quase morrendo. Depois disso, o garoto teve um medo absurdo de lugares fechados, e um ambiente com pouca circulação de ar se tornou o pesado de Thorfill. Ele sentia um sentimento de medo, angústia e ansiedade quando se encontrava em ambientes fechados, ficava até mesmo desconfortável quando se imaginava em tal situação. 

Ao ser enterrado vivo, ele desejou morrer, mas também sentiu medo da morte. 

Ele viveu em uma colina afastada, porém anos depois, conseguiu fugir para países próximos. Então, ele sempre estava navegando e saqueando pelo mar quando ele conseguia fugir de Enon. 

Quando Enon o encontrava, Thorfill apanhava absurdamente, até desmaiar e era obrigado a treinar até que seus ossos se tornassem pó. 

Ele e sua irmã Tilf eram levados para uma clareira escura que tinha muitos animais selvagens e agressivos. Enon sempre observava eles dois com um olhar frio, dizendo que não iria ajudá-los, e que eles tinham que aprender a serem fortes sozinhos. Thorfill sempre conseguia escalar uma árvore alta para fugir das feras, mas Tilf não, então ele permanecia correndo com ela até encontrar um lugar seguro. 

Depois que Aske e Flony cresceram, as coisas se tornaram mais levianas. 

Enon não levava mais Tilf para a clareia, e apenas Thorfill ia. Só assim Enon conseguiu notar que, na verdade, as pessoas impediam Thorfill de se demonstrar forte. Então, ele isolou ainda mais o garoto. 

Thorfill não recebia comida do pai, pois o mesmo dizia que a fome era psicológica e que enfraquecia um viking. No inverno, ele era obrigado a ficar nu sobre a neve e aguentava o frio para ter resistência. E quanto lidar com a dor era o pior… Enon o torturava, até Thorfill mentir, dizendo que não sentia absolutamente nenhuma dor. 

O garoto forçava sempre um sorriso nos rosto cheio de hematomas e dizia: Pai, não dói mais. Não estou sentindo dor.

As mãos de Thorfill já não tinha mais unhas de tanto que ele arranhava uma pedra com as pontas dos dedos, pois Enon dizia que ele nunca deveria largar o cabo de uma espada, mesmo que estivesse sem os dedos. 

Gruti sempre tentava fugir com Thorfill e escondê-lo, mas a mulher sempre falhava e era espancada constantemente para evitar se mover por dias. As pernas dela até foram quebradas por Enon. Tilf era a única que enfrentava Enon, a garota sempre disputava com o pai e tentava matá-lo. 

Todos na ilha sabiam o que Enon fazia, mas quem poderia ir contra o Lendário Viking de Reiwa? 

Thorfill adquiriu vários inimigos depois disso: a fome, o frio, a dor, lugares fechados, o medo de fugir, o medo de ser salvo por alguém. 

Até os dez anos de idade, ele fingiu ser uma marionete sem emoções, e finalmente ele pôde voltar para casa. Os seus irmãos eram crianças não muito diferentes dele: maltratados e explorados. Flony e Aske eram anormalmente magros e tinham um semblante de dor e medo. Enquanto Tilf ainda estava na fase de tentar matar Enon, então ela começou a ser usada por seu pai como uma boneca, onde ele poderia descontar as suas frustrações e prazer. 

As fugas de Thorfill começaram logo depois, sem medo de se arriscar ao se lançar no mar misterioso. Mas ele sempre voltava para a Ilha de Reiwa, pois a sua família estava lá. Os Vikings de Reiwa não poderiam ajudá-lo, e também, por que ajudá-lo? Era apenas uma situação onde o pai estava educando o seu filho, não havia nada de errado com as atitudes de Enon. 

Um dia, ele pareceu se cansar de Thorfill. Disse altamente que iria matá-lo depois que voltasse de viagem. Ele partiu em um barco pequeno, como se não estivesse mais suportando a Ilha de Reiwa. Então, Thorfill planejou a sua fuga no mesmo dia, despediu-se de todos e, com angústia, declarou que nunca mais iria voltar. Mas no mesmo dia que Enon partiu, Bellamy nasceu. Gruti adoeceu depois do parto. Ninguém se ofereceu para cuidar da criança, Thorfill e os seus irmãos tiveram que aprender a lavar fraldas de pano e levar Bellamy para se alimentar com leite materno de outra mulher viking.

Depois de algum tempo, ele fugiu e isso fora a sua melhor escolha. Encontrando-se com Apolo, convivendo pacificamente com um estrangeiro que disse para ele ser diferente de seu pai, o ajudando a chegar à Gália, lugar onde ele aprendeu muitas coisas e pôde mudar o seu destino. Destino esse onde ele seria um viking monstruoso, sanguinário e cruel. 

Quando Bellamy completou três anos, Thorfill retornou. 

Apenas um palito de incenso se queimou, e ele se tornou o Lendário Viking de Reiwa após a morte de seu pai. 

Essa era a vida dele, e não havia como mudar. Ele nasceu para ser o Lendário Viking de Reiwa e morreria sendo o Lendário Viking de Reiwa, que exterminou uma cidade inteira de vikings, permitiu que sete crianças morressem bem debaixo de seu nariz, expulsou os seus familiares da ilha, e se escondeu como um covarde no final de tudo.

Ele era tão deplorável que com certeza não iria entrar em Valhalla…

O que tinha de bom em ser um líder viking? Por que ele não podia apenas navegar em um barco, acompanhado de um grupo de pessoas que ele se sentisse confortável de estar perto? 

Ele sempre se matava em procurar um lugar com tesouros para poder navegar e fugir da Ilha de Reiwa, mas isso acabou fazendo ele se tornar ignorante. Ele não percebeu que a cidade Báltica estava querendo se virar contra ele, e ele também não percebeu que seus bisavós estavam escravizando crianças. 

Era muito lamentável. 

Ele não pediu para ser o líder de mil homens vikings, e ele não pediu para ser o Lendário Viking de Reiwa. 

Thorfill queria fugir. 

Ele queria fugir para o mar. 

Ao despertar, Thorfill sentiu o corpo anormalmente dormente. 

Os olhos de Thorfill arderam quando ele tentou abri-los. 

"Isso foi sonífero ou veneno?" Alguém disse vagamente próximo, deixando Thorfill em alerta. "Talvez esse sonífero tenha sido feito com ópio?" 

A claridade do quarto estava machucando os seus olhos e Thorfill ergueu a mão para impedir os raios solares de atacarem o seu rosto. Ele sentiu uma dor excruciante em seu pulso no mesmo momento e soltou um leve gemido de dor.  

Thorfill sentia uma dor tão grande no corpo que ele pôde enxergar o céu em sua frente. Era realmente uma dor gigantesca! Como se mil agulhas estivessem dentro de sua carne. 

Thorfill temia a dor. Ele ofegou um pouco e gotículas de suor se acumularam em sua testa. 

"Eu não amputei os seus pulsos." Alguém disse friamente, "Não se assuste tanto." 

Esperadamente, era o General Guts. 

Thorfill olhou para o General Guts com confusão e tentou perguntar algo para ele, mas a voz dele não saía. 

O cabelo negro do General Guts estava volumoso e isso fez o rosto dele ficar surpreendente mais belo. O homem continuava com um olhar de águia irritada, e com as sobrancelhas grossas e bem delineadas arqueadas, demonstrando impaciência. 

Ele se levantou e pegou um jarro de água em cima de uma mesa de cabeceira ao lado da cama de Thorfill e despejou água dentro de um copo feito com um chifre de boi. Ele estendeu em silêncio o copo na direção de Thorfill e se lembrou que o mesmo não conseguia mover as mãos ainda. 

O General Guts então, disfarçou e bebeu a água do copo.

Thorfill resolveu ignorar isso e franziu as sobrancelhas em silêncio. Ele limpou a garganta para conseguir falar. Sua voz estava extremamente rouca ao perguntar: "Por quanto tempo eu dormi?" 

"Um mês." O General Guts respondeu levianamente. 

"Um mês?!" Thorfill perguntou sem acreditar. 

"Eu odeio que me perguntem algo que eu acabei de dizer!" O General Guts perdeu a compostura. Fingindo que nada aconteceu no momento seguinte, ele disse: "A cirurgia foi um pouco complicada e eu tive que deixar você dormindo para que a sua fratura não piorasse." 

"Entendo." Thorfill respondeu ficando em silêncio logo em seguida. 

Um mês era muita coisa e, supostamente, ele já deveria ter perdido muitos acontecimentos. Ele perguntou para o General Guts: "Aconteceu algo enquanto eu estava dormindo?" 

O General Guts se sentou em uma cadeira, respondendo: "Não fiquei perambulando por aí já que eu tinha um paciente para cuidar… dois, dois pacientes na verdade. As sessões do girino com asma ainda ocorrem."

Thorfill não recebeu muitas informações do General Guts e ele se esforçou para se levantar e buscar por respostas. O corpo dele estava fraco e ele quase desabou no chão. 

O General Guts se levantou rapidamente para o segurá-lo, e olhou para Thorfill, dizendo: "Eu não cuidei de você por um mês inteiro para você já acordar quebrando a tíbia e a fíbula." 

Thorfill o encarou profundamente, "Eu não faço ideia do que seja isso…" 

"São dois ossos longos que cursam…" O General Guts interrompeu a sua explicação abruptamente, "Esqueça." 

O corpo de Thorfill estava dormente e dolorido. Ele se deitou na cama com a ajuda do General Guts e perguntou: "Tilf é forte, reconheço isso, mas como ela está lidando em cuidar da ilha?" 

O General Guts retornou para se sentar na cadeira. Ele cruzou as pernas longas e desviou o olhar de Thorfill, dizendo: "Ela sofreu um sangramento. No início, achei que fosse um aborto espontâneo, mas…" 

"O quê?" O peito de Thorfill se apertou e a boca dele secou. Ele engoliu em seco com o peito batendo violentamente, "Ela, ela está bem?!" 

"Ela tem prolapso uterino. Em outras palavras, útero baixo, caracterizado pela proximidade entre o útero e o canal vaginal, o que pode levar a ter algumas complicações na gravidez." O General Guts respondeu normalmente e com clareza, "Não é muito perigoso, ela só precisa ficar em repouso excessivo." 

Thorfill suspirou pesadamente, visualmente bastante preocupado. "Quanto problemas de uma só vez…" 

"Já ouviu em benzeção?" O General Guts perguntou, "Invocar a proteção do céu sobre você seria bom." 

"Irei me informar melhor sobre isso. Obrigado pela dica." Thorfill sorriu levemente. 

"De nada." O General Guts respondeu. 

O quarto ficou em um silêncio incomodativo depois disso. 

Thorfill tentou quebrar esse clima, perguntando: "Leonard encontrou…" 

Ele foi interrompido pelo General Guts: "Não me pergunte nada relacionado a esta ilha. Primeiramente porque eu não sou daqui, e segundamente, eu não me interesso pelos assuntos deste lugar." 

Thorfill sorriu com constrangimento e ele divagou sozinho: "Queria ser assim como você." 

"Assim como?" O General Guts perguntou arqueando as sobrancelhas, "Você está falando com ironia logo comigo?" 

"Não!" Thorfill disparou em explicar-se para não ser mal interpretado. Ele disse nervosamente: "Eu só queria não pertencer a essa ilha e não me interessar pelos assuntos desta ilha." 

"Mas você é o Lendário Viking de Reiwa." O General Guts disse. Ele se mostrou um pouco confuso ao franzir o nariz. "Como você iria não querer ser um líder? E se interessar nos… esqueça, eu não ligo para os seus motivos." 

Thorfill sorriu mais uma vez. 

O General Guts foi atraído por isso. 

Dificilmente o General Guts sorria, ele na verdade havia sorrido poucas vezes em sua vida amarga. Ver Thorfill sorrindo fazia o coração dele palpitar estranhamente, pois um sorriso podia esconder mil intenções ruins. O General Guts conhecia apenas sorrisos: falsos, maldosos, debochados, sem graça, forçado, malicioso. Todavia, o sorriso de Thorfill era suave e não havia nada oculto. 

Estranho. 

Thorfill notou o olhar do General Guts nele, e passou a mão em seu rosto, se perguntando se tinha algo estranho ali. Por um momento ele se sentiu feio, não que ele se achasse bonito, mas quando alguém o encarava, ele se sentia extremamente feio. 

"Tem algo no meu rosto?" Thorfill perguntou preocupado. 

Thorfill palpitou a bochecha dele, depois a lateral do maxilar e ele sentiu algo roçar nas pontas dos seus dedos. 

Ele passou um mês dormindo e a sua barba acabou crescendo um pouco. Sua barba rala tinha uma pigmentação loira escura e deixava o rosto dele extremamente sedutor. As suas sobrancelhas claras e as sardinhas em seu nariz de dorso reto se destacavam em seu rosto magnífico. Seu rosto jovial e de cor saudável estava com um aspecto de pele macia. 

Ele revirou os olhos ao sentir a barba, por não gostar de pelos naquela área do rosto.    

O General Guts desviou o olhar e bufou dizendo: "Você acabou com a minha alta estima." 

Thorfill não sabia se deveria ir raspar a barba ou se fingir de morto por estar sentindo tanta dor no corpo. Nem quando ele foi torturado por Enon ele sentiu tanta dor. A cada movimento que ele fazia, era como se trilhões de agulhas estivessem sendo sugadas para dentro dos seus ossos. Ele se mexeu um pouco inconscientemente e reprimiu os lábios para não soltar uma exclamação de dor. O General Guts era um marechal de guerra, ele obviamente percebeu os movimentos que Thorfill estava lutando para o médico maluco não notar. 

"Por que você está sofrendo em silêncio?" O General Guts arqueou as sobrancelhas frustrantemente, "Quando os seus irmãos estão com dor, você corre para ajudá-los, mas quando você sente dor, você fica em silêncio e aguenta. Por que ser tão ignorante consigo? Você é idiota?" 

Thorfill franziu os lábios fortemente, não imaginando que iria levar uma bronca. 

"Aguente a sua dor agora também." O General Guts disse ignorantemente, "Irei chamar a sua família para vê-lo." 

O General Guts saiu do quarto de Thorfill em passos lentos. 

Thorfill se ajeitou na cama suspirando pesadamente e pensando que quando sua família chegasse, ele iria levar mais outras duzentas broncas bestas!

Barulhos leves de passos foram notados depois de alguns minutos. Thorfill olhou para porta ansioso para ver Tilf, para perguntar como ela estava, mas a mulher que entrou no quarto foi Villan. A bela mulher de cabelos negros, pele pálida com muitas sardas no nariz e rosto bonito. Ela tinha olhos negros e gentis. Uma beleza indescritível ela com certeza adquiria. 

"Lendário…" Ela entrou no quarto sem ninguém atrás dela, "Não… Thorfill! Finalmente você acordou." 

Thorfill sorriu levemente e notou as bochechas de Villan avermelhadas. Ele comprimentou ela dizendo: "É bom vê-la."

"Claro que é." Ela disse se aproximando da cama, "Eu entrei em sua casa assim que aquele ateniense bonito saiu. Eu trouxe bolo de mel para você comer!" 

Os olhos de Thorfill brilharam rapidamente! 

Villan colocou um prato de madeira cheio de deliciosos bolinhos ao lado de Thorfill, dizendo: "Feito com leite de cabra, com cobertura de açúcar mascavo, recheado com mel e um toque de baunilha, uma pequena flor de margarida em cima para o enfeite!" 

"Você que fez?" Thorfill perguntou e pegou um bolinho de massa fofa e amarelada, devorando rapidamente, a nostalgia o atacou. Lembranças repercutiram em sua mente.  

"Achei que você não gostasse de nada doce…" Villan engoliu em seco e disse: "Foi eu que fiz sim, e trouxe rapidamente…" 

"Thorfill!" Alguém gritou de repente, interrompendo as palavras de Villan. 

Gruti apareceu como um furacão, pulou na cama aparecendo de repente e abraçou Thorfill calorosamente, apertando as bochechas dele e o olhando minusionadamente, "Achei que você tinha entrado em coma!" 

A mulher chorava de emoção e sua voz estava embargada, "Eu realmente achei que agora você iria conhecer Valhalla! Sabia que um filho perder a mãe não é tão doloroso quanto a mãe perder um filho?! General Guts, te seguirei por toda vida por ter salvo três de meus filhos filhos! Falta apenas Flony e Aske agora!"  

O General Guts estava escorado no batente da porta e colocou a mão na frente do corpo negando as palavras de Gruti, "Não precisa." 

"Bate na madeira, eu não quero que aconteça nada comigo não mãe!" Flony disse entrando no quarto com um olhar de desespero, "Tudo bem acontecer algo com o Aske, mas não comigo!" 

"Espero que aconteça algo muito ruim com você agora Flony." Aske disse ao lado de Flony, "Thorfill por que diabos você acordou agora? Os vikings estavam apostando que você iria acordar em um mês e eu apostei que você iria acordar depois de dois meses. Eu perdi a aposta por sua culpa!" 

"Vocês estavam apostando?" Thorfill perguntou surpreso e viu Tilf caminhando seriamente na direção dele, "Não me diga que você também estava apostando?!" 

"Apostei que você iria acordar depois de três meses." Tilf respondeu se deitando na cama de Thorfill. Ela estava com um rosto abatido e olheiras profundas abaixo dos olhos. "Eu não aguento mais lidar com a Ilha de Reiwa Thorfill! Outra cidade se revoltou e eu tive que lutar sozinha com o inútil do Flony me enfurecendo no meio da minha luta! No meio da batalha eu sangrei igual um porco no abate! Um viking ordinário me feriu!" 

Ela se deitou com a barriga para cima e alisou a mesma, "Meu bebê quase nasceu no meio da guerra!" 

"Você está grávida de quatro meses só!" Flony disse indignado e Thorfill finalmente notou a presença dele, "Essa criança não iria nascer no meio da guerra!"

"Se ele nascesse no meio da guerra se chamaria Thor!" Tilf rugiu, "Foi o que eu e Erne combinamos. QUASE QUE MEU FILHO SE CHAMA THOR!" 

"O que tem de errado com ele se chamando Thor?" Aske pergunta. 

"Ela não quer porque acha que todo mundo vai dar um martelo para a criança no dia do aniversário dele." Flony gargalhou. 

Tilf ficou furioso e agarrou algo ao seu lado para jogar em Flony.

"Abaixe isso!" Aske pediu gritando quando Flony puxou ele para usá-lo de escudo. 

Thorfill interrompeu Tilf que queria jogar um bolinho em Flony, "Não desperdice comida, ainda mais esse bolinho." 

Tilf resmungou indignada, "Essas crianças não respeitam uma mulher grávida!" 

"Você disse que houve outra rebelião?" Thorfill perguntou seriamente e encarou Tilf, perguntando com depreciação: "Outra cidade se revelou? Qual?" 

"Cidade Linia, a capitã." Tilf respondeu seriamente, "Os vikings fizeram barricadas em volta da cidade e se negaram a reconhecer você como líder depois que você exterminou os vikings da cidade Báltica. Então eu cortei o fornecimento de IRIS para eles e ocorreu uma disputa entre a cidade Linia e a cidade Sirinia. Sirinia tinha um abastecimento de IRIS, mas Linia roubou. As duas cidades guerrearam então, sem o meu reconhecimento, então, quando eu descobri através de Leonard fui em busca de conversar com a líder da cidade Linia, mas ela acabou tentando me atacar e chutou a minha barriga, aquela desgraçada!" 

Tlif rugiu furiosamente: "Em um campo de batalha tinha vikings da cidade Linia, Sirinia e Sukaipia, já deu para imaginar a merda que deu né?!" 

"Deu muito merda, acredite." Flony tentou confortar Thorfill, "Mas isso acontece entre os vikings, não temos união! Isso é desprezado entre nós na verdade. Não entendo como tem uma utopia na Ilha de Reiwa."  

"A traição parece ser uma doença infecciosa, tudo começou com a cidade Báltica e agora apenas a cidade Sukaipia e a cidade Cheniapia são leais ao Lendário Viking de Reiwa." Aske disse pensativo, "As coisas não estão boas nesta ilha, Thorfill." 

Thorfill sentiu a cabeça latejar. 

"deixe-o descansar agora." O General Guts pediu levianamente. Ele estava escorado no batente da porta ainda, até mesmo a sua cabeça estava colada no batente, fazendo a sua clavícula branca e delicada aparecer um pouco por conta da pose esquia. Os olhos dele pareciam um pouco cansados. 

Gruti se levantou como um flash, "Tem razão! O que estamos fazendo irritando alguém que acabou de sair de um coma?!" 

"Ele não estava em coma Gruti!' Tilf disse ao ser puxada por Gruti para se levantar também, "Thorfill fique bem logo! Precisamos dar um fim aos rebeldes juntos!" 

"Ficarei." Thorfill respondeu e deu um sorriso suave. 

A família dele foi embora e Villan se despediu balançando a mão e sussurrando um tchau leviano. 

Thorfill encarou o General Guts com seus olhos escuros que pareciam jabuticabas. Ele percebeu que o homem estava cansado e ele se sentiu culpado; o general esteve cuidando dele por um mês inteiro, deve ter sido absurdamente cansativo. 

"Por que você está me encarando? Perdeu a sua vontade de viver na minha cara?" O General Guts perguntou com ignorância, se desencostando do batente da porta. 

Thorfill havia se acostumado com o jeito do General Guts já e sorriu sem se importar com a brutalidade ranzinza do outro homem. 

"Por que você está sorrindo?" O General Guts perguntou arqueando as sobrancelhas com raiva, "Você está cheio de problemas e está sorrindo? Você quer que eu faça uma avaliação mental em você?"

"Um problema ou dois não é capaz de acabar com o dia de alguém que sempre teve dias péssimos." Thorfill respondeu dando de ombros calmamente, "Você deveria descansar, General Guts." 

"Que filosófico." O General Guts disse sarcasticamente, "Agora que você está bem, eu irei voltar à tenda para descansar." 

O sorriso de Thorfill murchou e ele apenas fez um breve som de: "Hum." 

Assim que o General Guts se virou para sair do quarto, um som enorme explodiu no céu. Ele se virou abruptamente, com o rosto pálido e os lábios entreabertos encarando a janela do quarto de Thorfill. Ele percebeu que o céu estava absurdamente nublado. Antes, ele já havia notado que uma leve garoa havia começado, mas ele não imaginou que os leves chuviscos seriam transformados em uma chuva cabulosa, contendo raios e trovões assustadores! 

O General pareceu engolir em seco e Thorfill ergueu as sobrancelhas como se tivesse visto errado o General Guts se sentindo apreensivo.

"Você ainda tem medo…" Thorfill tentou perguntar levemente, mas ele foi interrompido. 

O General Guts pareceu ranger os dentes e ele disse friamente: "Cale a boca." 

Os lábios de Thorfill se fecharam no mesmo instante, mas podia-se perceber que a boca dele estava tremendo para não rir. Não porque o General Guts tinha medo de trovões, mas porque ele era péssimo em mentir. 

Na verdade, tanto Thorfill quanto o General Guts eram absurdamente péssimos em mentir.  

"Devo ficar por aqui até a chuva acabar." O General Guts disse friamente, muito mais friamente que normalmente. "Apenas para uma observação da sua pós-cirurgia." 

"Ah, sim." Thorfill disse levianamente, fingindo acreditar. 

Outro trovão explodiu no céu.


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APRESENTAÇÃO DA OBRA:  SINOPSE SUJEITA A ALTERAÇÃO:  – “Há apenas uma única ação tola, capaz de gerar uma grande consequência do que, um dia, alguém julgou ser uma boa escolha.” – ditou o pai, sorrindo calmamente. – Apaixonar-se é essa escolha, Yin Chang.  Nenhum leitor troll seria capaz de revelar que essa frase tão reflexiva e pertencia ao livro "Guerrilha de Zhou", por simplesmente odiá-lo. E Shen Shining, que era um leitor troll, não era diferente dos demais.  Ele, que encontrou por acaso o arquivo misterioso do livro em seu notebook, acabou tendo a curiosidade atiçada. Por ler apenas metade da sinopse curta de Guerrilha de Zhou, uma chuva de insultos saiu de sua boca:  – Harém, lutas, artes marciais, plot twist? Que porcaria é essa?!  Abocanhando um pedaço de pizza envenenada, ele continuou xingando até perder o foco da visão e cair no chão, morto. O tal se vê em uma situação problemática quando tem a alma teletransportada para o enredo libertino do livro que l

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Apresentação da obra: O Tabuleiro e a Peça Viking, escrito e revisado por Laura Sampaio, tendo corpo de texto baseado em light novels asiáticas e tendo como gênero principal o BL explícito e fantasios.                                 O TABULEIRO E A PEÇA VIKING  Gênero: Ação, Aventura, Comédia, Mistério, Sobrenatural, BL, História alternativa, Romance, Mitologias  Título Nativo: O Tabuleiro e a Peça Viking  Subtítulo: Diante da liberdade, eles dois farão de tudo Status do original: Quarta temporada em fase de escrita Avisos: Violência, gore, lemon explícito Autor(a): Laura Sampaio Capítulos: 45 + 1 extra   Classificação: [+18] Tipo: WebNovel Ano: 2022 Sinopse Em um mundo governado por diversos deuses, há um viking que procura domar os cinco oceanos informados pelos druidas.  Thorfill é o Lendário Viking de Reiwa. Ele é um jovem absurdamente forte que comanda mil homens vikings ao navegar em busca de tesouros perdidos. Thorfill, além do mais, pertence à uma ilha

Lúcifer, a estrela do amanhã

Heilel Ben Shachar, o portador da luz.  Ele, que foi contra Deus, caiu no mundo e espalhou a sua doutrina e ensinamentos acaba conhecendo Jesus. O mais conhecido como Lúcifer, o leva para um monte altíssimo, e lhe mostra todos os reinos do mundo e a sua glória.  Heilel Ben Shachar questionou Jesus sobre Deus várias vezes, este mesmo ficou em silêncio e se negou a responder. Sob o silêncio, Lúcifer imitou um ditador do qual ele venera, com ironia e sarcasmo.  Jesus, perante aquilo, calou-se no encontro. Depois disso, perante os seus seguidores, Jesus diz: A estrela da manhã tens bastante sabedoria. Ele é mais sábio que Daniel. Não somente é bonito, mas também muito inteligente.  Até o filho do adversário de Heilel Ben Shachar reconhecia a sua sabedoria!  Ao ouvir suas palavras, Heil Ben Shachar, com o seu jeito irônico e sarcástico, se torna um seguidor de Jesus. Sempre o questionando do porquê seguir Deus.  Porém, os questionamentos passam dos limites quando Heil Ben Shachar se aproxim