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Capítulo 2

     Capítulo 2: A Ilha de Reiwa 

Os Vikings de Reiwa atracaram o enorme navio de madeira e o arrastaram até a orla da praia. A chegada teve um lampejo de ferocidade ao destino, era uma bela cena, com aquele grande navio cortando a areia fina. A píton de madeira na frente insistia em chamar a atenção. Quem pudesse assistir esse navio chegando, se assustaria; Os vikings chegaram para destruir nossa vila, saquear nossos tesouros e levar nossas mulher; é o que muitos pensariam. Embora os Vikings de Reiwa fossem um pouco diferentes, sempre estavam atrás de ouro, comida e álcool. Esqueça as mulheres e crianças, não rendia muito grana vendê-las como escravas e, definitivamente, elas não podiam lidar em trabalhar na Ilha de Reiwa, por conta do trabalho puxado e costumes diferentes. 

Thorfill foi para o convés e encarou a Ilha de Reiwa com um olhar absorto em tristeza.

Era aqui que ele se despedia do mar...

A Ilha de Reiwa era belíssima, e a vegetação era surpreendente. A areia da praia era branca e fina, com conchas e rochas pairando perto do mar, composto por água transparente; dava até mesmo para observar os corais coloridos e peixes nadando no fundo do mar. Odin se gabou, quem era o melhor deus? Ele era o melhor deus! Em um Conselho dos Deuses, ele com certeza se gabaria. Danu, a deusa mãe e Rá ficariam morrendo de inveja! A ilha dele era a mais bonita. Zeus nem tentava discordar mais dele. Pan Ku odiava a sua península e país, então, qualquer outro lugar era mais bonito que o dele. 

As árvores eram tão grandes que poderiam alcançar o céu! 

A vegetação da ilha era tão densa que os olhos de Thorfill não conseguiam encontrar a civilização. Os Vikings de Reiwa habitavam no meio da floresta, pois era onde tinha muitas nascentes de água doce e cachoeiras gigantescas com muitos peixes para o abate. 

Os Vikings de Reiwa pularam do navio com grandes sacos marrons nas costas. Alguns sacos estavam danificados e várias peças de ouro caíram na areia quente. 

Leonard se aproximou de Thorfill lentamente, chamando a atenção do Lendário Viking de Reiwa para si. "Foi uma grande descoberta, mas agora, eu estou ansioso para ver a sua mãe!" 

O Lendário Viking de Reiwa colocou a mão em punho e com velocidade ergueu ela em direção à Leonard, que se desviou, e como um raio, pulou do navio com um chifre de boi nas mãos. 

"Idiota." Thorfill riu. 

"Toca o berrante boi!" Leonard gritou para Thorfill e jogou o chifre de boi para ele, "Avisa para a nossa família que os Vikings de Reiwa chegaram!" 

O Lendário Viking de Reiwa agarrou o chifre de boi com precisão e agilidade surpreendente. Ele colocou o instrumento nos lábios e encheu os pulmões de ar. No mesmo instante, um som abalou o céu. Os Vikings de Reiwa se ajoelharam em respeito e Thorfill soprou o berrante três vezes, querendo se comunicar com o povo da Ilha de Reiwa. 

Ele ergueu uma das pernas estonteantes e a colocou sobre o casco do navio. Sua postura demonstrava força, e os seus ombros largos e peitoral robusto só comprovavam isso. Seu cabelo loiro se agitou com a brisa suave da Ilha de Reiwa. A pele de Thorfill estava bronzeada por ter navegado por tanto tempo sob o sol escaldante e ele parecia ter crescido mais alguns centímetros de altura. 

Mais uma vez, Odin se gabou, dizendo que o seu povo era o mais bonito do mundo. Zeus foi contra, dizendo que os helenos e atenienses eram mais bonitos. Rá ficou em silêncio, beleza não tinha, mas pelo menos seu povo era cheiroso! Pan Ku fez uma careta. Danu era bonita, isso era tudo, seu povo não precisava competir com ela, perderiam. 

O Lendário Viking de Reiwa tinha um porte exuberante. Um homem alto, de corpo atlético e fenomenal. Era o começo do verão e as vestimentas de Thorfill eram finas, e de cores escuras. Essas eram roupas simples, que ele teria que removê-las assim que chegasse em sua toca pessoal, pois o Lendário Viking de Reiwa tinha uma vestimenta oficial que exalava poder. 

A orla da Ilha de Reiwa, em um piscar de olhos, se encheu de crianças. Pareciam formigas saindo de um formigueiro. Eram tantas crianças com espadas nas mãos, que Thorfill sentiu a cabeça doer. 

"Lendário Viking de Reiwa!" As crianças gritaram em uníssono e ergueram as suas espadas feitas de madeira. 

"Eu?" Thorfill deu um sorriso nervoso. 

As crianças começam a balbuciar várias coisas ao mesmo tempo: 

"O que você trouxe para nós?!" 

"Queremos ouro!" 

"Onde está o bell?" 

"Na próxima viagem deixe a gente te acompanhar!" 

"O que vocês encontraram desta vez?" 

Thorfill pegou impulso e jogou o seu corpo para frente, pousando na areia com cuidado. Ele vigorosamente disse para as crianças: "Não fiz muitas paradas pela viagem, sem doce e sem brinquedos desta vez." 

As crianças ficaram decepcionadas e abaixaram as suas cabeças tristemente. 

"Pare de mentir para elas!" A voz de Tilf apareceu chamando a atenção das crianças, "trouxemos muitas coisas para todos vocês." 

"Lendário Viking de Reiwa!" As crianças gritaram indignadas para Thorfill; que deu de ombros. 

Flony e Aske pularam do navio e ficaram do lado de Thorfill, que estava observando os Vikings de Reiwa se encontrarem com as suas famílias; que foram aparecendo aos poucos. 

"Por que a mãe não apareceu ainda?" Aske estreitou o olhar, "Ela sempre vem nos ver." 

Thorfill também estava estranhando isso, "Não teve um único dia em que ela não veio nos receber de viagem…" 

"O que vocês estão dizendo?!" Flony cruzou os braços e franziu os lábios, "A mãe também tem coisa para fazer." 

Thorfill resolveu fugir quando viu vários grupos de vikings vindo em sua direção para prestar homenagens e agradecimentos. Ele pulou para dentro do navio novamente e procurou por Tilf, que estava na cabine do pequeno Bellamy. 

"Como ele está?" Thorfill perguntou, se escorando no batente da porta da cabine e cruzando os braços. 

O olhar de Tilf estava tranquilo, mas a sua voz um pouco rouca. "Ele acordou e conversou um pouco comigo. Bell disse que está com vontade de comer bolo de framboesa com cobertura doce." 

"Pedirei para Villan fazer." Thorfill disse em um tom de voz baixo. 

Tilf se levantou de uma cadeira e se aproximou de Thorfill, apertando levemente os ombros dele e dizendo: "Eu pedirei isso para Villan. Eu sei que você está preocupado com Bellamy também, mas você sendo o Lendário Viking de Reiwa não encontra tempo para ficar com ele. Então… aproveite o tempo que resta." 

A morte era algo que um viking não temia. Às vezes, a morte era até desejada, pois assim, o viking iria para a Sala dos Mortos, também chamado de Valhalla. 

Um palácio cheio de guerreiros escolhidos por Odin. 

Odin era considerado o deus da sabedoria, da magia, da poesia, da guerra e protetor dos mortos em batalha. Os Vikings de Reiwa acreditavam fielmente nele e, que ao morrerem, iriam habitar Valhalla. Esta crença era muito cultivada por eles, mas Thorfill não queria que o seu irmão partisse para a Sala dos Mortos agora. 

… 

Nem mesmo Odin queria que Bellamy partisse para Valhalla, aquele capeta! Odin nunca mais teria paz! Ele saiu correndo em busca de ajuda, dizendo que, definitivamente, Bellamy não poderia morrer. Zeus suspirou, dizendo que iria ajudá-lo com isso. 

Bellamy tinha apenas sete anos, e desde que nascera não teve uma figura paterna ao seu lado, motivo esse dele ser tão apegado aos irmãos. Ele era uma criança agitada, porém sempre ficava doente e acamado. Thorfill e Tilf, por serem os irmãos mais velhos, sempre foram cuidadosos e pacientes com os seus irmãos mais novos. 

Era de extrema angústia pensar em perder um dos irmãos. 

"O Lendário Viking de Reiwa irá conseguir lidar com isso." Tilf disse chamando a atenção de Thorfill. 

O peito de Thorfill se encheu de fúria com essa frase, "O Lendário Viking de Reiwa é tão sem coração ao ponto de lidar levianamente com a morte de alguém? Quando vocês vão entender que eu também sou humano?" 

Tilf suspirou pesadamente, "Tem razão, sinto muito pelo o que eu disse." 

Thorfill rapidamente se arrependeu do que havia dito, "Não, está tudo bem. Eu irei levar Bellamy para meditar nas montanhas, para ver se a condição dele melhora." 

"Levar quem para as montanhas?!" Um grito infantil perguntou bravamente e depois gritou: "Não irei! A bisavó me obriga a comer arroz glutinoso lá!" 

Thorfill franziu os lábios. 

Bellamy ressuscitou e se levantou da cama rapidamente gritando: "Não irei!" 

Thorfill sorriu sabendo que isso iria acontecer, "Oh, você estava acordado?" 

"Como eu poderia estar dormindo com vocês conversando sobre o meu funeral?!" O garoto riu nervosamente, "Após a minha morte, queime o meu corpo e jogue as cinzas na Colina do Imperador, é meu lugar favorito!" 

"Lá não!" Tilf foi contra a ideia rapidamente, "Lá o clima é muito quente! E eu não gosto de clima quente, então seria difícil eu te visitar." 

"Por Odin." Bellamy colocou a mão na testa, "Quem visita cinzas?!" 

O garoto não quis saber a resposta e mudou de assunto, "Estamos em casa, né? Devo proteger a mamãe e impedir Leonard de chegar perto dela! Esse homem quer juntar a família dele com a nossa! Isso é um absurdo!" 

O Lendário Viking de Reiwa suspirou pesadamente em silêncio ao saber que nem mesmo a morte afetava o seu caçula. 

"Vamos." Thorfill disse querendo mudar o rumo da conversa, "Vamos para Sukaipia." 

Sukaipia era o nome da principal cidade da Ilha de Reiwa e era onde o Lendário Viking de Reiwa residia. 

Ao total havia cinco cidades na ilha: Sukaipia, a governante. Báltica, a imperatriz. Linia, a capitã. Sirinia, a patroa. Cheniapia, a chefe. 

Esses nomes eram uma homenagem para as cinco guerreiras de Reiwa. Cinco irmãs que haviam lutado contra colonizadores, que encontraram a Ilha de Reiwa tentando chegar na Noruega. Os colonizadores tentaram escravizar os vikings, estuprar as mulheres e roubar os tesouros da ilha. Foi uma batalha de dias, até aquelas grandes cinco mulheres conseguirem exterminar os colonizadores. As cinco irmãs haviam morrido décadas atrás, mas sua bravura ainda persistia na mente de todos os Vikings de Reiwa e elas eram admiradas por séculos. 

O Lendário Viking de Reiwa deixou o seu amável navio para trás e foi para Sukaipia acompanhado de sua família viking. Ele foi recebido na entrada da cidade por diversas pessoas sorridentes, que o receberam com uma comemoração. A cidade tinha o incrível cheiro de comida e vinho de framboesa.

As pessoas se encontraram com os seus parentes, que estavam viajando com Thorfill e os abraçaram afetivamente. 

"Bell!" As crianças gritaram correndo na direção do menino.

"Você chegou! Vamos caçar calangos!" Uma criança disse empolgada. 

"Ah, não." Bellamy negou levemente com a cabeça, "Estou doente, não posso correr." 

Bellamy olhou disfarçadamente para Thorfill, vendo que o seu irmão estava recebendo uma coroa de flores dos Vikings de Reiwa e não estava prestando atenção nele. Bellamy sussurrou para as crianças: "Vamos caçar uns calangões gigantes!" 

"E comer!" Uma criança gritou. 

"Não, não!" Bellamy fez um sinal de silêncio para a criança, "Askeladd, a gente não come calangos, vamos caçar eles e depois soltar." 

"Para que afligir este sofrimento para os pobres animais?!" Uma garota bateu o pé, demonstrando irritação. "Vamos nadar na cachoeira!" 

"Bom… eu concordo com você Hafinna." Bellamy disse timidamente. 

As crianças andaram lentamente para evitar suspeitas e sumiram junto com Bellamy em um piscar de olhos. 

Os Vikings de Reiwa estavam colocando coroas de flores coloridas em todos que chegaram de viagem. Thorfill recebeu uma coroa de flores vermelhas que se destacavam em seu cabelo volumoso. 

"Pegue vinte barris de vinho!" Uma Viking de Reiwa gritou, "Vocês trouxeram toneladas de ouro! Devemos comemorar!" 

De repente, um avião passou rapidamente pelo céu. Uma chuva de pétalas caiu sob os vikings, sorridentes, eles gritaram com felicidade.

O Lendário Viking de Reiwa foi recebido com um chifre de boi cheio de vinho e ele deu algumas goladas antes de perguntar: "Vocês viram a minha mãe?" 

"Gruti está ocupada." Um Viking de Reiwa bebericou seu vinho, "Ela está com um convidado de fora." 

"Oh, é mesmo!" Uma Viking de Reiwa disse, "Chegou um homem incrivelmente bonito na ilha. Carregando um arco e uma aljava nas costas. Ele usava uma armadura prateada adornada de acessórios brilhantes e botas pretas. Até tentamos saquear ele!"

"Ele está hospedado em uma tenda afastada da cidade." Outra Viking de Reiwa disse, "Aconteceu um acidente com ele recentemente e a sua mãe está com ele." 

O Lendário Viking de Reiwa franziu os lábios e as sobrancelhas. Ele não estava informado que um homem de fora estava em sua ilha. Mas Thorfill teve um vislumbre de concepção e finalmente se lembrou do General Guts! 

"O homem é tão incrivelmente belo que as mulheres da cidade Báltica não aguentaram e foram espiar o marechal tomar banho." A viking continuou a dizer, "Este homem é incrivelmente espetacular, mas se enfureceu com as mulheres o espiando. As mulheres partiram para cima dele… e aconteceu uma briga."

"Claro que ele ficou furioso!" Um Viking de Reiwa exclamou indignado, "As mulheres da cidade Báltica são malucas e feias, até mesmo eu ficaria enfurecido com elas me observando." 

Tilf se aproximou de Thorfill e sussurrou: "Este homem poderia ser o General Guts?" 

O Lendário Viking de Reiwa não afirmou e nem discordou, ele apenas perguntou: "Em que tenda este homem está?" 

Os Vikings de Reiwa estranharam a pergunta, mas uma mulher respondeu rapidamente: "Na tenda antiga de Enon. Era a única moradia sem ninguém e o homem de fora é muito silencioso e quieto, então preferimos isolá-lo por isso e por ser um estrangeiro. No começo queríamos matá-lo, mas a sua mãe não deixou." 

"Não se pode nem mais ser introvertido?!" Aske de repente apareceu, perguntando com indignação em seu tom de voz. 

"Flony, que bom vê-lo!" Alguns Vikings de Reiwa se alegraram com a chegada do companheiro. 

Uma gargalhada estrondosa foi escutada por todos. Ao lado, Feup começou a rir sem pudor segurando a sua barriga. 

"Puta que pariu!" Aske gritou furiosamente, "Pare de rir, seu idiota!" 

"Gritando assim com Feup... este só pode ser o Aske." Um viking sussurrou fazendo todos concordarem. 

O Lendário Viking de Reiwa deu alguns passos chamando a atenção dos vikings, "Lendário, onde você está indo?!" 

Tilf sorriu levemente e respondeu a eles: "Ele irá se encontrar com o homem de fora." 

Thorfill caminhou apressadamente pela cidade Sukaipia acompanhado de Leonard, que apareceu de repente procurando por Gruti; sua mãe. 

"Você!" Thorfill rugiu, "Se afaste." 

Leonard riu levianamente acompanhando Thorfill em sua caminhada, "O que deixou o Lendário Viking de Reiwa tão furioso assim?" 

Thorfill não estava furioso, ele apenas parecia assim por causa de sua caminhada rápida. A tenda de Enon era um pouco isolada, ficava próxima a uma gruta de água azul cristalina e Thorfill estava se apressando em chegar até lá. 

"Não estou furioso." Thorfill disse, "Alguma vez você já me viu furioso?" 

Leonard pensou brevemente antes de responder: "Não." 

O Lendário Viking de Reiwa era alguém relativamente tranquilo, bondoso e de bom humor. O que era estranho, levando ao fato que, como filho mais velho, ele foi muito maltratado por Enon e teve uma infância abusiva, tendo que treinar dia e noite para se tornar forte. Desde que nasceu, Thorfill teve um grande peso em seus ombros. Mas ele se esforçou ao máximo para se tornar o Lendário Viking de Reiwa, fazendo assim, que nenhum de seus irmãos assumissem este insuportável fardo de se tornar o líder da Ilha de Reiwa. Um pequeno viking maltratado, criado em um ambiente hostil e agressivo. No final, as raízes não prevaleceram, ele era alguém bem diferente do que se esperava de um viking. E isso tudo foi possível apenas por causa de uma pessoa. 

Embora fosse muito difícil ser um Lendário Viking de Reiwa…

Por isso, um Lendário Viking de Reiwa deveria se casar cedo. A sua esposa deveria assumir este fardo com o líder, e ambos deveriam governar a ilha juntos. 

Thorfill deveria ter se casado assim que assumisse a ilha, mas ele simplesmente não conseguia encontrar alguém que gostasse e ele não queria apenas escolher alguém por obrigação no calor do momento.

Leonard perguntou de repente, tirando Thorfill de seus pensamentos: "Não acha que esta ilha deveria preparar um noivado?" 

"Para quem?" Thorfill perguntou. 

"Para mim e a sua mãe!" Leonard disse o óbvio. 

Thorfill suspirou pesadamente, tentando recuperar um pouco de paciência. Leonard percebeu isso e disse: "Foi uma brincadeira! O casamento não é para mim!" 

"Então é para quem?" 

"Para o seu irmão!" Leonard disse cruzando os braços, "Aske já está na idade de se casar. Tilf já tem um marido e está grávida de três meses, Flony está com a Marrie. E bom, meu filho é solteiro também… assim como Aske, e os dois se gostam… então?" 

Thorfill interrompeu Leonard: "Isso é algo que os dois devem desistir, não… decidir! E se eles, de fato, quiserem se casar, então eu cuidarei da cerimônia." 

Os Vikings de Reiwa tinham uma cultura cerimonial. 

Era essencial um contrato entre as duas famílias. No caso, a família de Thorfill e a família de Leonard. Segundo a tradição, a cerimônia só poderia ser realizada às sextas-feiras, pois era o dia sagrado da belíssima Deusa do Casamento, Frigga. 

Os casamentos, não só entre os vikings, mas pelo mundo todo, geralmente não são feitos por amor, mas por motivos financeiros, levando em consideração os interesses das famílias ao selecionarem os candidatos ideais para os seus filhos ou irmãos. Em parte, por esse motivo demorava muito para planejar e organizar um casamento. Mas no caso de Flony e Feup, isso não seria necessário. 

Uma parte importantíssima dos preparativos de um casamento era o ritual de limpeza, durante o qual ambos os companheiros se lavavam em uma sala cheia de vapor e depois se sentavam em uma banheira cheia de água, pedras quentes e galhos de bétula. O objetivo era que o suor eliminasse simbolicamente o status de solteiro dos dois. Um mergulho em água fria encerrava o procedimento e a vida de solteiro de um viking. 

E de solteirice, Thorfill entendia! 

Já na cerimônia, os companheiros também tinham um martelo na festa em homenagem a Thor, o Deus da fertilidade e do trovão. Além dos anéis, os casais também trocavam espadas: davam um ao outro as armas de seus ancestrais, simbolizando a unificação de suas famílias e bens materiais.

Os convidados do noivo e da noiva iam para o local da cerimônia separadamente, gerando uma competição entre eles: quem chegasse primeiro venceria, e os perdedores serviam cerveja e carne de cervo aos vencedores a noite toda! Isso era incrível para os preguiçosos, simplesmente adorável. 

Por fim, quando o novo marido chegasse a uma toca ou casa destinada para eles dois, ele bloqueava a porta para que a sua esposa não entrasse sozinha e a ajudava a cruzar a soleira da porta. Ele então cravava a lâmina de sua espada em um dos pilares centrais ou na parede da casa, e quanto mais fundo ele conseguisse, mais bem-sucedido e duradouro seria o seu casamento. Seis ou oito testemunhas vikings acompanhavam os noivos ao leito matrimonial, até que eles praticassem a fornicação. 

Rolava um espetáculo público na consumação do prazer! 

Embora Thorfill nunca tenha interesse em assistir um, acontecia muito na Ilha de Reiwa. 

Era de extrema importância o casamento viking e ele deveria ser preparado com bastante cuidado, motivo esse que Thorfill se negava a se casar com alguém que não gostasse ou acabasse de conhecer. Mas Aske e Feup se conheciam desde crianças e sempre viviam juntos, porém brigando… 

Não era incomum um casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, mas Thorfill ainda estava surpreso, pois ele nunca percebeu que Aske e Feup tinha um relacionamento amoroso. 

"Por que ele nunca me contou?" Thorfill perguntou baixo. 

Leonard deu de ombros, "Eles são jovens ainda, e de certa forma, jovens gostam de fazer as coisas em silêncio." 

"Deixe eles decidirem se querem contar ou não." Thorfill disse, "Não vamos decidir nada por eles, e quando eles quiserem se casar, então iremos preparar a cerimônia." 

"Que droga!" Leonard reagiu furiosamente, "Se eles se casarem logo, então nossas famílias irão se juntar! E eu finalmente irei poder me casar com a sua mãe." 

Thorfill ficou surpreso, "É por isso que você está insistindo tanto nesta história de casamento?!" 

Leonard deu de ombros vergonhosamente, "Sabe, não é fácil Vikings de Reiwa viúvos se casarem novamente." 

O Lendário Viking de Reiwa apressou os seus passos para chegar na tenda de Enon, para fugir de Leonard, que queria se tornar o novo pai dele! 

"Lendário Viking de Reiwa!" Leonard o chamou várias vezes, "Lendário Viking de Reiwa!" 

Os dois estavam próximos da tenda de Enon e os gritos de Leonard puderam ser escutados até pelos defuntos enterrados no cemitério Reiwa. 

A tenda era feita de pele de animal e tinha uma pequena cortina, que se levantou após os gritos de Leonard cessarem, revelando o rosto de uma mulher bonita. Os olhos da mulher brilharam ao encontrar Thorfill e Leonard à distância. 

"Gruti!" Leonard disse encantadoramente com lágrimas nos olhos. 

A mulher na tenda saiu em passos rápidos e se lançou em Leonard, o abraçando fortemente. 

O Lendário Viking de Reiwa ficou confuso e indignado com isso, "Gruti, eu não sou o seu filho?! Por que você está abraçando este homem?" 

Gruti deu um sorriso suave e abraçou Thorfill calorosamente também, "Por que eu tenho filhos tão ciumentos?! Você está tão alto! Eu fiquei apenas alguns meses sem te ver!" 

A mãe de Thorfill era relativamente pequena, porém com uma força surpreendente. Ela não era o tipo de mãe rigorosa e era como uma boa e velha amiga para Trorfill. A mulher foi muito maltratada por Enon e ficou isolada por anos das pessoas, convivendo apenas com os seus filhos em uma casa distante na ilha. Gruti tinha belos fios de cabelos claros e ondulados, com olhos escuros como a noite e pele bronzeada. 

Leonard encarava a mulher com um olhar de paixão e algumas vezes suspirando de felicidade. 
 
O Lendário Viking de Reiwa quase cuspiu sangue e interrompeu o casal de pombos apaixonados: "Gruti, quem está na tenda?" 

Gruti teve um choque de realidade e segurou as mãos de Thorfill: "Um homem de fora! Eu nunca vi um homem de fora! Ele é tão encantador, e eu me prestei em cuidar dele, pois as mulheres da cidade Báltica o atacaram!" 

Leonard cerrou o olhar e cruzou os braços, "Um homem de fora que tem a pele clara como jade, um semblante frio, olhos azuis escuro e cabelos negros?" 

"Ele é assim!" Gruti respondeu e suspirou: "Ele é muito bonito… parece um deus ateniense!" 

"A Ilha de Reiwa foi abençoada com a incrível presença do General Guts!" Leonard disse, "Eu tive o vislumbre de vê-lo em Atenas. Ele realmente é um deus! Oh Gruti, se eu não fosse perdidamente apaixonado por você, com certeza… Lendário Viking de Reiwa, onde você está indo?" 

Thorfill estava caminhando em direção à tenda. Ele levantou a cortina e entrou dentro da pequena e abafada tenda, encontrando um homem sentado em um tapete de pele de boi com o peito desnudo. 

O coração de Thorfill bateu violentamente. Ele inconscientemente exclamou no calor do momento: "É você…!" 

O homem tinha uma pele pálida e de aparência macia. Ele estava enfaixando o abdômen definido, que estava com cortes de lâminas grossas e sangue coagulado. Ele notou a presença do Lendário Viking de Reiwa rapidamente e o encarou friamente. 

Seus olhos eram encantadoramente azuis escuros com cílios um pouco volumosos, suas sobrancelhas grossas e de formato perfeitamente arqueado. Seu rosto era oval de mandíbula definida. Seu nariz de dorso reto com a pontinha curvada para cima e os lábios eram um pouco volumosos. 

O Lendário Viking de Reiwa por um momento não soube o que dizer, já que ele era mortalmente fuzilado pelo homem que tinha um olhar de felino irritado. 

Como se fosse um gatinho ranzinza e mal-humorado. 

O homem quebrou o silêncio ao perguntar friamente: "Você é o Lendário Viking de Reiwa?" 

Aquele homem perguntou no idioma de Thorfill, o nórtico era bastante áspero em seu tom de voz. Estranhamente, Thorfill pareceu não ter ficado surpreso com isso. 

Thorfill se recompôs e respondeu em um tom frio: "Sou, e você é o General Guts?" 

Na verdade, Thorfill não costumava falar friamente com ninguém, ele só estava falando assim para rebater o tom de voz do provável General Guts. 

Thorfill quase cuspiu sangue! 

O homem afirmou levemente com a cabeça e ignorou completamente Thorfill nos momentos seguintes. O General Guts terminou de tratar o seu ferimento no abdômen e enfaixou com várias camadas de faixas limpas. Ele se levantou lentamente, sua estrutura era incrivelmente poderosa, mesmo ele estando machucado! 

Ele não era tão alto quanto Thorfill imaginou. O General Guts agarrou uma blusa qualquer dentro da tenda e disse se vestindo: "O seu povo é bem treinado. As suas mulheres conseguiram me ferir." 

"As mulheres da cidade Báltica fizeram isso em seu abdômen?" Thorfill perguntou um pouco surpreso. 

O General Guts o encarou friamente, "Elas são bem treinadas, mas onde está a educação delas? Expiar alguém tomando banho não é algo considerado descortês aqui nesta ilha cheia de bárbaros?" 

O Lendário Viking de Reiwa não soube o que responder por um tempo, e ele agradeceu por Leonard ter entrado na tenda acompanhado de Gruti logo em seguida! 

Leonard fez um som de surpresa, "Oh! Ele é mais bonito do que eu pensei!" 

Gruti se apressou em explicar a situação: "O General Guts chegou na ilha não faz muito tempo, ele foi bem mal recebido pelos vikings e foi atacado pelas mulheres da cidade Báltica ao tentar se livrar do assédio delas. Ele ficou ferido e eu o escondi na tenda isolada de Enon para não sofrer mais nenhuma tentativa de ataque." 

O Lendário Viking de Reiwa ergueu as sobrancelhas e encarou o General Guts desconfiado. 

Um general de guerra receber um ferimento deveria ser algo surpreendente. Embora a suspeita tenha caído rapidamente, pois Thorfill estava com a mente vaga no momento. 

O General Guts cerrou o olhar e suavizou o seu tom de voz ao dizer: "Lutar pelado foi algo extremamente desconfortável, motivo esse que não me deixou me concentrar em lutar, e além do mais eu não queria machucar o seu povo." 

Thorfill achou essa explicação aceitável e abaixou a sua guarda, mas ele ainda perguntou para o General Guts, querendo confirmar algo: "Como você encontrou esta ilha? Eu expliquei para o seu pai que eu iria buscá-lo." 

O General Guts não fez nenhum movimento, ele apenas respondia as perguntas sem demonstrar qualquer reação. "Algum tempo atrás, quando Enon sofreu um naufrágio, eu fui o homem responsável por trazê-lo de volta para casa. Motivo esse, me levou a saber a localização da Ilha de Reiwa. E além do mais, César Oitavo de Atenas e eu não estamos trocando informações por conta de uma briga pessoal e a última informação que eu recebi foi que o Lendário Viking de Reiwa havia aceitado me treinar, e então aqui estou." 

A mente de Thorfill gritou um grande: bingo! 

O Lendário Vikings de Reiwa percebeu que o General Guts se referia ao César Oitavo com respeito, não usando o título de pai. Supostamente, os dois poderiam não ser muito próximos. 

"General Guts, o seu ferimento está infeccionado." Gruti disse se virando para o mesmo, "Você deveria ficar de repouso." 

O olhar do General Guts era tão frio quanto gelo, mas deu uma leve suavizada ao olhar para Gruti. Ele disse com respeito: "Meu ferimento é uma abertura profunda, porém cobrir o local com gaze ou pano limpo é o suficiente. Na presença de sangramento, fazer compressão sobre o curativo vai ser necessário. Senhora, eu posso lidar com isso." 

"Oh, querido." Gruti franziu as suas sobrancelhas, como se pressentisse que o General Guts iria sentir dor com isso.  

"Lendário Viking de Reiwa." Leonard chamou por Thorfill, "Podemos conversar lá fora?" 

Thorfill assentiu levemente com a cabeça e saiu da tenda sendo acompanhado por Leonard. 

"As mulheres da cidade Báltica não são tão agressivas e fortes, como elas poderiam machucar um general de guerra?" Leonard sussurrou para Thorfill, "Além do mais, Enon está morto. Não sabemos se foi realmente o General Guts que o trouxe para a ilha. Não podemos comprovar. Isso não é estranho?" 

"Foi ele." Thorfill disse, "Foi o General Guts que trouxe Enon para a ilha depois do naufrágio." 

"Ah, sim." Leonard franziu os lábios e depois analisou as palavras de Thorfill, "Como você sabe?!" 

Thorfill ignorou a pergunta de Leonard e divagou: "César Oitavo provavelmente quer algo enfiando o seu filho aqui." 

"O que poderia ser?" Leonard perguntou, "Nesta ilha só tem uma grande abundância de suplementos que já vendemos para os países de fora. O ouro e prata que trocamos por comida e instrumentos de construção. Se ele quiser algo, é só pedir e a gente negocia."  

Algo inegociável… Thorfill riu sozinho no momento seguinte. 

Ele não teve tempo de pensar muito quando viu vários Vikings de Reiwa correndo na direção dele desesperadamente.

"Lendário Viking de Reiwa!" 

Os vikings gritaram: "Salve o Bell!" 

Do grupo de Viking de Reiwa que estavam correndo, Feup estava na frente e em seus braços estava o corpo de uma criança pequena. Feup gritou com todas as suas forças: "Thorfill! Ele não consegue respirar!" 

Os olhos de Thorfill se arregalaram e, sem pensar duas vezes, ele correu na direção de Feup, que estava absurdamente ofegante pela correria. O Lendário Viking de Reiwa agarrou o rosto de Bellamy com força. 

O peito do garoto subia e descia agressivamente buscando por ar e ele tentou dizer: "Não… não consigo res-respirar." 

"Eu estou percebendo mesmo!" Thorfill disse nervosamente. 

Gruti saiu correndo da tenda e correu na direção de Bellamy, ela perguntou desesperadamente: "O que aconteceu?!" 

Uma criança se aproximou timidamente da mulher e disse: "Estávamos nadando, Bellamy disse que não queria entrar na água. Mas Hafinna começou a se afogar e Bellamy pulou na água para salvá-la." 

A roupa de Bellamy estava encharcada e seu cabelo molhado. Seus lábios estavam pálidos. E ele desesperadamente buscava por ar, até os seus olhos começarem a perder o foco.  

"Lendário Viking de Reiwa!" Um viking gritou, "Estamos perdendo ele!" 

Thorfill estava em silêncio e suas mãos tremiam constantemente. 

Ele não era um feiticeiro médico! 

"Há algo que impede a passagem de ar para os pulmões e, consequentemente, o oxigênio não chega aos órgãos vitais dele, o que pode levá-lo à morte." Alguém disse levianamente. 

Thorfill se virou para trás, encontrando o General Guts. O homem tinha uma postura inabalável e disse: "Tente acalmá-lo, Lendário Viking de Reiwa. Ajude-o a sentar-se numa posição confortável e tente chamar a atenção dele." 

O Lendário Viking de Reiwa seguiu as instruções do General Guts rapidamente e colocou Bellamy no chão dizendo: "Bell, a tia Villan está fazendo bolo de framboesa com calda doce. Se acalme para poder comê-lo. Se você morrer, não vai comer porcaria nenhuma!" 

Era claramente uma ameaça. 

O rosto de Bellamy ficou azul e roxo, assim como os seus lábios. Ele tentou dizer: "Ma-Mas eu não… quero me acalmar." 

"Muito bem." O General Guts se ajoelhou perto do Lendário Viking de Reiwa, "Incline ele ligeiramente para a frente, massageando em cima do diafragma, se possível, para facilitar a respiração dele. Não faça movimentos bruscos." 

O General Guts mexeu no bolso de sua calça e tirou várias
agulhas afiadas, Gruti perguntou rapidamente: "O que você vai fazer?" 

"A acupuntura é uma terapia que estimula o próprio organismo a melhorar o seu funcionamento e o leva ao equilíbrio através da aplicação de agulhas em pontos específicos no corpo. Estas agulhas servem para fazer a acupuntura e não irá machucá-lo. Tire a roupa dele." O General Guts disse em um tom de voz frio. 

Os Vikings de Reiwa sabiam da presença do General Guts e, em suas concepções, esse homem era arrogante e fraco. Vê-lo dando ordens para o Lendário Viking de Reiwa enfureceram eles. 

"Maldito estrangeiro…" Um viking cuspiu mal-humorado. 

"O que você pensa em fazer?" Um Viking de Reiwa perguntou indignado, "Você é algum mago ou algo do tipo?!" 

O General Guts levantou o seu queixo e o seu semblante estava sério ao encarar aquele viking. Ele disse: "Eu sou médico." 

Thorfill ignorou completamente isso e rasgou a blusa fina de Bellamy. O peito do garoto subia e descia descontrolavelmente em busca de ar. Ele tentou chamar a atenção do quase visitante de Valhalla: "Bell, não visite Valhalla ainda. A filha de Tilf logo irá nascer e você prometeu ensinar muitas coisas para ela, não é?" 

"Continue chamando a atenção dele." O General Guts aconselhou e se aproximou de Thorfill para poder aplicar aquelas agulhas afiadas no diafragma de Bellamy. 

"E-Eu vou ensinar!" Bellamy sussurrou perdendo as forças, "É uma menina, eu sinto." 

"Ele está morrendo?!" Gruti perguntou desesperada, "O que essas agulhas estão fazendo?!"

"Acupuntura é indolor." O General Guts respondeu sem desviar a sua atenção em afundar diversas agulhas na carne de Bellamy. Ele parecia impenetrável de qualquer emoção e disse em um tom neutro: "Estou liberando substâncias que alteram o sistema nervoso dele e isso está promovendo o equilíbrio para todo o corpo do garoto." 

A boca de Thorfill secou-se por conta do susto, mas ele percebeu que a temperatura do corpo de Bellamy estava retornando. Os olhos de Bellamy foram se fechando aos poucos e ele deu um simples suspiro, adormecendo logo em seguida.

"O que aconteceu?" Feup perguntou se ajoelhando para sentir a respiração de Bellamy, "Morreu? Tá morto?" 

Os Vikings de Reiwa ficaram apreensivos e fizeram um tumulto desesperado ao gritarem: 

"Ele morreu!" 

NÃO! 

"Que Odin o receba…" 

NÃO?

"Hoje Valhalla ganhou uma nova alma."

NÃO! 

Os deuses eram onipresentes, poderiam saber tudo o que sua criação estava fazendo. Odin gritou várias vezes ao assistir Bellamy morrer, aquele menino era uma praga, imagina ele em Valhalla? Não existiria mais paz! Zeus o acalmou, dizendo que sua criação não era apenas bonita, mas também era um ótimo médico. Odin voltou a prestar atenção na vida do Lendário Viking de Reiwa. 

O General Guts se levantou, batendo levemente em suas roupas para espantar uma poeira inexistente de sua túnica preta perfeitamente limpa. Ele disse com uma voz fria: "Ele está apenas dormindo." 

Gruti desabou no chão e franziu os lábios, tentando reprimir a vontade de chorar. "Obrigada!" 

O General Guts apenas negou levemente com a cabeça, "É um absurdo um médico assistir alguém morrendo." 

Thorfill escutou isso e seu nariz se franziu. Ele era um feiticeiro médico? 

Ele resolveu ignorar isso e pegou Bellamy em seus braços, "Irei levar ele para casa. General Guts me acompanhe, por favor." 

O General Guts foi sem questionar e seguiu atrás do Lendário Viking de Reiwa em passos leves. 

Leonard e Gruti os acompanharam e rapidamente chegaram na casa de Thorfill; que ficava dentro de uma colina gramada.

As casas da cidade Sukaipia eram todas assim.

Thorfill colocou Bellamy deitado em um sofá confortável e deixou Gruti e Leonard para trás para cuidarem do garoto. Ele caminhou por sua casa até chegar em sua sala pessoal cheia de livros jogados no chão. Uma sala completamente revirada e desorganizada. Subitamente, o semblante do General Guts se contorceu. 

Podia-se dizer que Thorfill era alguém muito desorganizado! 

O General Guts reparou na bagunça da sala, mas ficou em silêncio e parado como uma estátua. Mas o seu semblante não escondia o desgosto daquilo, se ele tivesse intimidade com o Lendário Viking de Reiwa, com certeza teria dado uma bronca nele! 

Thorfill estava com uma dor de cabeça insuportável, mas ele fingiu estar bem e disse para o General Guts: "Obrigado por isso." 

"Não preciso de seus agradecimentos." O General Guts respondeu levianamente. 

Como uma pessoa que come tanto mel poderia ser tão amarga? 

Thorfill ficou um pouco surpreso, mas não insistiu no assunto e disse: "César Oitavo de Atenas me pediu para treinar você… de certa forma, peço para que você tenha paciência comigo, pois eu nunca treinei ninguém antes." 

O único treinamento que Thorfill teve foi surpreendentemente abusivo. O pai dele não o deixava dormir e ele tinha que treinar até desmaiar. Trorfill treinou com espadas, sabres, machados, arco e flechas, lanças, com canhões e várias milhares de armas, até perceber que gostava de lutar com machadinhas e espadas. De certa forma, ele adquiriu apenas a experiência de um treinamento abusivo, onde Enon fazia Thorfill criar resistência contra a dor, fome, e frio. Thorfill nos olhos de Enon era uma máquina de matar e não uma criança de sete anos. 

Além de apenas ser uma criança, era o seu filho. 

Ele temia ser igual o seu pai no quesito de treinamento… 

O General Guts não teve nenhuma reação e apenas respondeu levianamente: "O Lendário Viking de Reiwa não precisa se preocupar com isso." 

Os dois não tinham mais nada para conversar, então Thorfill apenas disse: "Te encontro amanhã então, para começarmos o treinamento." 

Houve um silêncio avassalador entre eles dois. 

"Posso ficar na tenda?" O General Guts perguntou de repente. 

"Aquele tenda é velha…" Thorfill respondeu, "Você não prefere uma casa normal próxima a civilização?" 

Embora morar dentro de uma colina não fosse tão normal. 

"Prefiro ficar isolado." O General Guts respondeu simplesmente e mudou de assunto, "Seu filho tem uma condição delicada. Guardei a localização da sua casa, amanhã venho vê-lo para analisar mais a situação dele." 

O Lendário Viking de Reiwa apenas concordou e deixou o incrivelmente estranho General Guts partir. 

Quando Thorfill retornou para a sala, ele encontrou o ambiente infestado de gente. 

"Eae." Flony cumprimentou. 

Ele estava com a sua companheira Marrie ao lado, que foi educada com Thorfill: "Lendário Viking De Reiwa." 

Thorfill acenou para a bela mulher e sorriu educadamente. Gruti e Leonard estavam sentados em um tapete de pele de boi e Aske e Feup estavam acendendo lamparinas com IRIS para iluminar a sala. Tilf estava sentada ao lado do adormecido Bellamy, enquanto esfregava a sua pequena barriga, um pouco inchada, com o seu companheiro, Erne, ao lado. 

"Então…" Thorfill sentou-se ao lado de Erne e perguntou: "Deveríamos chamar Villan para fazer bolo de framboesa?" 

Tilf riu levemente, "E é só isso que você quer dela?" 

Thorfill não entendeu quando todas as pessoas na sala olharam sorrindo para ele, "O que vocês estão imaginando?" 

"Vamos ter que fazer três casamento!" Leonard disse alegremente, "O meu com Gruti, O do Feup com Aske…" 

Ele não terminou de dizer quando Aske tentou jogar uma lamparina nele, "Cale a boca, velho."

Feup de imediato começou a rir e depois impediu Aske de matar o seu pai, "Não mate o seu sogro." 

"Por que três?" Thorfill perguntou. 

"Oh, céus!" Gruti balançou a cabeça em negação. 

"Acho que o bebê chutou!" Tilf deu um pulo com a mão na barriga. 

Erne estava distraído e ao escutar isso caiu do sofá, se levantando logo em seguida e colando o ouvido na barriga de Tilf. "Não escuto nada!" 

"Você fez barulho!" Tilf rugiu nervosamente, "Ele se assustou." 

"Por que todo mundo declarou que é um menino?" Thorfill perguntou cruzando os braços, "Ela nem ao menos nasceu." 

"Só você acha que será uma garota!" Tilf também cruzou os braços, "Será um menino." 

"Concordo com ela." Gruti disse. 

"Eu também." Leonard disse. 

"Eu só tô dizendo que será um menino porque todo mundo diz que será um menino." Flony deu de ombros. 

"Não irei dizer nada." Marrie disse já dizendo. 

"Não ligo para o que seja." Aske cruzou os braços desinteressado, "Já estou vendo que eu serei obrigado a trocar as fraldas da criança." 

"Tanto faz." Feup deu de ombros, "Menina, menino, tanto faz." 

"Ainda acho que será uma menina." Thorfill estreitou o olhar. 

"SERÁ UMA MENINA!" Um grito de criança perfurou os ouvidos de Thorfill.

Bellamy ressuscitou gritando e afirmando: "Eu sonhei em meio ao meu leito de morte!" 

Depois disso, todos tiraram a conclusão que o bebê seria uma menina. 




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