Capítulo 23: O nascimento de Thor, e a morte de um ser
Em algum lugar do mundo, havia um povo que chorava ao ver o nascimento de uma criança. Dizendo que, embora fosse o começo de uma nova vida inocente, era o começo também de dor, sofrimento, tristeza e necessidade.
Tilf estava sentindo tanta dor que poderia escolher morrer naquele momento mesmo. Seus olhos frios não demonstraram nada, eles estavam opacos, pensando que aquela coisa deveria nascer logo, para que ela pudesse ter paz. Embora a sua bolsa estivesse estourado, e a dor fosse grande, ela não chorava. Mas havia soluços e gritos desesperados ecoando por toda a câmara de descanso dela.
"Eu não sei fazer um parto, eu nem ao menos fiz o meu!" Feup gritou desesperadamente, correu em círculos e começou a chorar. "Eu apenas tirei pintinhos de dentro dos ovos! Tilf, essa criança não pode nascer agora! O General Guts não está aqui!'
"Cala a boca!" Tilf gritou. Uma fina camada de suor brotou em sua testa, as suas roupas estavam molhadas, assim como o seu cabelo ensopado. Ela respirou profundamente, várias vezes sentindo uma pressão no útero. Desesperadamente, ela tentou fazer força, em busca de colocar a criança para fora.
"Não era para nascer agora!" Feup agarrou os seus próprios cabelos para conter o nervosismo.
"O bebê escolhe o dia em que irá nascer!" Tilf rugiu furiosamente.
No momento seguinte, a porta se abriu como se fosse voar pela janela. Os olhos de Tilf arregalaram-se ao ver Apolo e Thorfill entrarem. Thorfill olhou, piscou e saiu da câmara de descanso dela rapidamente. Feup viu isso como um sinal, saiu correndo, deu um tapinha nos ombros de Apolo; em sinal de apoio e saiu correndo para longe também.
Tilf soltou um suspiro de alívio ao ver um feiticeiro médico de confiança. Mas no instante seguinte, ela gritou de dor, usando a sua última energia para pedir: "Me ajude!"
Ela desabou na cama, já sem forças.
Por sorte, Apolo já estava preparado para isso e já tinha experiências de partos passados. Ele ficou tranquilo, com seu semblante sereno, caminhou até a porta e a abriu. No corredor, ele encontrou vários serventes curiosos e paladinos ansiosos.
"Vocês vão procurar por Ártemis." Apolo disse para os paladinos.
Eles glorificaram: "Graças a Zeus!"
Os paladinos saíram rapidamente, com o semblante feliz. Eles não iriam ajudar em um parto, eles não iriam ajudar em um parto; eles dançaram com felicidade.
Apolo ignorou isso e vagou o seu olhar entre Feup e Thorfill, dizendo: "Eu preciso de ajuda."
Feup simplesmente parou de tremer, virou-se e saiu desfilando. Os serventes também partiram em passos lentos, fingindo estarem fazendo seus trabalhos. Restou apenas Thorfill, que engoliu em seco e entrou dentro da câmara de descanso de Tilf novamente. Ele andava mais para trás do que para frente, Apolo se irritou profundamente com isso.
Sem paciência, ele disse friamente: "Ande logo."
"Eu não…" Thorfill engoliu em seco, e virou-se, disposto a ir embora novamente. "Eu irei procurar por Ártemis, será o melhor a se fazer!"
Com um simples olhar frio, Apolo conseguiu fazer Thorfill parar os seus movimentos. Ele disse: "Esqueça Ártemis, os paladinos estão procurando por ele. Eu preciso de você aqui."
Não era fácil fazer um parto sozinho, ainda mais um de risco. Apolo precisava de alguém para pegar os bisturis para ele, dar remédios para Tilf, alguém para cortar o cordão umbilical, um apoio confiante, embora, definitivamente Thorfill não fosse um!
Tilf pareceu se irritar com os dois. Gritou com eles, fez força e no momento seguinte caiu na cama novamente. Dizendo: "Inferno! Andem logo, parem com esse namorico desgraçado!"
Apolo aproximou-se, disse para Thorfill: "Peguei aquilo e depois isso."
Thorfill corria como uma barata tonta pelo quarto, suas mãos estavam tremendo ao pegar um bisturi e ao dar remédio para Tilf. Ela até mesmo agarrou a mão dele e apertou com força brusca, os seus olhos marejaram pela dor. Ele até mesmo apanhou dela. Querendo se afastar, ele olhou para Apolo em busca de consentimento. Mas Apolo estava concentrado em cortar a barriga de Tilf, seu semblante sem qualquer resquício de emoção, tão sereno, bonito e frio.
Ao ver tanto sangue ser derramado nas colchas claras… Thorfill desmaiou.
Apolo desviou a sua atenção e ficou em silêncio, "................."
Depois de dois ou três palitos de incenso queimado, um choro estridente percorreu os corredores do palácio. Thorfill acordou logo em seguida, estava com o rosto pálido, e em choque após assistir um parto. Apolo não sabia se ajudava ele ou se enrolava a criança rechonchuda em panos de seda. Preferindo ignorar claramente o ex-lendário Viking de Reiwa, ele delicadamente segurou a criança que chorava desesperadamente.
"Eu não quero ver!" O grito de Tilf fez a pele de Thorfill estremecer, "Tire essa coisa de perto de mim!"
A cabeça dela pendeu para o lado após ver Apolo caminhar em sua direção. Ela não queria ver aquela criança, qual era o sentido disso? Tilf não estava confortável, não era amorosa e poderia machucá-la. Sua mente tinha consciência disso. Apolo não insistiu nisso, entregou a criança recém nascida para Thorfill e gentilmente ajudou Tilf a beber remédios para conter a dor.
Thorfill estava tão zonzo que enxergou dois rostos ao encarar a sua sobrinha. Ele piscou algumas vezes confusamente, seu estômago estava embrulhado. Apolo pegou uma agulha, costurou a barriga de Tilf com uma rapidez impressionante. Mais uma vez, Thorfill sentiu que iria desmaiar. Embora isso pudesse acontecer novamente, ele se distraiu ao perceber que a porta da câmara de descanso se abriu lentamente. Thorfill desviou a sua atenção para isso e imaginou que pudesse ser Bellamy, mas não era.
"Olá." Uma voz masculina preencheu o ambiente com rouquidão.
Apolo virou-se para frente.
O silêncio serpentiou na câmara. Sob o olhar atento de Thorfill, Ártemis entrou tranquilamente na câmera. Com um sorriso suave nos lábios, como um demônio sorrateiro e cruel. Ao entrar, uma trilha de corpos apareceu atrás dele, cadáveres dos paladinos que tentaram atacá-lo.
Como ele poderia aceitar morrer tão facilmente? Era sem sentido, Ártemis não poderia permitir isso. Era fácil enganar as pessoas para ele, nem mesmo Apolo poderia imaginar que Ártemis iria fazer uma aliança com o Marechal Hermes, iria ser solto em Atenas e voltar para as ruas em busca de destruir pessoas fracas. Porque era divertido para ele assassinar, destruir e estuprar. Isso fazia as pessoas serem impotentes diante dele, como se ele fosse um deus que deveria ser temido e glorificado.
Mas ele simplesmente não conseguia esquecer Apolo.
Ele era a sua âncora.
"Apolito, por que você não está surpreso?" Ártemis perguntou ao perceber que Apolo nem ao menos piscou para ele. Ártemis sentiu um gosto amargo na boca, "Eu voltei dos mortos, isso não é incrível?"
Apolo perfurou a pele de Tilf com a agulha fina, finalizou a costura e se levantou. Seus cílios tremeram ao olhar para Ártemis, "Isso não é incrível, volte para os mortos novamente."
Ártemis negou levemente com a cabeça, "Não, não sem você."
O semblante de Thorfill se contorceu com essa frase. Ele não gostava nem um pouco de Ártemis, nem ao menos gostaria de lutar com ele por conta da repulsa que sentira por ele. Mas ao ver Ártemis se lançar na direção de Apolo com ódio evidente no olhar, Thorfill colocou a criança dentro de suas vestimentas e entrou no caminho. Como um raio, levantou a sua perna e lançou Ártemis para longe.
"Lendário Viking de Reiwa!" Ártemis gritou furiosamente, se levantando e cuspindo sangue. "Estou tocando a escama do dragão? Saia de meu caminho, seu maldito!"
"Não me chame assim." Thorfill disse magoado. Sobre a escama do dragão, ele não tinha nem ao menos comentários.
Apolo aproximou-se em passos lentos e perguntou ao olhar para Ártemis: "Há sete dias atrás, onde você estava?"
"Por que você quer saber?" Ártemis levantou, cuspiu sangue e um dente perto dos pés de Apolo. "Isso é relacionamento abusivo, eu não tenho a obrigação de lhe dizer para onde eu fui."
O semblante de Apolo ficou mortalmente frio, "Você visitou um casal, violentou uma mulher e depois fugiu. O que mais você fez quando o Marechal Hermes me enganou?"
Ártemis deu uma gargalhada alta, "Muitas coisas, muito mais vítimas e muito mais filhos. Por que você está me olhando assim? Apolito, eu não estou criando um exército contra você! Não sou um inimigo. O Marechal Hermes me soltou por saber que eu sou um bom menino, e ele o enganou por saber que você é o verdadeiro monstro da história!"
Apolo ficou em silêncio. Thorfill franziu os lábios, reprimindo a sua raiva e vontade de se lançar na frente de Ártemis. A mão de Apolo estendeu-se para o lado e segurou o ombro dele, dizendo: "Fique."
Ártemis continuou: "Como não somos mais irmãos gêmeos, e não temos mais um vínculo, eu quero me demitir do seu exército. Sabe, trabalhar assim não é mais a minha praia. Apolito, eu vim apenas me despedir de você."
"Você matou vários serventes e paladinos hoje." Apolo franziu o cenho, "Quando você não está matando meus familiares para chamar a minha atenção, você está matando meus serventes para um pedido de demissão e estuprando mulheres para ter filhos… você é completamente louco e lamentável."
Encontrar sanidade na mente de Leonhardt Sephalla era o mesmo que jogar Thorfill em um labirinto… o tourinho nunca mais seria encontrado.
Apolo disse: "Você é digno de pena."
Ártemis não gostava de ser chamado de louco, principalmente por Apolo. Um desejo avassalador preencheu o seu coração, matar, ele queria muito matar Apolo. E ele era mais forte que o rei de Atenas.
Thorfill pressentiu que Ártemis iria atacar, ele disse para Apolo: "Tome cuidado."
No momento seguinte, a presença de Apolo sumiu do lado de Thorfill. Ele foi varrido por um flash, Ártemis atacou ele como um raio, uma besta selvagem e mortífera. Os olhos de Ártemis brilhavam como as chamas do inferno, com um ódio avassalador, cheio de repúdio por Apolo. O ódio nascia muito rápido em seu coração, e nunca, jamais, poderia ser removido. Tendo noção disso, Apolo flexionou os seus joelhos e deu um chute no estômago dele. Ele urrou e virou-se para o lado, dando passagem para Apolo se levantar.
Ele ergueu o seu queixo, seu semblante cheio de repulsa e frieza. Sua mão estendeu-se para frente de seu corpo, seu arco dourado apareceu em um piscar de olhos. Uma flecha dourada pousou na mão de Apolo.
"Volte para os mortos novamente." Ao dizer isso, Apolo posicionou a flecha na corda tecida em ouro. Seu dedo indicador a puxou e soltou, a flecha voou em uma velocidade surpreendente em direção a Ártemis.
Ele desviou-se do trajeto, porém, como um raio, Thorfill apareceu atrás de Ártemis e o segurou no lugar. Com a força sobre seus ombros, ele não conseguiu se mover e a flecha perfurou a sua carne. Ele rugiu, arrancou a flecha de seu ombro e a desferiu em Thorfill.
"Thorfill!" Apolo gritou.
Não haveria tempo para se desviar da ponta, ele apenas curvou ligeiramente o seu corpo para frente, em busca da ponta não atacar o seu peito; onde Thor estava. A flecha cravou na lateral de seu braço.
"Seu desgraçado!" Ártemis ainda segurava o corpo da flecha, ele a puxou para trás. A ponta de pedra saiu da carne de Thorfill, deixando um buraco ali. Ele soltou um grito de dor e tentou se afastar.
Apolo sentiu uma chama aflorar em seu peito, chamas de ódio. Três flechas foram invocadas por ele, prontas para serem lançadas na direção de Ártemis, e para matar sem piedade. Mas um clarão interrompeu as suas ações, a luz cegante explodiu no quarto. Foi como se o tempo tivesse parado e os movimentos de todos ficaram lentos. Os olhos profundamente azuis de Apolo arregalaram-se ao ver uma mulher vestida de branco aparecer junto com o Marechal Hermes.
Os movimentos de Apolo ainda estavam lentos. A mulher o olhou em profundo silêncio, estalou os dedos e o tempo pareceu voltar a existir ali. As três flechas foram lançadas na direção de Ártemis e perfuraram as suas costas. Elas ficaram tão alvejadas que, até mesmo Thorfill, acabou sendo cutucadas pelas pontas delas. Os olhos de Ártemis arregalaram-se, não fazia sentido! Ele estava pronto para matar Thorfill, que raios havia acontecido?!
"Leo." Uma voz feminina retumbou pela câmera, "É hora de ir."
O Marechal Hermes caminhou apressadamente na direção de Apolo e ajoelhou-se, dizendo: "Vossa majestade, peço desculpas pelas minhas ações. Eu menti para Vossa alteza, Leonhardt Sephalla não poderia morrer, não sem o consentimento da Rainha Guilhermina. Eu menti, o libertei como um blefe e fui para o Reino da Nortúmbria explicar os acontecimentos para a rainha. Temia que isso pudesse trazer problemas para a Grécia e o traí. Mereço a morte!"
Apolo realmente sentiu vontade de matá-lo, mas a culpa era apenas dele. Porque ele que se comprometeu com a situação, ele mesmo deveria ter matado Ártemis e deveria ter mandado a aliança dele com a Rainha Guilhermina para o inferno!
Ele perguntou friamente ao olhar para a Rainha Guilhermina: "O que você veio fazer aqui? Levá-lo?"
"Claramente." A Rainha Guilhermina disse em uma posição digna, "Meu filho deve voltar comigo. Ele não causará mais problemas."
O rosto de Apolo avermelhou-se por conta da fúria, "Em seu país, suas regras. Mas estamos em Atenas, Leonhardt Sephalla matou um homem inocente, abusou de uma mulher inocente e, covardemente, matou os meus serventes e paladinos . Em minhas terras, sobre o meu chão, farei as minhas leis e as minhas punições! Eu não ligo para ele matando padres em Gales ou no Reino da Nortúmbria, mas aqui é diferente. Nem você, nem mesmo seu deus ou o meu irá interferir neste julgamento!"
Os olhos da Rainha Guilhermina arregalaram-se. Thorfill olhou para Apolo rapidamente, com o seu coração batendo rapidamente, em estado de ataque cardíaco! O corpo de Leonhardt Sephalla caiu no chão, com um baque abafado pelo chão frio. Seu sangue quente escorreu ao redor de seu corpo, seu peito subindo e descendo em respiradas dificultosas. Thorfill afastou-se, sentindo dor em seu braço. Ele estava sangrando muito e cambaleou, escorando-se em um móvel, ele abriu o seu casaco para verificar se Thor estava bem. A criança pareceu sentir os movimentos bruscos dele e tentou abrir os seus olhos de pálpebras inchadas. A cabecinha dele entendeu-se para cima, erguendo o queixo e abrindo os seus olhos pequenos, profundos e brilhantes olhos azuis, como os de Erne.
Thorfill quase chorou de emoção! Até mesmo esqueceu a situação em que estava.
"Se você salvá-lo, a nossa aliança acaba aqui." Apolo aproximou-se da Rainha Guilhermina em passos lentos, "Se a aliança acabar, encerra-se o ciclo de importação e exportação entre as nossas terras. Isso irá gerar uma quebra em nossas riquezas. Mas diferente de você, meu país tem suporte. Você escolhe."
A Rainha Guilhermina franziu o cenho, "A quebra do meu continente ou a vida do meu filho?"
"O continente europeu não é seu." Apolo cerrou o olhar, "Se o continente quebrar, a esperança do povo em seu deus quebra também. E você sabe o que isso significa?"
Por algum motivo, os deuses tinham muitos segredos, e Apolo conhecia a maioria deles. Se um povo virasse contra o seu deus criador, parasse de ter esperança nele e o odiasse, então seria o fim. Sem apoio e fé, os deuses se tornariam fracos e, consecutivamente, desapareciam para sempre. Sem reversão. Ao longo dos anos, vários deuses desapareceram, já existiam penínsulas e países independentes; sem deuses e sem fé. Isso era um dos maiores segredos dos deuses. Embora ninguém tenha notado o desaparecimento dos deuses, Apolo notou, viajou por anos pelo mundo em busca de: por que haviam deuses que não estavam respondendo o seu povo? Conversando e investigando, ele pôde fazer uma teoria, ele não sabia se isso poderia ser verdade até ver o rosto da Rainha Guilhermina ficar pálido.
"Como você sabe disso?!" Ela gritou ao perguntar, "Como descobriu?!"
Apolo ignorou essa pergunta, e disse: "A escolha é sua."
A Rainha Guilhermina mastigou os seus lábios. Ela fora criada por Deus apenas para que pudesse cuidar do continente europeu. Entre o seu filho e a sua missão, sem pensar duas vezes, ela escolheria a sua missão, pois ela a mantém viva. Seus olhos vagaram por Leonhardt Sephalla, eles marejaram, lágrimas quentes e transparentes rolaram por seu rosto. Apolo se sentiu amargo, quase voltando atrás de sua decisão. Mas ele não podia, realmente e definitivamente não! Cansado de cometer erros, ele invocou o seu arco novamente. As partículas douradas brotaram no ar, se transformando em uma flecha completamente dourada, sem a ponta de pedra dessa vez.
A Rainha Guilhermina rapidamente entrou em alerta, "Você é apenas um mero mortal, como ousa ir contra mim?!"
"Por que você está levando o tom de voz com esse mero mortal?" Apolo perguntou tranquilamente, "Eu estou acabando com a sua paciência?"
A Rainha Guilhermina ficou pasmada com a rebeldia de Apolo. Seus olhos encheram-se de fúria, parecendo que iria morrer de raiva, ela disse: "Vamos fazer um acordo. Eu levo Leonhardt Sephalla…"
Apolo interrompeu, "Há, no mínimo, mil acordos que possamos fazer. E em nenhum Leonhardt Sephalla sai daqui vivo."
A Rainha Guilhermina ficou em silêncio.
"Não há tempo para pensar." Apolo disse friamente ao levantar o seu arco e posicionar a flecha, "Em todos os acordos, eu quero vocês dois mortos."
"Espera!" A Rainha Guilhermina gritou.
Leonhardt Sephalla ofegou no chão, com seus olhos desfocados, a última coisa que ele pôde ver foi uma luz dourada.
Thorfill sentiu um peso no ar, como se aquela flecha pudesse dominar o tempo e o mundo. Seus olhos viram um vulto passar por ele, cabelos loiros e longos. A Rainha Guilhermina vagou como um flash de luz prateado, jogou-se no chão e agarrou o corpo de Leonhardt Sephalla. Ela o abraçou fortemente, tudo isso enquanto a flecha de Apolo cortava o ar. Os dois foram alvejados por uma única flecha poderosa, como se a Rainha Guilhermina não pudesse abandonar o seu filho nem mesmo na morte. Aquela flecha era especial, ela não causava dor, ela era feita com a luz mais pura de uma constelação. Ela explodiu, fazendo o corpo da Rainha Guilhermina e de Leonhardt Sephalla explodirem em trilhões de partículas douradas.
Era uma flecha tão poderosa que foi capaz de abrir uma fenda negra dentro da câmara. O buraco sugou o ar e, consecutivamente, sugou a poeira dourada para algum lugar desconhecido. Thorfill estava perto demais, acabou sendo arrastado para dentro da fenda negra. O vislumbre da galáxia apareceu bem em sua frente, pronto para devorá-lo.
Thorfill rapidamente fechou os seus olhos, pronto para aceitar o seu destino. Ele já se imaginou morando na lua, cuidando de Thor a base de pedras espaciais e pedaços da própria lua; que poderia ter um gosto de queijo de cabra, ele estava torcendo por isso. Imagina ele contando a história para Thor: o tio morava em outro lugar, mas vim parar aqui por causa de um homem chamado Apolo! Ele ficou com tanta raiva que quase cuspiu sangue.
"Seu idiota, abra esses olhos!" O grito de Apolo penetrou em seus ouvidos quase surdos.
Thorfill rapidamente abriu seus olhos, metade de seu corpo já estava dentro da fenda negra. Sua mão era fortemente segurada pela mão fria de Apolo, que estava tentando puxá-lo para fora do buraco.
"Faça um esforço, se não eu irei soltá-lo!" Apolo disse. Seu semblante frio estava diferente desta vez, como se a situação estivesse abalado sua mente. "Pare de me olhar assim!"
Os pés de Apolo arrastaram-se pelo chão, ele rapidamente percebeu que não iria conseguir tirar Thorfill de dentro da fenda e iria acabar sendo sugado também.
O vento agressivo chicoteou o rosto de Thorfill fortemente. Seus ouvidos estavam tampados e ele não escutava nada. Ele gritou, tentando largar a mão de Apolo: "Me larga!"
Caso contrário, seriam duas pessoas e meias engolidas pela fenda; que estava se fechando aos poucos, sua força estava diminuindo também.
"Eu não vou largar!" Apolo gritou friamente. As suas mãos agarraram o antebraço de Thorfill e depois os seus ombros. Envolvendo os seus corpos como um e os impulsionando para trás.
Seus corpos foram lançados no chão, abraçados fortemente, por conta disso, a força da fenda não conseguiu puxar os dois e acabou se fechando, levando apenas a Rainha Guilhermina e Leonhardt Sephalla para se tornarem inexistentes. A bravura de Apolo conseguiu tirar os dois do fundo do poço bem na hora!
Thorfill sentiu um peso no peito. Ele abriu os olhos e encontrou Apolo em cima dele. Franzindo o cenho, seus olhos vagaram ao seu redor; não havia lua nenhuma!
Thor acabou escorregando para a costela dele e o choro estridente dela penetrou profundamente na mente de Thorfill.
"Você quase me matou!" Thorfill disse entre dentes, "Eu quase me tornei o dono da lua!"
Apolo franziu suas sobrancelhas, "É uma pena, falhei em minha missão de me livrar de você."
"Você!" Thorfill mastigou os seus lábios com raiva, "Saia."
Apolo continuou em cima dele, como se quisesse irritá-lo. Ele perguntou: "Por quê? Estou destruindo a sua masculinidade e manchando a sua reputação novamente?"
O Marechal Hermes estava jogado ao lado, tremendo mais que vara verde. Ele levantou-se e saiu gritando pelo palácio: "Leonhardt Sephalla está morto!"
Thorfill demonstrou raiva em seu semblante. Apolo afastou-se e levantou-se como se estivesse criticando a sua própria ação infantil. Thorfill levantou-se e tirou Thor, a olhou e declarou que ela estava bem, muito bem, já nasceu em meio ao caos e luta. Isso significava que ela seria uma boa viking e uma forte guerreira, capaz de bater em muitos homens, como a sua mãe. Falando nela, Tilf estava dormindo, durante todos os combates que aconteceram no palácio, ela passou assim, dormindo tranquilamente. Apolo foi verificar se ela estava viva e Thorfill foi junto. Ele acalmou-se ao vê-la respirando e depois ficou instigado.
"Por que aquela mulher fez aquilo?" Thorfill perguntou confuso, "Ela morreu com ele. Por quê?"
Apolo virou-se para ele e encontrou Thorfill segurando Thor de um jeito estranho, como se ela fosse um filhote de gato precioso. Ele aproximou-se e consertou isso, enquanto respondia: "Eu não sei. Não compreendo suas ações também."
Ela escolheu lançar a sua imortalidade para o inferno, lançou-se na direção de Leonhardt Sephalla e escolheu morrer com ele. Não tinha sentido, quem no mundo faria isso por outra pessoa? Se matar por causa do fim da vida de seu filho. Talvez ela não tenha pensado muito em suas ações e tivesse feito no calor do momento. Talvez ela estivesse com medo de ficar sozinha e solitária. Apolo não conseguia compreender, e ele sentiu que deveria encontrar a resposta para a pergunta de Thorfill.
Thorfill deixou a questão de lado, fitou Apolo e disse: "Isso não trará problemas para você? Ela era a guardiã do continente europeu. Os deuses podem se enfurecer…"
"Que seja." Apolo disse friamente, "Os deuses não podem interferir em minhas ações. Caso contrário, onde estaria o livre arbítrio? Ninguém apareceu para intervir nas ações de Leonhardt Sephalla, nenhum deus apareceu para impedir ele de matar Ravi, diversos padres e abusar daquela mulher. A Rainha Guilhermina era a principal responsável por ocultar as suas ações. Por que os deuses se fizeram de cegos para isso, e agora eles tirarão as vendas sobre os seus olhos para me julgar?"
Thorfill cerrou os lábios, ele ainda estava preocupado com Apolo. Ele lançou-lhe um olhar lânguido e disse: "Eu disse que iria partir assim que Thor nascesse, mas acho que seria melhor…"
A porta da câmara se abriu, isso interrompeu as palavras de Thorfill e Apolo se distraiu ao fintar Bellamy e Feup entrarem no quarto. Os serventes do palácio se aproximaram para verificar se Leonhardt Sephalla havia de fato morrido mesmo, e suspiraram com alívio ao ver que ele não estava ali. Apolo queria saber o que Thorfill iria dizer e virou-se para ele, mas acabou se lembrando que Thorfill estava ferido.
"Câmara fria." Apolo disse sem muito detalhe e saiu andando. No meio do caminho, ele andou por uma trilha de cadáveres. Os paladinos cruelmente mortos por Leonhardt Sephalla.
Bellamy e Feup se aproximaram de Thorfill e perguntaram juntos:
"Cadê o bebê?!"
Thorfill entregou a criança para Bellamy e segurou o seu ombro machucado. Havia um buraco profundo ali, ficaria uma cicatriz feia depois. Embora não estivesse doendo, Thorfill poderia aguentar, e era apenas jogar algumas ervas para curar. Mas no momento, ele saiu e foi para a câmara fria.
"Oh." Bellamy exclamou ao segurar a criança. Ele estava sentado, observando o bebê empacotado em seu colo, dizendo: "É realmente uma menina!"
O bebê tinha alguns fios finos e ralos de cabelo loiro, mas poderiam considerá-la um pouco careca também. Bellamy achou o rosto dela semelhante a um joelho. A pele ainda estava rosa avermelhada, os olhos estavam inchados e ela às vezes tentava abri-los. Realmente, Bellamy confirmou, parecia um joelho. Mas um bem bonitinho e fofo! A sobrinha dele era muito linda! Não mais que ele, claro. O coração pequeno dele se encheu de carinho, ele segurou as mãozinhas macia de Thor e deu beijinhos calorosos, quase chorando de emoção.
"Que coisinha pequena." Feup disse, "Olha o tamanho dessas bochechas… Bellamy! Você bateu nelas?! Estão inchadas!"
"Eu não fiz isso!" Bellamy disse com indignação, "Elas já nasceram assim!"
O olhar de Feup estreitou-se, desconfiado. Ele afagou os cabelos de Bellamy e perguntou: "Você está com ciúmes?"
Bellamy fez beicinho, mas ficou em silêncio. Depois ele disse: "Eu não estou."
Feup sentou ao lado dele, dizendo: "Você está, e tá tudo bem. Ninguém mais vai tratar você como o queridinho mais, te mimando…"
Ele parou de falar quando Bellamy o encarou friamente.
Na câmara fria.
Thorfill sentou-se novamente na cama de pedra e lembrou-se de quando teve aquela sensação de tortura, onde Apolo removia as agulhas de seu corpo. Estranhamente, Thorfill não conseguia sentir raiva ou ódio dele. Ele estava ciente das batidas em seu próprio coração e sabia o porquê, Thorfill não era tão burro. Mas Apolo era complicado demais, fechado demais, impenetrável e indisposto para esse tipo de coisa. Apolo não era uma pessoa para se pensar desta forma, e se houvesse um pensamento assim, você deveria apenas desistir, arrancar o seu coração e extrair o sentimento. Caso contrário, quem iria afundar, seria Thorfill. Afundar em um mar cheio de decepção, tendo suas expectativas quebradas e sentimentos esmagados sob as botas pretas de Apolo.
"No que você está pensando?" A voz de Apolo perguntou habitualmente em um tom frio e sem emoção. Ao limpar o ferimento de Thorfill, suas mãos trabalhavam com delicadeza e suavidade, sem álcool no algodão. Ele disse: "Está preocupado que minhas ações manche o seu nome? Não se preocupe…"
"Não estou preocupado, não com isso." Thorfill o interrompeu, balançou a cabeça e disse: "Estou apenas pensando em um problema meu, um bem difícil de resolver."
Apolo achou isso estranho, "Há algo que o ex-lendário Viking de Reiwa não possa resolver?"
Thorfill forçou um sorriso, "Há."
"O que seria?" Apolo perguntou. Limpou todo o ferimento de Thorfill com cuidado, passou um creme pastoso e enfaixou sem muita força. "Posso ajudá-lo?"
Thorfill estranhou esse jeito de Apolo e empalideceu de medo, Apolo pareceu notar e ficou bravo. Ele apertou a faixa ao redor do ombro de Thorfill com força, causando dor e ardência. Thorfill exclamou um som de dor e encarou Apolo minuciosamente, dizendo: "Você não pode me ajudar, você me mataria."
"Diga logo o que você quer." Apolo disse com impaciência: "E se você tem consciência de que eu irei te matar, então é melhor você tomar cuidado com o que seja esse seu problema."
"Tudo bem, eu vou falar." Thorfill disse, "Preciso de três barris de IRIS. Agora que Thor nasceu, devo partir, mas o Navio Primordial não tem combustível para sair do centro de Atenas."
O que mais ele poderia fazer? Apenas mentir, até que se esquecesse do sentimento.
Apolo franziu o cenho, estranhou o jeito, fala, e posicionamento de Thorfill. Por que ele ficaria nervoso com aquele pedido? Apolo tirou a conclusão de que Thorfill achava ele muito ignorante, como um monstro medíocre, pior que um animal. Ele escondeu a amargura em seu peito e disse: "Pegue todo o combustível que quiser e saia logo de Atenas."
Ele afastou-se com frieza. Thorfill não entendeu essa atitude e apenas focou nas palavras de Apolo. Ele disse: "Devo ir então."
"Que seja." Apolo o encarou friamente, "Você sabe onde é a saída."
Thorfill ficou aborrecido. Levantou-se e perguntou para render assunto entre eles: "O que foi aquilo na câmara de Tilf? O buraco?"
Apolo virou-se para ele, respondendo: "Dependendo da criação, ao morrer, cada povo tem um lugar especial. Você irá para o Valhalla, deleitar-se em um banquete infinito, lutará com os seus deuses e irá se deitar com as valquírias virgens. Leonhardt Sephalla e a Rainha Guilhermina são diferentes, são europeus. O destino deles dois era o inferno, mas lá, a alma deles dois ainda iriam prevalecer, eles ainda iriam existir e iriam dar um jeito de retornar. Com a minha flecha, preferi destruir a alma dos dois e manda-los para o nada."
Thorfill ficou sem palavras, ".........."
Os olhos de Apolo cerraram-se, um gosto amargo predominou em sua boca. Ele disse: "Me ache cruel se quiser, eu não me importo."
"Não é isso." Thorfill disse com firmeza.
Apolo o encarou, querendo perguntar 'então por que diabos você está me olhando assim?', mas ele foi interrompido ao notar que Thorfill estava reprimindo dizer algo. Imaginando que fosse uma crítica por suas ações, Apolo disse rispidamente, já sem paciência: "Você deveria ir embora logo, sua presença está começando a me irritar."
Thorfill mastigou os seus lábios com impaciência, mas afastou-se. Sabendo que Apolo não gostava de agradecimentos, ele virou-se e apenas partiu sem dizer nada.
Comentários
Postar um comentário