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Capítulo 20

Este capítulo aborda conteúdo sexual homoafetivo e pederastia! Leia com consciência. 

    Capítulo 20: No templo há um maluco, mestre de um iceberg

O templo de Eros e Psiquê ficava em um monte altíssimo. No topo, havia um pequeno e delicado templo velho, erguido por colunas de jônico brancas. A estrutura ainda permanecia reluzente com o passar do tempo e os casais iriam visitá-lo em busca de prosperidade e privacidade para praticar atos carnais. 

Mas havia uma coisa oculta neste templo, apenas César Oitavo e Apolo tinham o conhecimento. No templo romântico, havia um oráculo. O dono do oráculo era um sacerdote imortal e músico. Através do canto, ele poderia conversar com o oráculo e, através dele, conseguir respostas para o mundo. O sacerdote era o mestre de Apolo, e alguém… muito incoerente e maluco. Apolo estava em seu quarto, se preparando mentalmente para visitá-lo em busca de respostas. 

Onde estava César Oitavo de Atenas? 

Onde estava Atlântida, o continente perdido? 

Por que ele estava com um péssimo pressentimento ultimamente? 

Como buscar por seu pai? 

Por que ele estava se sentindo tão ansioso? 

Eram muitas perguntas, e apenas o oráculo poderia ter as respostas. 

Apolo parou de dedilhar as cordas tecidas com ouro da lira dourada. As pontas de seus dedos macios estavam avermelhadas e as suas unhas estavam doloridas. Ele deixou Xiao Caoya de lado e levantou-se, removendo um manto branco de seus ombros estreitos. Nos últimos dias, ele apenas ficou em sua câmara e permaneceu tocando lira em silêncio. Distraidamente, pensando em muitas coisas. 

Os seus ferimentos que, ele adquiriu lutando com Ártemis, estavam quase cicatrizados. 

A morte de Ravi o havia deixado bastante descoordenado e, consecutivamente, Ártemis o havia deixado frustrado, com um sentimento de culpa e fracasso. Ele se deixou transparecer como uma pessoa fraca diante Thorfill, quando estava bêbado. O rumo das coisas estavam indo para um caminho absurdamente irreversível! 

Ele precisava encontrar César Oitavo o mais rápido possível e fugir de Atenas. 

Fugir para algum lugar muito distante, vazio e frio. 

Como ele. 

A câmara de Apolo estava com um cheiro de osmanthus, estava tudo organizado e limpo. Ele olhou através da janela e percebeu que o céu estava limpo; sem qualquer indício de chuva. Ele arrumou-se para partir para o templo de Eros e Psiquê. Apolo removeu a sua toga de soberano e a sua coroa de louro dourado. Vestiu-se com uma túnica branca, uma roupa muito habitual, e colocou botas pretas de cano alto. Por um momento, ele voltou a ser o indiferente General Guts. 

Ele caminhou até a porta, mas lembrou-se que, deste modo, iria chamar a atenção dos serventes e dos paladinos. Apolo virou-se para pular a janela, e no mesmo instante, uma batida soou na porta. Apolo praguejou e suspirou pesadamente ao voltar com a sua decisão e ele foi abrir a porta. 

Suas sobrancelhas grossas arquearam-se automaticamente ao ver Thorfill. Apolo engoliu em seco ao encarar o semblante bonito dele, embora tivesse um pouco de resquício de nervosismo. Thorfill também engoliu em seco diante o silêncio de Apolo e disse: "Hum… há algo que eu preciso dizer para você." 

Apolo assemelhou isso a cena de um filho contando para o pai que iria casar. Ele pareceu não gostar de imaginar isso e simplesmente se afastou da porta, dando passagem para Thorfill. 

"O que você quer?" Apolo sentou-se e perguntou sem muita emoção. Finalmente, ele olhou atentamente Thorfill e percebeu que ele carregava uma bandeja nas mãos. Os olhos azuis fitaram os bolinhos de mel e Apolo lembrou-se do dia que comeu bolinhos doces. Ele não sabia quem havia os deixado ao lado da cama no dia que Ártemis apareceu, mas agora, ele tinha uma ideia. 

Apolo ignorou isso e disse languidamente: "Você veio apenas para saber se eu irei continuar tratando a sua irmã? Eu irei, não precisa se preocupar. A questão de Bellamy também, eu irei cumprir tudo o que eu disse. Se for apenas isso, então não há mais nada para…" 

Conversamos… você pode ir embora agora. Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que falar com você. 

Por algum motivo, Apolo não conseguiu finalizar as suas palavras e parou de falar abruptamente, dando um suspiro no final. Thorfill, que havia sido mal incompreendido, disse: "Eu não vim para saber disso, embora, era sobre isso que eu queria vir conversar. Nós iríamos embora… assim, você ficaria mais à vontade e sem tanta pressão sobre você." 

Apolo desviou o olhar, e pareceu mastigar os seus lábios com raiva. Thorfill sentiu que o clima não estava bom e tentou escapar, dizendo: "Não morda tanto os seus lábios, as pessoas vão pensar que eu fiz coisas cabulosas com você." 

"Você já está fazendo." Apolo disse focando a sua atenção em Thorfill, "Usar minhas palavras contra mim é algo cabuloso." 

Thorfill deu um sorriso suave e curto. Estendeu a bandeja para o alto e disse espontaneamente: "Não são tão bons quanto os seus. Mas os meus bolinhos de mel são mais recheados com mel e isso faz deles os melhores." 

"Quanta admiração e amor próprio por coisas produzidas por você mesmo." Os olhos de Apolo rolaram. Ele estendeu a sua mão e pegou um bolinho de mel para comer. De fato, estava bastante recheado e, tentando esconder o seu contentamento, Apolo disse sinceramente: "Parabéns." 

Thorfill levou aquele ''parabéns'' como uma sátira por parte de Apolo e, inconformado, abaixou o seu rosto. Mas depois, Thorfill percebeu que, por conta do semblante de Apolo, aquele "parabéns" era sincero. Ele desviou o olhar, sentindo as suas bochechas esquentarem, e disse ao limpar a garganta: "Há mais uma coisa." 

"De comer?" Apolo perguntou rapidamente. 

Havia apenas cinco bolinhos de mel, isso definitivamente não era o suficiente e Apolo logo sentiria fome novamente. 

"Não?" Thorfill franziu as suas sobrancelhas, se perguntando: ele é tão esfomeado assim? 

Ele cogitou a possibilidade e declarou que: sim, ele era. 

Thorfill se recompôs rapidamente e disse entre pausas, por causa da vergonha: "Demerí… ela me entregou alguns bilhetes. Não sei o que significa anfiteatro, mas deve ser algo legal, eu acho. Eu…" 

O semblante de Apolo se fechou e ele até mesmo parou de comer para prestar atenção em Thorfill. Com impaciência, ele pediu: "Diga mais claramente. O que você quer?" 

"Ir." Thorfill disse, se arrependendo amargamente logo em seguida. Ele já estava no meio do caminho, não poderia voltar. Ele falou baixo: "Ir para o anfiteatro." 

Diante disso, Apolo se levantou. Ele disse: "É só ir então, é no centro de Atenas, fácil de encontrar. Embora… isso seja perigoso. Você é um estrangeiro, talvez nem possa entrar." 

Para disfarçar o seu constrangimento, Thorfill virou-se para o lado e pegou um livro aberto sobre uma mesa próxima, dizendo: "É só você ir comigo, assim, eu poderei entrar sem problemas, já que o rei estará ao meu lado." 

Apolo franziu o cenho ao ver Thorfill pegar o livro e, no momento seguinte, o pousar novamente na mesa, como se estivesse distraído ou nervoso. Ele ignorou isso e perguntou: "Você quer tanto ir nisso?" 

Thorfill virou-se rapidamente, concentrou o seu olhar nos olhos azuis escuros de Apolo e respondeu: "Eu quero."  

Apolo não disse nada, apenas ficou em silêncio, encarando Thorfill. Parecia realmente que ele queria ir… Apolo engoliu em seco, e suspirou pesadamente ao dizer: "Que dia será o espetáculo? O Marechal Hermes pode levá-lo…" 

Thorfill rapidamente o interrompeu: "Hoje, o espetáculo é hoje." 

As mãos de Apolo se fecharam em punhos. 

O Marechal Hermes estava em uma expedição hoje. Ele foi conversar com a Rainha Guilhermina sobre a questão de Leonhardt Sephalla! 

"E ele está começando agora." Thorfill disse, na verdade, sem saber se sua informação era verdadeira. Ele, definitivamente, não queria ir com o Marechal Hermes assistir o espetáculo no anfiteatro. Ele apressou: "O que poderia acontecer se chegarmos atrasados? Poderíamos perder o ingresso de Demerí?" 

"Chegarmos?" Apolo perguntou confusamente. 

Thorfill estava… o incluindo? 

"Deveríamos sair agora." Thorfill disse, já andando até a porta. Ele não notou os passos de Apolo e, infelizmente, aceitou que ele não o acompanharia até o anfiteatro. Thorfill saiu da câmara e foi embora. 

Ele era assim, nada poderia mudá-lo. 

Apolo ficou por um tempo em silêncio, embora tenha notado que Thorfill já havia atravessado a porta, ele disse baixo: "Pela janela. Eu quero sair pela janela." 

Ao achar que Thorfill não iria escutar, ele se enganou. 

Thorfill deu alguns passos para trás e retornou para a câmara de Apolo, dizendo com animação em seu seu tom de voz jovial: "Pela janela então." 

Apolo franziu os lábios, se perguntando como uma pessoa poderia ter uma audição tão boa. Sem ter como ir contra as suas próprias palavras, ele ficou em silêncio e pulou a janela com a ajuda de Thorfill. Os dois caminharam até o anfiteatro com o silêncio dominando eles. O centro de Atenas, particularmente, estava vazio. Os passos deles estavam lentos, como a brisa que chicoteava os seus belos rostos. Thorfill não pensou muito na situação do horário do espetáculo, e rezando para Odin, pediu para que ele estivesse ocorrendo agora! 

"Sobre o que é o espetáculo?" Apolo perguntou tranquilamente ao caminho ao lado de Thorfill. Se ele fosse um pouco mais alto, seus ombros poderiam tocar nos ombros de Thorfill por conta da aproximação dos dois. 

Thorfill deu um sorriso nervoso e respondeu: "Eu…" 

Thorfill parou de falar abruptamente, ele iria falar a verdade: que não sabia. Mas os seus braços estavam ao lado de sua cintura estreita, ao andar, uma de suas mãos acabou tocando sem querer a mão de Apolo. Thorfill sentiu um toque macio e quente. Parando de falar abruptamente. 

Apolo disse: "Normalmente, está escrito no bilhete o tema do espetáculo." 

Thorfill rapidamente se apalpou, procurando pelos bilhetes. Ele os pescou e analisou. Thorfill disse ao ler o tema: "O indomável'." 

Apolo ficou em silêncio, "................." 

Que diabos de espetáculo era esse? 

Um grande edifício circular estava lotado de homens; no local não havia mulheres ou crianças, pois os homens atenienses não permitiam a entrada por achar que ali não era lugar de mulher e, quanto às crianças… elas definitivamente não deveriam assistir os espetáculos que aconteciam ali. 

No interior do gigantesco anfiteatro, dispunha de degraus de pedras como assentos, em torno de uma arena onde eram realizados os espetáculos públicos, combates de atenienses ou feras, representações dramáticas, aulas, palestras e jogos.

Thorfill olhou ao seu redor, ao ar livre e entregou os bilhetes para um homem que estava no portão do anfiteatro. O homem pegou os bilhetes sem qualquer emoção, achando o seu emprego uma porcaria, mas ao olhar Thorfill, ele devolveu os bilhetes. 

"Metecos não entram!" O homem disse, "Saia rapidamente, antes que os oficiais o vejam."

Apolo estava afastado do portão, de braços cruzados e encostado em um esculta. Ele escutou as palavras do homem e suspirou pesadamente. Apolo caminho até o portão, e antes que Thorfill pudesse ficar triste, Apolo disse: "Ele vai entrar comigo." 

O homem ao ver o rei de Atenas ficou um pouco surpreso. Ele engoliu em seco, e Apolo não queria esperar ele ganhar racionalidade. Apolo agarrou o pulso de Thorfill e o arrastou para dentro do anfiteatro com impaciência. Os dois sentaram nos assentos mais afastados do palco e permaneceram em silêncio. 

O sol estava se pondo. Os raios solares banhavam as cortinas vermelhas sobre o palco e as pessoas vidraram os seus olhos nelas, esperando pelo espetáculo. Até mesmo os deuses saíram de suas tocas e, estando deitados sobre nuvens, estavam esperando o espetáculo começar. 

Thorfill ficou um pouco ansioso e sussurrou para Apolo: "Quando começa?" 

"Logo." Apolo respondeu sem emoção. 

Thorfill murmurou brevemente um pequeno "hum" e ajeitou as suas costas largas no assento de pedra, dizendo: "É minha primeira vez vindo em algo assim… nunca imaginei ver um espetáculo." 

"Não é grande coisa." Apolo disse se encostando no assento, ele bateu levemente os seus dedos em seu colo para se distrair. 

"É sim." Thorfill disse com um tom de voz firme. Ele virou-se para Apolo, o encarando com olhos atentos e brilhantes. Ele repetiu novamente, com mais firmeza: "Para mim, isso é uma grande coisa." 

Apolo o encarou em profundo silêncio. Por um momento, a frieza em seus olhos se dissipou e ele manteve o olhar de Thorfill no seu, não querendo desviar. 

Talvez ele tivesse ofendido Thorfill com as suas palavras? Talvez ir ao anfiteatro fosse importante para ele? Apolo cogitou pensar em suas falas e imaginou que deveria ser mais cuidadoso em suas palavras, pois, ele estava farto de pedir desculpa ou de querer se desculpar com Thorfill cada vez que o ofendia de alguma forma. 

"Bem-vindos ao espetáculo de 'O indomável'!" Uma voz estridente percorreu pelo anfiteatro. 

Apolo rapidamente desviou o seu olhar e ignorou completamente Thorfill pelo resto do espetáculo. Thorfill se ajeitou para assistir o espetáculo e foi fisgado pelos dramaturgos da atuação que estavam em cima do palco. Eram dois homens belos, vestindo túnicas vermelhas e azuis. Incrivelmente, ambos os homens tinham cabelos longos e atuavam com intimidade. 

Os atenienses observaram em silêncio, reprimindo as suas emoções ao assistirem um dos homens entrar em uma biblioteca improvisada no palco. 

"É agora, é agora." Um homem sussurrou para o seu amigo, "Ele entra na biblioteca e acaba encontrando o seu cônjuge tendo sonhos eróticos com ele." 

"Eu sei que é agora! Eu comprei os extras do livro!" O amigo bravejou. 

"Você comprou?!" O homem perguntou indignado, "Mas a autora Pé de Peixe liberou apenas sete extras no mundo todo!" 

O amigo soltou um "tsk" e disse: "Deme é minha amiga. Ela me mandou uma cópia antes de lançar os extras na biblioteca pública de Atenas." 

"Sortudo!" O homem gritou. 

As pessoas ao lado dele gritaram: "Calem a boca!" 

O espetáculo continuou, o dramaturgo entrou na biblioteca e encontrou o seu cônjuge tendo sonhos eróticos. O homem estava adormecido em cima de um colchão confortável. Às vezes, de sua boca, saíam alguns gemidos curtos e suaves. O nome de seu parceiro diversas vezes saiu em sussurros abafados e manhosos. A plateia ficou maravilhada com isso e bateram palmas. 

Thorfill ficou em silêncio, "...................." 

Apolo também ficou em silêncio, "....................." 

Os dois estavam em um espetáculo homoafetivo! 

E o pior disso tudo, era Apolo saber que Demerí era a escritora do livro que fora adaptado no espetáculo! 

Os dois protagonistas, ambos homens grandes e fortes, se enroscaram em um corredor cheio de espelhos. O público ferveu com isso: a parte favorita dos atenienses estavam chegando. 

"Olhem, é agora que o Heilel irá devorar Yesu." Um homem sussurrou, concentrado no espetáculo. 

"O pai de Yesu aparece bem nesta parte do livro, mas o espetáculo irá mudar isso e Heilel e Yesu irão praticar atos carnais!" 

As pessoas exclamaram vários 'maravilhosos' e bateram palmas. 

Thorfill estava perdido, sua mente girava e girava. Apolo, cada vez mais, se afundava em uma depressão desesperadora em busca de socorro para sair daquele lugar. 

Os protagonistas, Heilel e Yesu começaram a conversar. Um tinha a voz extremamente rouca e sexy, um jeito debochado e sarcástico, este era Heilel. Yesu era mais contido e tinha uma voz extremamente suave e encantadora. O jeito gentil dele cativou o público… até ele beijar profundamente Heilel na frente de todos. 

As costas de Apolo quase se fundiram com o assento atrás dele quando ele as pressionou para trás! 

Thorfill permaneceu em silêncio, analisando a cena. 

O pulso de Yesu foi envolvido e ele foi arrastado para um corredor sem saída, com jarros de ouro em cima de escrivaninhas e com espelhos de cristais. Heilel disse em um tom de voz alto, para que a plateia pudesse escutar: "Encontrei você." 

Yesu olhou para Heilel com uma carranca e fuzilou ele com os olhos, "É, me encontrou." Ele disse sem muita emoção: "Heilel, o que você está tramando?"

Heilel apenas cerrou os lábios, limpando o rosto de Yesu logo em seguida, "Você está com farinha no rosto." 

Yesu perdeu a compostura e bateu os pés se olhando em um dos espelhos, "Oh, eu estava fazendo bolinhos..." 

Pelo reflexo do espelho, Yesu viu que Heilel se aproximou dele e ele parou de falar e engoliu em seco. 

Heilel agarrou o pescoço de Yesu, afastou os cabelos e deu um beijo suave em seu pescoço branco como creme. Yesu o chamou timidamente: "Heilel? O que você está fazendo…? isso não estava no roteiro."

Com os olhos negros dele, Heilel encarou o reflexo de Yesu pelo espelho. Yesu ficou com as bochechas avermelhadas e o pomo de Adão dele se contraiu e ficou em conflito. Heilel passou a língua contra a pele macia dele e mordiscou levemente. 

A plateia vibrou ao assistir aquilo! 

Thorfill pensou: os atores são muito bons… 

Yesu disse para que todo o público pudesse escutar: "Heilel, o que você está fazendo? E se alguém nos ver? Bion podem contar isso para D…"

"Preocupado?" Heilel disse perto do ouvido dele, "Eu não estou, já fui julgado por crimes piores."

Yesu viu pelo reflexo que Heilel iria fazer outro movimento e tentou se afastar. Heilel colocou as costas dele contra a parede do corredor sem saída, ainda de frente para o espelho. "Yesu, eu quero que você se veja." 

Heilel ajeitou o corpo de Yesu e levantou uma das pernas dele. Yesu gaguejou, ainda atuando assustado: "O que v-você está fazendo?!" 

Heilel sorriu de canto e agarrou as coxas de Yesu fortemente. Dizendo roucamente: "Eu gosto." 

A plateia reagiu com ansiedade. 

"UMA MÃO AMIGA!" Um ateniense chorou de emoção. 

"Pé de Peixe é uma ótima escritora quando se trata de conteúdo sexual, uma pena os diálogos dela serem uma porcaria no livro." Um homem sussurrou concentrado no ato carnal dos protagonistas, "Tão vergonhoso."

Thorfill nunca havia visto algo do tipo. Embora um pouco assustado, ele encarou o perfil lateral de Apolo e percebeu que aquele homem não estava assistindo o espetáculo. Seus olhos estavam vidrados em toda parte do anfiteatro, menos do palco. Era perceptível um leve rubor em suas bochechas. 

Apolo pareceu perceber o olhar de Thorfill sobre ele e o encarou, dizendo friamente: "Não olhe para mim, assista o espetáculo." 

Thorfill engoliu em seco e voltou a encarar o palco. 

No palco, Yesu perdeu o controle de seu corpo duro. Heilel aproveitou-se disso e agarrou as duas pernas de Yesu que, inconscientemente, se enrolaram ao redor da cintura robusta de Heilel. Ele ajeitou Yesu contra a parede e o beijou. 

Heilel mordeu uma das orelhas de Yesu e desceu os beijos pelo pescoço dele, passando os dentes suavemente naquele área, ameaçando morder. Ele assim fez e sugou, passando a língua longo depois. Yesu soltou um ofego curto de lábios fechados. 

Os olhos de Heilel brilharam e ele parou seus movimentos, beijando o queixo de Yesu, dizendo: "Yesu, eu quero escutar." 

Yesu gemeu arfando, diante o público: "N-não." 

O público se calou diante daquele manhoso e delicioso gemido. 

Yesu olhou o reflexo de sua imagem no espelho. Suas bochechas avermelhadas, seus cabelos para os lados, seus lábios inchados e seu pescoço, antes pálido, agora com pequenas marcas. Ele negou novamente, fechando os olhos. 

Heilel se virou, encarando o espelho. "É a coisa mais linda que eu já vi." Ele sorriu, se virando para Yesu. "O sorriso doce, os olhos brilhantes, o jeito amável." Heilel beijou ele rapidamente. "Meu tolo é lindo." 

"Quem é seu tolo?!" Yesu perdeu a compostura. 

Algumas pessoas na plateia fungaram com as palavras de Heilel e outras riram com o nervosismo de Yesu. Thorfill estava com o semblante indicando nervosismo também, embora, ele estivesse prestando atenção no espetáculo e, de fato, era um espetáculo! 

"Yesu o que você fez comigo?" Heilel perguntou para todos escutarem. 

O público fez uma careta. 

"Agora é aquele momento que a Pé de Peixe vai ficar colocando palavras vergonhosas no meio do acasalamento." Um homem disse com o seu semblante se contorcendo de vergonha. 

"Ela já disse que não é boa com diálogos e não sabe construir frases boas." Um ateniense cruzou os seus braços, inconformado. "Mas você simplesmente não pode apenas ficar quieto e apreciar a cena?" 

O homem emburrou e, consecutivamente, ficou em silêncio. 

Heilel beijou a clavícula de Yesu e depois a mordeu. Sua mão entrou por dentro da túnica fina e todos compreenderam pelo o que a mão dele queria pescar ali dentro.  

De repente, Yesu gemeu, abraçando os ombros de Heilel e mordendo o pescoço dele para controlar seus gemidos. Ele olhou o reflexo dos dois no espelho e ficou envergonhado. 

Apolo quase se matou ali mesmo! 

A vergonha alheia dominou-lhe. 

Surpreendentemente, logo em seguida, Heilel disse algo que quase fez Apolo querer se jogar do anfiteatro. Ele disse: "Yesu, eu quero colocá-lo dentro." 

Thorfill franziu o cenho confusamente, o que ele queria colocar dentro? Ele virou-se para Apolo, em busca de respostas. 

"Não olhe para mim." Apolo disse entre dentes, cerrando os seus pulsos como se quisesse dar um soco violento em Thorfill. 

Thorfill engoliu em seco e voltou a assistir o espetáculo. 

Yesu parecia desconectado com a realidade. A atuação dele era simplesmente incrível, parecia que ele iria morrer de vergonha ao responder: "Então, o coloque dentro de mim… meu Zeus, eu não acredito que eu disse isso." 

Algumas pessoas cochichavam na plateia:

"Que estranho… não tem essa frase no livro." Um homem comentou. 

"Realmente, Yesu no livro, até mesmo é mais safado que o Heilel!" Outro homem comentou, ele era um grande especialista e começou a desconfiar dos dramaturgos. 

"Mudaram o roteiro!" Heilel gritou, mesmo no palco, ele interagiu com o público. 

Yesu pareceu perder a paciência, ele repetiu, atuando com safadeza: "Então, o coloque dentro de mim!" 

Heilel sorriu e rasgou a túnica de Yesu com brutalidade no momento seguinte. Ele virou Yesu de costas e… 

Nesta hora, Thorfill e Apolo empalideceram e se levantaram juntos! 

Os dois, sem olhar para trás, saíram do anfiteatro em passos rápidos. Não se sabia o que se passava pela cabeça dos dois, talvez, até as suas mentes estivessem em branco agora! 

Eles correram para bem longe do anfiteatro. 

"Eu deveria ter desconfiado!" Apolo andou em círculos, talvez por nervosismo, ele nem havia percebido que estava fazendo isso. No momento seguinte, ele virou-se rapidamente para Thorfill e disse friamente: "Você nunca, jamais, deve confiar em Demerí novamente. Nunca aceite nada dela, muito menos livros ou pedidos! Thorfill, você está escutando?!" 

"Haram." Thorfill respondeu por reflexo, mas na verdade, ele nem ao menos sabia o que Apolo havia lhe dito. 

Apolo perdeu a compostura, isso dificilmente acontecia. Ele respirou profundamente, tentando recuperar a sua postura fria e desprezível de sempre. Apolo disse languidamente, tentando controlar o seu tom de voz seco: "Bom, vamos esquecer que isso aconteceu e seguir em frente, muito em frente, bem distante desse anfiteatro, sendo mais específico." 

De repente, Thorfill disse sem pensar muito: "Eu não sabia que homens poderiam fazer…" 

"Thorfill!" Apolo disse, o restringindo rapidamente. 

Foi uma pensamento alto na hora, mas Thorfill realmente não sabia que homens poderiam fazer sexo. Ele sabia que poderiam ter um caso romântico e um relacionamento harmonioso. Mas o que Heilel disse sobre colocá-lo… deixou Thorfill um pouco pensativo. 

Espera, Feup e Aske…? 

"Anão…" Thorfill empalideceu, até mesmo os seus lábios perderam a cor saudável! E os seus olhos perderam o brilho de sempre. Ele teve essa mesma reação quando descobriu que Tillf estava grávida. 

Apolo notou o semblante pálido de Thorfill e ficou preocupado. Ele se aproximou um pouco, perguntando: "O que aconteceu?" 

Thorfill rapidamente se recuperou. Se esquecendo do assunto, ele inventou uma desculpa: "Acho que esqueci algo…" 

"No anfiteatro?" Apolo ergueu as sobrancelhas, se perguntando se aquilo era uma desculpa de Thorfill para voltar para o espetáculo sexual. 

"Não!" Thorfill disse rapidamente e, exaustivamente, apoiou a sua testa em suas mãos ao suspirar pesadamente. "A única coisa que eu deixei lá foi a minha inocência…" 

Thorfill disse isso parecendo um pouco lamentável. De repente, uma risada suave e curta aflorou no ar e penetrou profundamente na mente de Thorfill. Ele abaixou o olhar e, com espanto, encarou Apolo rindo um pouco. 

"Han?" Thorfill indagou confusamente. 

Com uma garoa sobre a terra, a risada de Apolo sumiu rapidamente. Ele, disfarçadamente, apertou o seu antebraço, dizendo: "Você perdeu algo muito raro, parabéns."

Thorfill ignorou isso e disse sinceramente: "Sua risada é bonita."

"Eu sei." Apolo deu de ombros. 

Thorfill riu com a resposta soberba de Apolo e disse com um sorriso bobo: "Você tem muita amor próprio." 

"Tenho que ter." Apolo franziu o cenho ao erguer o seu queixo para encarar Thorfill profundamente, "Eu tenho que me amar, caso contrário, quem fará isso?"

Thorfill ficou em um profundo silêncio, Apolo disse: "Viu? Amor próprio é importante." 

Ao finalizar as suas palavras, Apolo se virou e partiu. Thorfill não tinha como refutar as palavras dele e apenas o seguiu pelas ruas vazias de Atenas. Estranhamente, Apolo não retornou para o palácio. Ao invés disso, ele foi para uma área isolada e montanhosa. Apolo não impediu Thorfill de acompanhá-lo por seu caminho desconhecido e, em silêncio, os dois subiram em um monte altíssimo, sobre ele, era possível ver todo o reino e a glória de Atenas. 

No meio do caminho, sempre havia alguns vendedores que paravam os dois. 

"Compre folhas de hortelã para beijos mais refrescantes!" Um vendedor gritou. Ao ver Apolo, o rei de Atenas, ele se afastou rapidamente. 

Outro vendedor foi mais ousado, "Óleo corporal com gosto de mel, para noites mais doces no templo do amor. Vamos levar. Promoção! Leve dois, pague um!" 

Thorfill não compreendeu aquele sistema de vender coisas no meio do caminho. Embora parecesse que Apolo tinha a resposta para essa questão, Thorfill não perguntou. Apolo franziu o cenho ao ver as diversas misturas caseiras para atos carnais em carrinhos de mão. Aquilo definitivamente não era de boa qualidade, já que estivera sob o sol o dia todo. 

Ele apenas balançou a mão, deixando a manga longa de sua túnica balançar com o vento e, educadamente, disse: "não queremos, obrigado." 

Os vendedores ficaram surpresos, e pensaram: sem óleo… este homem é forte. 

Apolo poderia ter uma noção pelo o que estava se passando por aquelas cabeças de javalis selvagens, enquanto Thorfill estava perdido. Óleo de mel? Era de comer? 

Ele rapidamente disse ao lembrar que Apolo gostava de mel: "Eu quero." 

"Isso, não machuque o seu parceiro." O vendedor que era ousado disse, ele pegou uma anfora pequena e entregou para Thorfill. "Esse lubrificante é potente, deixa muito escorregadio." 

Thorfill: "?" 

Que diabos é um lubrificante? 

Obviamente, Thorfill não tinha dinheiro. Ele simplesmente estendeu uma acessório de ouro que estava escondido em seu bolso e ofereceu para o vendedor, que caiu de costas ao ver aquela riqueza. Apolo, há muito tempo, já havia se afastado de Thorfill e havia seguido o seu caminho sem ele. Thorfill rapidamente o encontrou e os dois voltaram para o silêncio habitual enquanto andavam. 

Thorfill não entendeu o silêncio de Apolo e perguntou: "Você não quer comer?" 

Ao escutar isso, Apolo tropeçou. 

Como diabo ele explicaria que aquilo não era de comer?! Era algo perturbador dizer que aquele óleo era usado em atos carnais, para introduzir em um buraco ou usá-lo para, suavemente, um membro deslizar com facilidade pelo buraco. Apolo, certamente, preferia a morte ao invés de explicar isso para Thorfill. 

"Eu não estou com fome agora." Apolo disse secamente. 

Thorfill não se abalou com o tom de voz seco de Apolo, ao invés disso, ele se acostumou e, logo em seguida, segurou a pequena ânfora com delicadeza. Talvez ele pudesse usar o óleo de mel para rechear futuros bolinhos. 

Ele perguntou de repente: "Onde estamos indo?" 

Apolo refletiu que Thorfill havia perguntado aquilo só agora, depois de minutos de caminhada. Ele ergueu as sobrancelhas, demonstrando compaixão pela lerdeza de Thorfill e respondeu: "Para o templo de Eros e Psiquê." 

"Ah, sim…!" Thorfill dizia tranquilamente, mas por algum motivo, ficou apreensivo. 

Thorfill se lembrou de algo. 

"Eros e Psiquê é o casal mais contemplado em Atenas, e até mesmo há um templo deles na cidade, onde os amantes vão para lá se declararem em juras de amor. Ao chegar lá, haverá duas flechas do Deus do amor, Eros. Os dois ou mais amantes devem atacar uns aos outros com a flecha e morrerem no altar." 

Thorfill ficou perdido com isso. 

Por que Apolo estava indo para esse templo? 

Talvez, alguém estivesse esperando Apolo no templo e Thorfill acabou atrapalhando um suposto encontro entre 
amantes?! 

Thorfill pareceu se aborrecer com isso, ficou evidente em seu semblante. Apolo notou e algo pareceu esmagar o seu peito. 

"Há um oráculo lá." A voz de Apolo chamou a atenção de Thorfill, "Eu estou indo conversar com ele." 

O peito de Thorfill se acalmou e, ficando mais calmo, perguntou: "Em busca de respostas? Um oráculo serve para isso." 

"Sim." Apolo respondeu, "Eu preciso saber onde o César Oitavo está." 

Thorfill compreendeu o motivo de Apolo e ficou em silêncio. Mas, subitamente, Apolo virou-se rapidamente para Thorfill e disse: "No templo, terá uma mulher muito bonita. Mas, você definitivamente, não deve olhar para ela em hipótese alguma. Você compreendeu?" 

"Sim." Thorfill engoliu em seco com o tom de voz frio de Apolo, "Mas por quê?" 

"Apenas me escute se não quiser virar uma escultura de pedra." Apolo disse frivolamente e ignorou Thorfill pelo resto do caminho. 

Ao entardecer, as sombras dos dois se fundiram no chão cheio de cascalhos e pequenas pedras de mármore. Uma brisa fria passou por Apolo e, consecutivamente, passou por Thorfill. Ele sentiu uma sensação estranha ao ficar de frente para o templo de Eros e Psiquê. Uma sensação de mau agouro. Assim como Apolo havia dito, ao entrarem no templo, ele estava escuro. Muito escuro mesmo. Um cheiro de sândalo permeava o ambiente silencioso.

Thorfill caminhava lentamente ao lado de Apolo, e conseguiu permanecer ao lado dele por conta da respiração suave de Apolo. Sendo guiado por isso, Thorfill caminhou cada vez mais para dentro do templo, até sentir um toque curto em sua mão.

"Ajoelhe-se." A voz de Apolo disse friamente.  

Thorfill fez isso, mesmo no escuro, e sentiu o seu joelho se encontrando com algo macio. Ele se ajoelhou sob uma almofada e, de repente, uma chama de fogo abrasador clareou o lugar. Logo depois, ao redor de Thorfill e Apolo, várias outras velas se acenderam sozinhas e formaram um arco de fogo ao redor dos dois. Thorfill virou-se para o lado, encontrando Apolo ajoelhado sob uma almofada vermelha também. Os deuses estavam presentes nesse momento. 

O perfil lateral de Apolo estava sendo iluminado pelas chamas vermelhas, isso deixou o seu rosto incrivelmente bonito e sedutor. Seus olhos, sem qualquer indícios de alegria, encararam à sua frente; havia um altar cheio de oferendas diante de uma escultura angelical. Sobre o altar, havia realmente duas flechas, e dois cálices de vinho. 

Thorfill engoliu em seco ao ver as flechas. 

"O amor brota como uma flor." Uma voz masculina preencheu o templo, "A semente não escolhe a dor ou quem amou. Ela apenas florescerá no peito no momento do calor abrasador, amando aquele por quem se apaixonou…" 

A voz foi interrompida rispidamente por Apolo, "Mestre, sou eu." 

Thorfill franziu os lábios ao escutar mestre, sabendo que discípulos atenienses e mestres atenienses tinham o costume de manter uma relação duvidosa, embora educativa com coisas relacionadas ao sexo. A famosa pederastia era um contato sexual entre um mestre mais velho e um aluno mais jovem, basicamente, uma criança. Os mestres eram respeitados em Atenas e os alunos aprendiam sobre relações sexuais para se casarem em uma idade nova. Thorfill tentou imaginar Apolo tendo um contato assim e, definitivamente, se sentiu desconfortável. 

A voz se calou rapidamente por um tempo, mas depois gritou chocado: "APOLITO?!" 

De um canto escuro, um homem velho saiu. Ele se vestia com um sacerdote da Península da Ásia e tinha olhos puxados. Seu semblante estava pálido, empalidecido, extremamente chocado, como se tivesse acabado de descobrir que tinha uma doença terminal. Ele ajoelhou-se diante da escultura de Eros e começou a agradecer. 

"Obrigado, obrigado." O sacerdote sussurrou juntando as palmas das mãos para agradecer, "Meu menino trouxe alguém, meu menino vai se casar, meu menino está pronto para praticar atos carnais. Adeus virgindade e votos de castidade. Olhe, eu sou o mestre dele e nunca ocorreu pederastia ateniense entre a gente. Ele é puro, muito puro. Embora haja consequências, ele vai ser horrível na cama."

Thorfill suspirou, ficando aliviado. 

Internamente, Apolo se exaltou. Por fora, ele se manteve frio como uma geleira e disse: "Eu não estou aqui para me casar, e você sabe disso." 






Este capítulo aborda conteúdo sexual homoafetivo e pederastia! Leia com consciência. 

    Capítulo 20: No templo há um maluco, mestre de um iceberg

O templo de Eros e Psiquê ficava em um monte altíssimo. No topo, havia um pequeno e delicado templo velho, erguido por colunas de jônico brancas. A estrutura ainda permanecia reluzente com o passar do tempo e os casais iriam visitá-lo em busca de prosperidade e privacidade para praticar atos carnais. 

Mas havia uma coisa oculta neste templo, apenas César Oitavo e Apolo tinham o conhecimento. No templo romântico, havia um oráculo. O dono do oráculo era um sacerdote imortal e músico. Através do canto, ele poderia conversar com o oráculo e, através dele, conseguir respostas para o mundo. O sacerdote era o mestre de Apolo, e alguém… muito incoerente e maluco. Apolo estava em seu quarto, se preparando mentalmente para visitá-lo em busca de respostas. 

Onde estava César Oitavo de Atenas? 

Onde estava Atlântida, o continente perdido? 

Por que ele estava com um péssimo pressentimento ultimamente? 

Como buscar por seu pai? 

Por que ele estava se sentindo tão ansioso? 

Eram muitas perguntas, e apenas o oráculo poderia ter as respostas. 

Apolo parou de dedilhar as cordas tecidas com ouro da lira dourada. As pontas de seus dedos macios estavam avermelhadas e as suas unhas estavam doloridas. Ele deixou Xiao Caoya de lado e levantou-se, removendo um manto branco de seus ombros estreitos. Nos últimos dias, ele apenas ficou em sua câmara e permaneceu tocando lira em silêncio. Distraidamente, pensando em muitas coisas. 

Os seus ferimentos que, ele adquiriu lutando com Ártemis, estavam quase cicatrizados. 

A morte de Ravi o havia deixado bastante descoordenado e, consecutivamente, Ártemis o havia deixado frustrado, com um sentimento de culpa e fracasso. Ele se deixou transparecer como uma pessoa fraca diante Thorfill, quando estava bêbado. O rumo das coisas estavam indo para um caminho absurdamente irreversível! 

Ele precisava encontrar César Oitavo o mais rápido possível e fugir de Atenas. 

Fugir para algum lugar muito distante, vazio e frio. 

Como ele. 

A câmara de Apolo estava com um cheiro de osmanthus, estava tudo organizado e limpo. Ele olhou através da janela e percebeu que o céu estava limpo; sem qualquer indício de chuva. Ele arrumou-se para partir para o templo de Eros e Psiquê. Apolo removeu a sua toga de soberano e a sua coroa de louro dourado. Vestiu-se com uma túnica branca, uma roupa muito habitual, e colocou botas pretas de cano alto. Por um momento, ele voltou a ser o indiferente General Guts. 

Ele caminhou até a porta, mas lembrou-se que, deste modo, iria chamar a atenção dos serventes e dos paladinos. Apolo virou-se para pular a janela, e no mesmo instante, uma batida soou na porta. Apolo praguejou e suspirou pesadamente ao voltar com a sua decisão e ele foi abrir a porta. 

Suas sobrancelhas grossas arquearam-se automaticamente ao ver Thorfill. Apolo engoliu em seco ao encarar o semblante bonito dele, embora tivesse um pouco de resquício de nervosismo. Thorfill também engoliu em seco diante o silêncio de Apolo e disse: "Hum… há algo que eu preciso dizer para você." 

Apolo assemelhou isso a cena de um filho contando para o pai que iria casar. Ele pareceu não gostar de imaginar isso e simplesmente se afastou da porta, dando passagem para Thorfill. 

"O que você quer?" Apolo sentou-se e perguntou sem muita emoção. Finalmente, ele olhou atentamente Thorfill e percebeu que ele carregava uma bandeja nas mãos. Os olhos azuis fitaram os bolinhos de mel e Apolo lembrou-se do dia que comeu bolinhos doces. Ele não sabia quem havia os deixado ao lado da cama no dia que Ártemis apareceu, mas agora, ele tinha uma ideia. 

Apolo ignorou isso e disse languidamente: "Você veio apenas para saber se eu irei continuar tratando a sua irmã? Eu irei, não precisa se preocupar. A questão de Bellamy também, eu irei cumprir tudo o que eu disse. Se for apenas isso, então não há mais nada para…" 

Conversamos… você pode ir embora agora. Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que falar com você. 

Por algum motivo, Apolo não conseguiu finalizar as suas palavras e parou de falar abruptamente, dando um suspiro no final. Thorfill, que havia sido mal incompreendido, disse: "Eu não vim para saber disso, embora, era sobre isso que eu queria vir conversar. Nós iríamos embora… assim, você ficaria mais à vontade e sem tanta pressão sobre você." 

Apolo desviou o olhar, e pareceu mastigar os seus lábios com raiva. Thorfill sentiu que o clima não estava bom e tentou escapar, dizendo: "Não morda tanto os seus lábios, as pessoas vão pensar que eu fiz coisas cabulosas com você." 

"Você já está fazendo." Apolo disse focando a sua atenção em Thorfill, "Usar minhas palavras contra mim é algo cabuloso." 

Thorfill deu um sorriso suave e curto. Estendeu a bandeja para o alto e disse espontaneamente: "Não são tão bons quanto os seus. Mas os meus bolinhos de mel são mais recheados com mel e isso faz deles os melhores." 

"Quanta admiração e amor próprio por coisas produzidas por você mesmo." Os olhos de Apolo rolaram. Ele estendeu a sua mão e pegou um bolinho de mel para comer. De fato, estava bastante recheado e, tentando esconder o seu contentamento, Apolo disse sinceramente: "Parabéns." 

Thorfill levou aquele ''parabéns'' como uma sátira por parte de Apolo e, inconformado, abaixou o seu rosto. Mas depois, Thorfill percebeu que, por conta do semblante de Apolo, aquele "parabéns" era sincero. Ele desviou o olhar, sentindo as suas bochechas esquentarem, e disse ao limpar a garganta: "Há mais uma coisa." 

"De comer?" Apolo perguntou rapidamente. 

Havia apenas cinco bolinhos de mel, isso definitivamente não era o suficiente e Apolo logo sentiria fome novamente. 

"Não?" Thorfill franziu as suas sobrancelhas, se perguntando: ele é tão esfomeado assim? 

Ele cogitou a possibilidade e declarou que: sim, ele era. 

Thorfill se recompôs rapidamente e disse entre pausas, por causa da vergonha: "Demerí… ela me entregou alguns bilhetes. Não sei o que significa anfiteatro, mas deve ser algo legal, eu acho. Eu…" 

O semblante de Apolo se fechou e ele até mesmo parou de comer para prestar atenção em Thorfill. Com impaciência, ele pediu: "Diga mais claramente. O que você quer?" 

"Ir." Thorfill disse, se arrependendo amargamente logo em seguida. Ele já estava no meio do caminho, não poderia voltar. Ele falou baixo: "Ir para o anfiteatro." 

Diante disso, Apolo se levantou. Ele disse: "É só ir então, é no centro de Atenas, fácil de encontrar. Embora… isso seja perigoso. Você é um estrangeiro, talvez nem possa entrar." 

Para disfarçar o seu constrangimento, Thorfill virou-se para o lado e pegou um livro aberto sobre uma mesa próxima, dizendo: "É só você ir comigo, assim, eu poderei entrar sem problemas, já que o rei estará ao meu lado." 

Apolo franziu o cenho ao ver Thorfill pegar o livro e, no momento seguinte, o pousar novamente na mesa, como se estivesse distraído ou nervoso. Ele ignorou isso e perguntou: "Você quer tanto ir nisso?" 

Thorfill virou-se rapidamente, concentrou o seu olhar nos olhos azuis escuros de Apolo e respondeu: "Eu quero."  

Apolo não disse nada, apenas ficou em silêncio, encarando Thorfill. Parecia realmente que ele queria ir… Apolo engoliu em seco, e suspirou pesadamente ao dizer: "Que dia será o espetáculo? O Marechal Hermes pode levá-lo…" 

Thorfill rapidamente o interrompeu: "Hoje, o espetáculo é hoje." 

As mãos de Apolo se fecharam em punhos. 

O Marechal Hermes estava em uma expedição hoje. Ele foi conversar com a Rainha Guilhermina sobre a questão de Leonhardt Sephalla! 

"E ele está começando agora." Thorfill disse, na verdade, sem saber se sua informação era verdadeira. Ele, definitivamente, não queria ir com o Marechal Hermes assistir o espetáculo no anfiteatro. Ele apressou: "O que poderia acontecer se chegarmos atrasados? Poderíamos perder o ingresso de Demerí?" 

"Chegarmos?" Apolo perguntou confusamente. 

Thorfill estava… o incluindo? 

"Deveríamos sair agora." Thorfill disse, já andando até a porta. Ele não notou os passos de Apolo e, infelizmente, aceitou que ele não o acompanharia até o anfiteatro. Thorfill saiu da câmara e foi embora. 

Ele era assim, nada poderia mudá-lo. 

Apolo ficou por um tempo em silêncio, embora tenha notado que Thorfill já havia atravessado a porta, ele disse baixo: "Pela janela. Eu quero sair pela janela." 

Ao achar que Thorfill não iria escutar, ele se enganou. 

Thorfill deu alguns passos para trás e retornou para a câmara de Apolo, dizendo com animação em seu seu tom de voz jovial: "Pela janela então." 

Apolo franziu os lábios, se perguntando como uma pessoa poderia ter uma audição tão boa. Sem ter como ir contra as suas próprias palavras, ele ficou em silêncio e pulou a janela com a ajuda de Thorfill. Os dois caminharam até o anfiteatro com o silêncio dominando eles. O centro de Atenas, particularmente, estava vazio. Os passos deles estavam lentos, como a brisa que chicoteava os seus belos rostos. Thorfill não pensou muito na situação do horário do espetáculo, e rezando para Odin, pediu para que ele estivesse ocorrendo agora! 

"Sobre o que é o espetáculo?" Apolo perguntou tranquilamente ao caminho ao lado de Thorfill. Se ele fosse um pouco mais alto, seus ombros poderiam tocar nos ombros de Thorfill por conta da aproximação dos dois. 

Thorfill deu um sorriso nervoso e respondeu: "Eu…" 

Thorfill parou de falar abruptamente, ele iria falar a verdade: que não sabia. Mas os seus braços estavam ao lado de sua cintura estreita, ao andar, uma de suas mãos acabou tocando sem querer a mão de Apolo. Thorfill sentiu um toque macio e quente. Parando de falar abruptamente. 

Apolo disse: "Normalmente, está escrito no bilhete o tema do espetáculo." 

Thorfill rapidamente se apalpou, procurando pelos bilhetes. Ele os pescou e analisou. Thorfill disse ao ler o tema: "O indomável'." 

Apolo ficou em silêncio, "................." 

Que diabos de espetáculo era esse? 

Um grande edifício circular estava lotado de homens; no local não havia mulheres ou crianças, pois os homens atenienses não permitiam a entrada por achar que ali não era lugar de mulher e, quanto às crianças… elas definitivamente não deveriam assistir os espetáculos que aconteciam ali. 

No interior do gigantesco anfiteatro, dispunha de degraus de pedras como assentos, em torno de uma arena onde eram realizados os espetáculos públicos, combates de atenienses ou feras, representações dramáticas, aulas, palestras e jogos.

Thorfill olhou ao seu redor, ao ar livre e entregou os bilhetes para um homem que estava no portão do anfiteatro. O homem pegou os bilhetes sem qualquer emoção, achando o seu emprego uma porcaria, mas ao olhar Thorfill, ele devolveu os bilhetes. 

"Metecos não entram!" O homem disse, "Saia rapidamente, antes que os oficiais o vejam."

Apolo estava afastado do portão, de braços cruzados e encostado em um esculta. Ele escutou as palavras do homem e suspirou pesadamente. Apolo caminho até o portão, e antes que Thorfill pudesse ficar triste, Apolo disse: "Ele vai entrar comigo." 

O homem ao ver o rei de Atenas ficou um pouco surpreso. Ele engoliu em seco, e Apolo não queria esperar ele ganhar racionalidade. Apolo agarrou o pulso de Thorfill e o arrastou para dentro do anfiteatro com impaciência. Os dois sentaram nos assentos mais afastados do palco e permaneceram em silêncio. 

O sol estava se pondo. Os raios solares banhavam as cortinas vermelhas sobre o palco e as pessoas vidraram os seus olhos nelas, esperando pelo espetáculo. Até mesmo os deuses saíram de suas tocas e, estando deitados sobre nuvens, estavam esperando o espetáculo começar. 

Thorfill ficou um pouco ansioso e sussurrou para Apolo: "Quando começa?" 

"Logo." Apolo respondeu sem emoção. 

Thorfill murmurou brevemente um pequeno "hum" e ajeitou as suas costas largas no assento de pedra, dizendo: "É minha primeira vez vindo em algo assim… nunca imaginei ver um espetáculo." 

"Não é grande coisa." Apolo disse se encostando no assento, ele bateu levemente os seus dedos em seu colo para se distrair. 

"É sim." Thorfill disse com um tom de voz firme. Ele virou-se para Apolo, o encarando com olhos atentos e brilhantes. Ele repetiu novamente, com mais firmeza: "Para mim, isso é uma grande coisa." 

Apolo o encarou em profundo silêncio. Por um momento, a frieza em seus olhos se dissipou e ele manteve o olhar de Thorfill no seu, não querendo desviar. 

Talvez ele tivesse ofendido Thorfill com as suas palavras? Talvez ir ao anfiteatro fosse importante para ele? Apolo cogitou pensar em suas falas e imaginou que deveria ser mais cuidadoso em suas palavras, pois, ele estava farto de pedir desculpa ou de querer se desculpar com Thorfill cada vez que o ofendia de alguma forma. 

"Bem-vindos ao espetáculo de 'O indomável'!" Uma voz estridente percorreu pelo anfiteatro. 

Apolo rapidamente desviou o seu olhar e ignorou completamente Thorfill pelo resto do espetáculo. Thorfill se ajeitou para assistir o espetáculo e foi fisgado pelos dramaturgos da atuação que estavam em cima do palco. Eram dois homens belos, vestindo túnicas vermelhas e azuis. Incrivelmente, ambos os homens tinham cabelos longos e atuavam com intimidade. 

Os atenienses observaram em silêncio, reprimindo as suas emoções ao assistirem um dos homens entrar em uma biblioteca improvisada no palco. 

"É agora, é agora." Um homem sussurrou para o seu amigo, "Ele entra na biblioteca e acaba encontrando o seu cônjuge tendo sonhos eróticos com ele." 

"Eu sei que é agora! Eu comprei os extras do livro!" O amigo bravejou. 

"Você comprou?!" O homem perguntou indignado, "Mas a autora Pé de Peixe liberou apenas sete extras no mundo todo!" 

O amigo soltou um "tsk" e disse: "Deme é minha amiga. Ela me mandou uma cópia antes de lançar os extras na biblioteca pública de Atenas." 

"Sortudo!" O homem gritou. 

As pessoas ao lado dele gritaram: "Calem a boca!" 

O espetáculo continuou, o dramaturgo entrou na biblioteca e encontrou o seu cônjuge tendo sonhos eróticos. O homem estava adormecido em cima de um colchão confortável. Às vezes, de sua boca, saíam alguns gemidos curtos e suaves. O nome de seu parceiro diversas vezes saiu em sussurros abafados e manhosos. A plateia ficou maravilhada com isso e bateram palmas. 

Thorfill ficou em silêncio, "...................." 

Apolo também ficou em silêncio, "....................." 

Os dois estavam em um espetáculo homoafetivo! 

E o pior disso tudo, era Apolo saber que Demerí era a escritora do livro que fora adaptado no espetáculo! 

Os dois protagonistas, ambos homens grandes e fortes, se enroscaram em um corredor cheio de espelhos. O público ferveu com isso: a parte favorita dos atenienses estavam chegando. 

"Olhem, é agora que o Heilel irá devorar Yesu." Um homem sussurrou, concentrado no espetáculo. 

"O pai de Yesu aparece bem nesta parte do livro, mas o espetáculo irá mudar isso e Heilel e Yesu irão praticar atos carnais!" 

As pessoas exclamaram vários 'maravilhosos' e bateram palmas. 

Thorfill estava perdido, sua mente girava e girava. Apolo, cada vez mais, se afundava em uma depressão desesperadora em busca de socorro para sair daquele lugar. 

Os protagonistas, Heilel e Yesu começaram a conversar. Um tinha a voz extremamente rouca e sexy, um jeito debochado e sarcástico, este era Heilel. Yesu era mais contido e tinha uma voz extremamente suave e encantadora. O jeito gentil dele cativou o público… até ele beijar profundamente Heilel na frente de todos. 

As costas de Apolo quase se fundiram com o assento atrás dele quando ele as pressionou para trás! 

Thorfill permaneceu em silêncio, analisando a cena. 

O pulso de Yesu foi envolvido e ele foi arrastado para um corredor sem saída, com jarros de ouro em cima de escrivaninhas e com espelhos de cristais. Heilel disse em um tom de voz alto, para que a plateia pudesse escutar: "Encontrei você." 

Yesu olhou para Heilel com uma carranca e fuzilou ele com os olhos, "É, me encontrou." Ele disse sem muita emoção: "Heilel, o que você está tramando?"

Heilel apenas cerrou os lábios, limpando o rosto de Yesu logo em seguida, "Você está com farinha no rosto." 

Yesu perdeu a compostura e bateu os pés se olhando em um dos espelhos, "Oh, eu estava fazendo bolinhos..." 

Pelo reflexo do espelho, Yesu viu que Heilel se aproximou dele e ele parou de falar e engoliu em seco. 

Heilel agarrou o pescoço de Yesu, afastou os cabelos e deu um beijo suave em seu pescoço branco como creme. Yesu o chamou timidamente: "Heilel? O que você está fazendo…? isso não estava no roteiro."

Com os olhos negros dele, Heilel encarou o reflexo de Yesu pelo espelho. Yesu ficou com as bochechas avermelhadas e o pomo de Adão dele se contraiu e ficou em conflito. Heilel passou a língua contra a pele macia dele e mordiscou levemente. 

A plateia vibrou ao assistir aquilo! 

Thorfill pensou: os atores são muito bons… 

Yesu disse para que todo o público pudesse escutar: "Heilel, o que você está fazendo? E se alguém nos ver? Bion podem contar isso para D…"

"Preocupado?" Heilel disse perto do ouvido dele, "Eu não estou, já fui julgado por crimes piores."

Yesu viu pelo reflexo que Heilel iria fazer outro movimento e tentou se afastar. Heilel colocou as costas dele contra a parede do corredor sem saída, ainda de frente para o espelho. "Yesu, eu quero que você se veja." 

Heilel ajeitou o corpo de Yesu e levantou uma das pernas dele. Yesu gaguejou, ainda atuando assustado: "O que v-você está fazendo?!" 

Heilel sorriu de canto e agarrou as coxas de Yesu fortemente. Dizendo roucamente: "Eu gosto." 

A plateia reagiu com ansiedade. 

"UMA MÃO AMIGA!" Um ateniense chorou de emoção. 

"Pé de Peixe é uma ótima escritora quando se trata de conteúdo sexual, uma pena os diálogos dela serem uma porcaria no livro." Um homem sussurrou concentrado no ato carnal dos protagonistas, "Tão vergonhoso."

Thorfill nunca havia visto algo do tipo. Embora um pouco assustado, ele encarou o perfil lateral de Apolo e percebeu que aquele homem não estava assistindo o espetáculo. Seus olhos estavam vidrados em toda parte do anfiteatro, menos do palco. Era perceptível um leve rubor em suas bochechas. 

Apolo pareceu perceber o olhar de Thorfill sobre ele e o encarou, dizendo friamente: "Não olhe para mim, assista o espetáculo." 

Thorfill engoliu em seco e voltou a encarar o palco. 

No palco, Yesu perdeu o controle de seu corpo duro. Heilel aproveitou-se disso e agarrou as duas pernas de Yesu que, inconscientemente, se enrolaram ao redor da cintura robusta de Heilel. Ele ajeitou Yesu contra a parede e o beijou. 

Heilel mordeu uma das orelhas de Yesu e desceu os beijos pelo pescoço dele, passando os dentes suavemente naquele área, ameaçando morder. Ele assim fez e sugou, passando a língua longo depois. Yesu soltou um ofego curto de lábios fechados. 

Os olhos de Heilel brilharam e ele parou seus movimentos, beijando o queixo de Yesu, dizendo: "Yesu, eu quero escutar." 

Yesu gemeu arfando, diante o público: "N-não." 

O público se calou diante daquele manhoso e delicioso gemido. 

Yesu olhou o reflexo de sua imagem no espelho. Suas bochechas avermelhadas, seus cabelos para os lados, seus lábios inchados e seu pescoço, antes pálido, agora com pequenas marcas. Ele negou novamente, fechando os olhos. 

Heilel se virou, encarando o espelho. "É a coisa mais linda que eu já vi." Ele sorriu, se virando para Yesu. "O sorriso doce, os olhos brilhantes, o jeito amável." Heilel beijou ele rapidamente. "Meu tolo é lindo." 

"Quem é seu tolo?!" Yesu perdeu a compostura. 

Algumas pessoas na plateia fungaram com as palavras de Heilel e outras riram com o nervosismo de Yesu. Thorfill estava com o semblante indicando nervosismo também, embora, ele estivesse prestando atenção no espetáculo e, de fato, era um espetáculo! 

"Yesu o que você fez comigo?" Heilel perguntou para todos escutarem. 

O público fez uma careta. 

"Agora é aquele momento que a Pé de Peixe vai ficar colocando palavras vergonhosas no meio do acasalamento." Um homem disse com o seu semblante se contorcendo de vergonha. 

"Ela já disse que não é boa com diálogos e não sabe construir frases boas." Um ateniense cruzou os seus braços, inconformado. "Mas você simplesmente não pode apenas ficar quieto e apreciar a cena?" 

O homem emburrou e, consecutivamente, ficou em silêncio. 

Heilel beijou a clavícula de Yesu e depois a mordeu. Sua mão entrou por dentro da túnica fina e todos compreenderam pelo o que a mão dele queria pescar ali dentro.  

De repente, Yesu gemeu, abraçando os ombros de Heilel e mordendo o pescoço dele para controlar seus gemidos. Ele olhou o reflexo dos dois no espelho e ficou envergonhado. 

Apolo quase se matou ali mesmo! 

A vergonha alheia dominou-lhe. 

Surpreendentemente, logo em seguida, Heilel disse algo que quase fez Apolo querer se jogar do anfiteatro. Ele disse: "Yesu, eu quero colocá-lo dentro." 

Thorfill franziu o cenho confusamente, o que ele queria colocar dentro? Ele virou-se para Apolo, em busca de respostas. 

"Não olhe para mim." Apolo disse entre dentes, cerrando os seus pulsos como se quisesse dar um soco violento em Thorfill. 

Thorfill engoliu em seco e voltou a assistir o espetáculo. 

Yesu parecia desconectado com a realidade. A atuação dele era simplesmente incrível, parecia que ele iria morrer de vergonha ao responder: "Então, o coloque dentro de mim… meu Zeus, eu não acredito que eu disse isso." 

Algumas pessoas cochichavam na plateia:

"Que estranho… não tem essa frase no livro." Um homem comentou. 

"Realmente, Yesu no livro, até mesmo é mais safado que o Heilel!" Outro homem comentou, ele era um grande especialista e começou a desconfiar dos dramaturgos. 

"Mudaram o roteiro!" Heilel gritou, mesmo no palco, ele interagiu com o público. 

Yesu pareceu perder a paciência, ele repetiu, atuando com safadeza: "Então, o coloque dentro de mim!" 

Heilel sorriu e rasgou a túnica de Yesu com brutalidade no momento seguinte. Ele virou Yesu de costas e… 

Nesta hora, Thorfill e Apolo empalideceram e se levantaram juntos! 

Os dois, sem olhar para trás, saíram do anfiteatro em passos rápidos. Não se sabia o que se passava pela cabeça dos dois, talvez, até as suas mentes estivessem em branco agora! 

Eles correram para bem longe do anfiteatro. 

"Eu deveria ter desconfiado!" Apolo andou em círculos, talvez por nervosismo, ele nem havia percebido que estava fazendo isso. No momento seguinte, ele virou-se rapidamente para Thorfill e disse friamente: "Você nunca, jamais, deve confiar em Demerí novamente. Nunca aceite nada dela, muito menos livros ou pedidos! Thorfill, você está escutando?!" 

"Haram." Thorfill respondeu por reflexo, mas na verdade, ele nem ao menos sabia o que Apolo havia lhe dito. 

Apolo perdeu a compostura, isso dificilmente acontecia. Ele respirou profundamente, tentando recuperar a sua postura fria e desprezível de sempre. Apolo disse languidamente, tentando controlar o seu tom de voz seco: "Bom, vamos esquecer que isso aconteceu e seguir em frente, muito em frente, bem distante desse anfiteatro, sendo mais específico." 

De repente, Thorfill disse sem pensar muito: "Eu não sabia que homens poderiam fazer…" 

"Thorfill!" Apolo disse, o restringindo rapidamente. 

Foi uma pensamento alto na hora, mas Thorfill realmente não sabia que homens poderiam fazer sexo. Ele sabia que poderiam ter um caso romântico e um relacionamento harmonioso. Mas o que Heilel disse sobre colocá-lo… deixou Thorfill um pouco pensativo. 

Espera, Feup e Aske…? 

"Anão…" Thorfill empalideceu, até mesmo os seus lábios perderam a cor saudável! E os seus olhos perderam o brilho de sempre. Ele teve essa mesma reação quando descobriu que Tillf estava grávida. 

Apolo notou o semblante pálido de Thorfill e ficou preocupado. Ele se aproximou um pouco, perguntando: "O que aconteceu?" 

Thorfill rapidamente se recuperou. Se esquecendo do assunto, ele inventou uma desculpa: "Acho que esqueci algo…" 

"No anfiteatro?" Apolo ergueu as sobrancelhas, se perguntando se aquilo era uma desculpa de Thorfill para voltar para o espetáculo sexual. 

"Não!" Thorfill disse rapidamente e, exaustivamente, apoiou a sua testa em suas mãos ao suspirar pesadamente. "A única coisa que eu deixei lá foi a minha inocência…" 

Thorfill disse isso parecendo um pouco lamentável. De repente, uma risada suave e curta aflorou no ar e penetrou profundamente na mente de Thorfill. Ele abaixou o olhar e, com espanto, encarou Apolo rindo um pouco. 

"Han?" Thorfill indagou confusamente. 

Com uma garoa sobre a terra, a risada de Apolo sumiu rapidamente. Ele, disfarçadamente, apertou o seu antebraço, dizendo: "Você perdeu algo muito raro, parabéns."

Thorfill ignorou isso e disse sinceramente: "Sua risada é bonita."

"Eu sei." Apolo deu de ombros. 

Thorfill riu com a resposta soberba de Apolo e disse com um sorriso bobo: "Você tem muita amor próprio." 

"Tenho que ter." Apolo franziu o cenho ao erguer o seu queixo para encarar Thorfill profundamente, "Eu tenho que me amar, caso contrário, quem fará isso?"

Thorfill ficou em um profundo silêncio, Apolo disse: "Viu? Amor próprio é importante." 

Ao finalizar as suas palavras, Apolo se virou e partiu. Thorfill não tinha como refutar as palavras dele e apenas o seguiu pelas ruas vazias de Atenas. Estranhamente, Apolo não retornou para o palácio. Ao invés disso, ele foi para uma área isolada e montanhosa. Apolo não impediu Thorfill de acompanhá-lo por seu caminho desconhecido e, em silêncio, os dois subiram em um monte altíssimo, sobre ele, era possível ver todo o reino e a glória de Atenas. 

No meio do caminho, sempre havia alguns vendedores que paravam os dois. 

"Compre folhas de hortelã para beijos mais refrescantes!" Um vendedor gritou. Ao ver Apolo, o rei de Atenas, ele se afastou rapidamente. 

Outro vendedor foi mais ousado, "Óleo corporal com gosto de mel, para noites mais doces no templo do amor. Vamos levar. Promoção! Leve dois, pague um!" 

Thorfill não compreendeu aquele sistema de vender coisas no meio do caminho. Embora parecesse que Apolo tinha a resposta para essa questão, Thorfill não perguntou. Apolo franziu o cenho ao ver as diversas misturas caseiras para atos carnais em carrinhos de mão. Aquilo definitivamente não era de boa qualidade, já que estivera sob o sol o dia todo. 

Ele apenas balançou a mão, deixando a manga longa de sua túnica balançar com o vento e, educadamente, disse: "não queremos, obrigado." 

Os vendedores ficaram surpresos, e pensaram: sem óleo… este homem é forte. 

Apolo poderia ter uma noção pelo o que estava se passando por aquelas cabeças de javalis selvagens, enquanto Thorfill estava perdido. Óleo de mel? Era de comer? 

Ele rapidamente disse ao lembrar que Apolo gostava de mel: "Eu quero." 

"Isso, não machuque o seu parceiro." O vendedor que era ousado disse, ele pegou uma anfora pequena e entregou para Thorfill. "Esse lubrificante é potente, deixa muito escorregadio." 

Thorfill: "?" 

Que diabos é um lubrificante? 

Obviamente, Thorfill não tinha dinheiro. Ele simplesmente estendeu uma acessório de ouro que estava escondido em seu bolso e ofereceu para o vendedor, que caiu de costas ao ver aquela riqueza. Apolo, há muito tempo, já havia se afastado de Thorfill e havia seguido o seu caminho sem ele. Thorfill rapidamente o encontrou e os dois voltaram para o silêncio habitual enquanto andavam. 

Thorfill não entendeu o silêncio de Apolo e perguntou: "Você não quer comer?" 

Ao escutar isso, Apolo tropeçou. 

Como diabo ele explicaria que aquilo não era de comer?! Era algo perturbador dizer que aquele óleo era usado em atos carnais, para introduzir em um buraco ou usá-lo para, suavemente, um membro deslizar com facilidade pelo buraco. Apolo, certamente, preferia a morte ao invés de explicar isso para Thorfill. 

"Eu não estou com fome agora." Apolo disse secamente. 

Thorfill não se abalou com o tom de voz seco de Apolo, ao invés disso, ele se acostumou e, logo em seguida, segurou a pequena ânfora com delicadeza. Talvez ele pudesse usar o óleo de mel para rechear futuros bolinhos. 

Ele perguntou de repente: "Onde estamos indo?" 

Apolo refletiu que Thorfill havia perguntado aquilo só agora, depois de minutos de caminhada. Ele ergueu as sobrancelhas, demonstrando compaixão pela lerdeza de Thorfill e respondeu: "Para o templo de Eros e Psiquê." 

"Ah, sim…!" Thorfill dizia tranquilamente, mas por algum motivo, ficou apreensivo. 

Thorfill se lembrou de algo. 

"Eros e Psiquê é o casal mais contemplado em Atenas, e até mesmo há um templo deles na cidade, onde os amantes vão para lá se declararem em juras de amor. Ao chegar lá, haverá duas flechas do Deus do amor, Eros. Os dois ou mais amantes devem atacar uns aos outros com a flecha e morrerem no altar." 

Thorfill ficou perdido com isso. 

Por que Apolo estava indo para esse templo? 

Talvez, alguém estivesse esperando Apolo no templo e Thorfill acabou atrapalhando um suposto encontro entre 
amantes?! 

Thorfill pareceu se aborrecer com isso, ficou evidente em seu semblante. Apolo notou e algo pareceu esmagar o seu peito. 

"Há um oráculo lá." A voz de Apolo chamou a atenção de Thorfill, "Eu estou indo conversar com ele." 

O peito de Thorfill se acalmou e, ficando mais calmo, perguntou: "Em busca de respostas? Um oráculo serve para isso." 

"Sim." Apolo respondeu, "Eu preciso saber onde o César Oitavo está." 

Thorfill compreendeu o motivo de Apolo e ficou em silêncio. Mas, subitamente, Apolo virou-se rapidamente para Thorfill e disse: "No templo, terá uma mulher muito bonita. Mas, você definitivamente, não deve olhar para ela em hipótese alguma. Você compreendeu?" 

"Sim." Thorfill engoliu em seco com o tom de voz frio de Apolo, "Mas por quê?" 

"Apenas me escute se não quiser virar uma escultura de pedra." Apolo disse frivolamente e ignorou Thorfill pelo resto do caminho. 

Ao entardecer, as sombras dos dois se fundiram no chão cheio de cascalhos e pequenas pedras de mármore. Uma brisa fria passou por Apolo e, consecutivamente, passou por Thorfill. Ele sentiu uma sensação estranha ao ficar de frente para o templo de Eros e Psiquê. Uma sensação de mau agouro. Assim como Apolo havia dito, ao entrarem no templo, ele estava escuro. Muito escuro mesmo. Um cheiro de sândalo permeava o ambiente silencioso.

Thorfill caminhava lentamente ao lado de Apolo, e conseguiu permanecer ao lado dele por conta da respiração suave de Apolo. Sendo guiado por isso, Thorfill caminhou cada vez mais para dentro do templo, até sentir um toque curto em sua mão.

"Ajoelhe-se." A voz de Apolo disse friamente.  

Thorfill fez isso, mesmo no escuro, e sentiu o seu joelho se encontrando com algo macio. Ele se ajoelhou sob uma almofada e, de repente, uma chama de fogo abrasador clareou o lugar. Logo depois, ao redor de Thorfill e Apolo, várias outras velas se acenderam sozinhas e formaram um arco de fogo ao redor dos dois. Thorfill virou-se para o lado, encontrando Apolo ajoelhado sob uma almofada vermelha também. Os deuses estavam presentes nesse momento. 

O perfil lateral de Apolo estava sendo iluminado pelas chamas vermelhas, isso deixou o seu rosto incrivelmente bonito e sedutor. Seus olhos, sem qualquer indícios de alegria, encararam à sua frente; havia um altar cheio de oferendas diante de uma escultura angelical. Sobre o altar, havia realmente duas flechas, e dois cálices de vinho. 

Thorfill engoliu em seco ao ver as flechas. 

"O amor brota como uma flor." Uma voz masculina preencheu o templo, "A semente não escolhe a dor ou quem amou. Ela apenas florescerá no peito no momento do calor abrasador, amando aquele por quem se apaixonou…" 

A voz foi interrompida rispidamente por Apolo, "Mestre, sou eu." 

Thorfill franziu os lábios ao escutar mestre, sabendo que discípulos atenienses e mestres atenienses tinham o costume de manter uma relação duvidosa, embora educativa com coisas relacionadas ao sexo. A famosa pederastia era um contato sexual entre um mestre mais velho e um aluno mais jovem, basicamente, uma criança. Os mestres eram respeitados em Atenas e os alunos aprendiam sobre relações sexuais para se casarem em uma idade nova. Thorfill tentou imaginar Apolo tendo um contato assim e, definitivamente, se sentiu desconfortável. 

A voz se calou rapidamente por um tempo, mas depois gritou chocado: "APOLITO?!" 

De um canto escuro, um homem velho saiu. Ele se vestia com um sacerdote da Península da Ásia e tinha olhos puxados. Seu semblante estava pálido, empalidecido, extremamente chocado, como se tivesse acabado de descobrir que tinha uma doença terminal. Ele ajoelhou-se diante da escultura de Eros e começou a agradecer. 

"Obrigado, obrigado." O sacerdote sussurrou juntando as palmas das mãos para agradecer, "Meu menino trouxe alguém, meu menino vai se casar, meu menino está pronto para praticar atos carnais. Adeus virgindade e votos de castidade. Olhe, eu sou o mestre dele e nunca ocorreu pederastia ateniense entre a gente. Ele é puro, muito puro. Embora haja consequências, ele vai ser horrível na cama."

Thorfill suspirou, ficando aliviado. 

Internamente, Apolo se exaltou. Por fora, ele se manteve frio como uma geleira e disse: "Eu não estou aqui para me casar, e você sabe disso." 







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