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Capítulo 22

    Capítulo 22: A volta ao anfiteatro

Um cheiro permeou pelo ar. Um aroma adocicado de framboesa, e essa fragrância foi liberada assim que Thorfill abriu o seu cantil de vinho. Obviamente, o ex-lendário Viking de Reiwa estava entortando o caneco, enquanto estava aproveitando uma brisa fria que atacava o seu rosto de expressão séria. Sua mente vagou entre beber ou pensar no ocorrido passado, ocorrido constrangedor que aconteceu no templo de Eros e Psiquê. 

Thorfill balançou a cabeça levemente, disposto a esquecer o assunto, pois, qual era o motivo da mente dele insistir tanto nas lembranças? Ele levou o bico do cantil até os seus lábios, disposto a beber até o sol raiar no horizonte, aconteceu que, antes mesmo que ele pudesse exercer esta grande missão, uma cabeleira ruiva apareceu na janela da câmera de descanso de Tilf. Thorfill bufou e escorou-se na janela para conversar com Feup. Ao lembrar-se do espetáculo que assistira e da fornicação que era produzida entre dois homens, ele estreitou o olhar, parecendo uma coruja sábia e instigante ao olhar para o companheiro de seu irmão irritante. 

"Por que você está me olhando assim?" Feup engoliu em seco, "O que eu fiz de errado agora?" 

Thorfill não poderia falar nada, guardando o seu 'eu sei o que faz' para si, ele disse: "Os sete dias ainda não se passaram."  

O ruivo safado fez um esforço para entrar dentro da câmara de descanso de Tilf, estranhando o tom de voz de Thorfill, ele cambaleou para dentro como um morcego invadindo uma caverna inabitável. "Eu sei, apenas vim avisar que Aske enviou uma carta. Fifi apareceu hoje no Navio Primordial, a pomba lesa estava quase morta, tadinha, mas chegou viva." 

"O que ele enviou?" Thorfill perguntou, ainda parecendo uma coruja sábia e instigante.  

Feup franziu o cenho, os lábios, as sobrancelhas, o cenho, tudo junto ao ver a expressão de Thorfill. Ele cuspiu: "Por que diabos você está me olhando assim?! Deus me Freya, o que eu fiz? Você está me olhando como se eu tivesse me casado com a sua mãe!" 

"Por que todo mundo menciona casamento com a Gruti?" Uma voz perguntou com desdém. 

A câmara de descanso de Tilf, que de nada tinha de descanso, ficou silenciosa após a pergunta de Tilf. Ela estava furiosa, deitada na cama como sempre e, em silêncio, ficou escutando a conversa de Thorfill e Feup. A presença de Bellamy não estava ali para alegrar o ambiente, o pequeno domador de grilos estava, desde manhã, irritando Apolo, implorando e se ajoelhando para que Apolo o levasse até o anfiteatro, pois o pequenino havia descobrido que lá estava acontecendo os jogos olímpicos. 

Thorfill rapidamente impediu Feup de responder a pergunta de Tilf, "O que Aske escreveu na carta?" 

"Ele escreveu: Flony está morto." Feup disse em um tom de voz sombrio. 

Os batimentos cardíacos de Thorfill extrapolaram os limites. 

"Depois ele escreveu: é brincadeira, ele foi enterrado pela areia do deserto, acho que o deus Seth não gosta dele. Depois de dois dias, eu desenterrei ele." Feup terminou de dizer, e como se tivesse decorado cada palavra que Aske escreveu, disse: "Ele também escreveu que não quer ser mais um escultor de areia, disse que não dá dinheiro. No final, ele declarou que está voltando para a vida de saques e roubo. Já dei a localização de onde estamos, em breve, Flony retornará… só de saber disso…" Ele fungou, "Para a minha alegria, meu amado estará de…" 

Thorfill interrompeu ele, "Entendi." 

Quem queria escutar ele falar tão apaixonadamente? Aske em algum lugar do mundo estaria cuspindo sangue por causa disso! Thorfill não permitiria isso. 

Feup atraiu o seu olhar para Tilf, querendo responder a pergunta dela, mas ele desistiu disso e perguntou: "Você está grávida até hoje? Parece que faz dois anos que você está com essa barriga gigante." 

Tilf revirou os seus olhos e rebateu: "Você ainda tem língua para conversar? Como o Aske não arrancou?" 

"Se eu não tiver a minha língua, como poderíamos nos beijar?" Feup rebateu de volta. 

Tilf arregalou os seus olhos e ficou sem palavras, "........................" 

Thorfill franziu o cenho, como assim língua? 

Embora quisesse perguntar, ele rapidamente se lembrou que este assunto era relacionado ao seu irmão mal-humorado. Ele, mais uma vez, estreitou o olhar, parecendo uma coruja sábia e instigante. Mas ele parou com isso, após pensar que, imagina: Tilf, Aske, Feup e Bellamy o encarando assim quando ele arrumasse um companheiro?! 

Absurdamente desconfortável, assustador! 

"Thorfillzinho, por que você ainda está me olhando como se eu tivesse me casado com a sua mãe?" Feup perguntou nervosamente, deu um sorriso nervoso e ficou ainda mais nervoso. "Você deveria olhar para o meu pai assim." 

"Eu já olho para o seu pai assim." Thorfill franziu o cenho. 

Leonard que lute. Cortejando Gruti, flertando descaradamente, sem pudor algum! Chamando os filhos dela de filhos. A alma de Enon se contorcia no inferno, quase saltando dos confins para agarrar aquele cachaceiro navegante! 

"Isso saiu um pouco estranho…" Feup abanou-se, "Se eu fosse Gruti ficaria com ciúmes." 

Uma risada escapou dos lábios de Tilf, ela murmurou enquanto alisava a sua barriga: "Está vendo Thor, você não deve ser idiota assim." 

Thorfill relaxou ao ver a sua irmã sem xingar um ser que nem mesmo havia nascido. Ele, por preguiça, escorou-se na janela, dizendo para Feup: "Assim que Aske e Flony chegarem, partiremos." 

"Não vai demorar, Aske criou um outro motor para o barco dele." Feup disse, "Embora não tenhamos mais IRIS, ele encontrou outro tipo de 'combustível' para o motor, chegarão em breve pelo mar, em dois dias ou menos." 

Thorfill ficou com cara de tacho. Ele queria inventar uma desculpa para ficar mais tempo em Atenas, achando que Aske e Flony iriam demorar para chegar. Quem imaginaria que os seus irmãos iriam chegar tão rápido? 

"É mesmo?" Thorfill forçou um sorriso. 

Feup queria responder com: 'sim, é mesmo. Tá surdo?', mas Thorfill abanou a mão, indicando que não precisava de mais palavras para quebrar as suas expectativas com a realidade. 

Feup ficou indignado, "Por que está me tratando tão estranhamente?" 

"Eu não estou." Thorfill disse. 

"Me tratando tão friamente!" Feup fingiu limpar lágrimas, "Como se eu tivesse bebido a sua cachaça, e eu realmente bebi! Isso não vem ao caso agora. Me tratando como se eu tivesse comido sua carne de cervo, guardada em sua cabine pessoal, escondida em uma ânfora egípcia, que tinha o desenho de um caranguejo." 

Thorfill ficou em silêncio, "......................" 

Ele não saberia dizer qual problema mental Feup possuía.

"Me tratando como se eu tivesse engravidado você, e dizendo adeus no instante seguinte, ao dizer que eu estou muito novo para ser pai. E eu estou realmente muito novo para assumir nosso filho. Meu amado, eu sei que você é forte para ser pai por nós dois!" 

Feup queria continuar com o seu teatro belíssimo, mas ele notou que a porta da câmara de descanso de Tilf rangeu levemente, um pintinho amarelo entrou sorrateiramente, junto com um homem. Os dois ficaram em silêncio, escutando em absoluto silêncio as palavras vergonhosas de Feup. 

Bellamy empalideceu, engoliu em seco. Sua mão que estava segurando a ponta da manga da roupa de Apolo caiu. Ele perguntou: "Eu serei tio novamente?!" 

Os olhos de Thorfill vagaram por Apolo; ele voltou a usar toga, deixando o traje de general para trás, uma lástima. Embora continuasse bastante bonito, o semblante dele estava carregado de frieza ao encarar Thorfill também. Desviando o olhar rapidamente, ele virou-se para Feup. 

"Como você conseguiu entrar aqui?" Apolo perguntou, em um tom frio ao se aproximar da cama de Tilf, com a sua aljava em mãos. 

Feup não sabia dizer se Apolo estava falando com ele. O ruivo apontou para si mesmo, perguntando: "Eu?" 

Apolo apenas encarou ele em silêncio, pensando qual era o nível de lerdeza daquele ali. Embora, esse pensamento tenha passado rápido, pois aquele ali, de lerdo nada tinha, já que conseguira invadir o palácio dele. O olhar de Apolo ficou afiado, não gostando da presença de um intruso ali, talvez por ética ou simplesmente porque invadir não era legal para o proprietário. 

Apolo ignorou isso, e com modos solenes, tirou algumas coisas de sua aljava. Ao avaliar a condição de Tilf e fazer algumas perguntas, a câmara ficou em silêncio. Principalmente Thorfill; que queria cavar um buraco no chão e se enterrar. 

Bellamy se aproximou dele, com euforia, ele abraçou as coxas de Thorfill, dizendo: "Eu consegui!" 

"Conseguiu o quê?" Thorfill perguntou sem emoção alguma ao imaginar que Bellamy havia arrumado outro grilo para criar.

Feup também achou isso, ele perguntou: "Conseguiu outro grilo?"  

Bellamy fez uma careta, enquanto dizia: "Não, mas eu em breve terei outro. Eu consegui, o General Guts vai me levar para o anfiteatro!" 

O corpo de Thorfill tremeu na base. 

"Para quê?!" Ele disse em um tom desesperador. 

O que uma criança faria lá?! Ele e Apolo assistirem um espetáculo sexual e homoafetivo tudo bem, mas Bellamy? Ele encarou Apolo, e este mesmo encarou Thorfill. Apolo ergueu uma das sobrancelhas escuras, como se tivesse entendido os pensamentos do idiota à sua frente. Porém, ele ignorou Thorfill e continuou a conversar com Tilf, dizendo que o nascimento de Thor estava próximo. 

Bellamy chamou Thorfill de besta e perguntou: "O que se faz em um anfiteatro?!" 

"Muitas coisas." Thorfill disse engolindo em seco. 

"Muitas coisas? Eu estou indo assistir aos jogos olímpicos." Bellamy franziu os lábios ao ficar confuso. 

Thorfill respirou com alívio. 

Um lampejo de ideia ascendeu em cima da cabeça de Bellamy, ele disse ao se virar para Apolo: "Thorfill pode ir com a gente?!" 

Outra vez, o corpo de Thorfill tremeu na base. 

"Eu não sei, ele parece ocupado." Apolo respondeu em um tom habitual, habitualmente frio como sempre. Seu olhar perspicaz encarou Thorfill seriamente, tirando uma conclusão, ele realmente estava muito ocupado para ir em um passeio com uma pessoa entediante. 

Thorfill engoliu em seco diante disso. Ele não estava ocupado, na verdade ele estava muito desocupado. Onde Apolo estava vendo que ele estava ocupado? Ele disse: "Não estou ocupado com nada, exatamente nada." 

Feup ficou ofendido, era era um nada? Exatamente um nada, reduzido a um nada. Feup virou sinônimo de NADA?! 

Apolo lançou um olhar gelado para os dois, como se um iglu tivesse formado em seus olhos. Ele levantou-se da cama de Tilf, tortuosamente dizendo: "Oh, é mesmo? Fico contente então." 

A insinceridade de Apolo não foi notada pelo inocente Thorfill, ele perguntou contente: "Quando iremos?" 

"Assim que eu terminar de avaliar…"Apolo foi interrompido. 

"Eu estou bem!" Tilf exclamou, "Não precisa mais me avaliar. Estou bem. Você está fazendo um grande favor já, claro que Thorfill irá recompensá-lo por isso, mas você deve tirar um descanso também. Vá sair, aproveitar, mesmo a companhia de Bellamy e Thorfill não sendo boa." 

Bellamy cruzou os braços, ficou com o semblante murcho, indignado. Onde ele não era uma boa companhia? Não havia companheiro melhor no mundo do que ele. Parecendo ficar com raiva das palavras de Tilf, ele caminhou até Apolo e puxou a manga dele, dizendo: "Mestre, deveríamos ir!" 

O semblante de Apolo ficou frio diante daquele 'mestre', não sabendo lidar com isso, ele afastou-se e caminhou em direção à porta, querendo ir embora. Bellamy, como uma andorinha, correu atrás dele. Feup sentou-se na cama de Tilf, aproveitando a partida de Apolo e, educadamente, deitou-se ao lado dela e fechou os olhos para dormir profundamente. Thorfill ficou parado. 

"Você está fazendo o que aqui?" Tilf perguntou em um tom estritente, "Burro, é para você sair também!" 

Thorfill a encarou, ele exclamou um breve: "Ah."  

Ele saiu rapidamente, tentando alcançar Apolo e Bellamy. Os corredores do palácio estavam cheios, serventes educados e bonitos indo e vindo. Thorfill alcançou Apolo depois de alguns minutos, ele estava rodeado de paladinos. Estranhamente, o Marechal Hermes não estava entre eles, ao invés disso, Bellamy liderava uma procissão até o anfiteatro, como se fosse um honorável líder. 

As ruas de Atenas estavam cheias de gente e animais. Os atenienses se juntaram na passeata lenta. As meninas, com idades entre cinco e dez anos, estavam vestidas com túnicas cor de açafrão. Elas interpretavam um urso para apaziguar a deusa Ártemis. Apolo sentiu o seu humor piorar com isso. Thorfill foi varrido por várias pessoas no caminho, por ser mongolóide, ele até mesmo sentiu algumas apalpadas em seu corpo. Talvez as pessoas estivessem tentando roubá-lo, por sorte, não havia nada em seus bolsos. Ele empinou o nariz, orgulhoso de sua ideia de não andar com ítens valiosos. 

Aos olhos do povo, Thorfill era um meteco bonito. Para eles, pessoas bonitas também eram ricas! 

Thorfill estava distraído, até sentir algo frio contornar o seu pulso. Havia dedos pálidos e belos agarrando o seu pulso. Ele foi puxado, atropelando uma ou duas pessoas para chegar até Apolo, que o puxou bruscamente. Sem dizer nada, Apolo conseguiu demonstrar em um olhar, ele estava criticando a postura de Thorfill. Não se sabia qual postura, mas ele estava.

Os dois caminharam lado a lado, em silêncio. Thorfill mastigou os seus lábios, embora não tenha dito nada, Apolo tirou uma conclusão e perguntou: "Por que está me evitando?" 

"Eu não estou." Thorfill respondeu levianamente. 

"Você está, eu não sou burro para não notar isso." Apolo disse rispidamente. 

Seu olhar ao encarar Thorfill estava carregado de fúria. Ele simplesmente não tinha feito nada de errado para ser ignorado. Desta vez, realmente, nenhuma ação sua poderia ter causado o silêncio de Thorfill, ao menos quê! O olhar de Apolo ficou sombrio ao pensar nisso. 

Ele ignorou as pessoas ao seu redor, e perguntou: "Está com raiva de mim por que eu destruí a sua reputação? Manchei a sua masculinidade ao fazer aquilo no templo?" 

Que reputação? Thorfill nem ao menos tinha isso. E como uma mão amiga poderia destruir a sua masculinidade? Não fazia nenhum sentido a pergunta de Apolo. Thorfill estava pensando em como responder isso, até que, Apolo simplesmente considerou o silêncio de Thorfill como um: sim, você destruiu a minha reputação e masculinidade. 

O rosto de Apolo ganhou uma cor picante por conta da raiva. Uma raiva súbita que aqueceu o seu peito. Ele parecia não querer dizer nada, mas ao mesmo tempo parecia querer dizer tudo. Sem mais diálogos, a falta de comunicação atrapalhou o momento. Apolo afastou-se de Thorfill, ainda parecendo enfurecido. 

Thorfill: "...............?" 

Thorfill parecia sempre estar pisando na bola, embora o coitado não estivesse fazendo nada. Não era fácil para ele se expressar também, ainda mais agora, com algo tão novo para ele. Novo em si, pois, ele nunca havia sentido um formigamento entre as pernas, e nunca havia se exposto de tal forma antes. Mas era incrível o fato de ter sido Apolo a ajudá-lo em seu problema. Se houvesse reputação, Apolo poderia destruí-la quantas vezes quisesse, mas daquela forma. 

Mais uma vez, o anfiteatro recebeu a visita de duas pessoas complicadas, com os hormônios à flor da pele… em segredo e bem grandinhos já. O lugar estava cheio de homens, trajando armaduras, empunhando espadas e se protegendo com escudos. Os jogos olímpicos já haviam começado, e nasceu um ditado em homenagem ao rei de Atenas: Ou ele chega atrasado, ou ele chega adiantado, mas nunca chega no horário marcado. 

Apolo sentou-se para assistir aos jogos. O semblante dele estava tão frio. Ele parecia tão mal-humorado que as pessoas estavam até com medo de se aproximar dele. Thorfill também estava, mas sentou-se ao lado dele. Perplexo por não ter levado um outro tapa na cara. Embora Apolo estivesse calmo nos últimos dias, ainda não era bandeira branca entre eles dois. 

Thorfill não estava interessado em assistir aquele espetáculo. Ele prestou atenção em uma corrida e estreitou o seu olhar ao ver um competidor. O homem em cima da carroça era velho, tão velho quanto uma múmia, parecia uma tartaruga de idade avançada e xingava os outros competidores na arena. Ele ganhou a corrida no final, uma medalha de ouro, entregue por uma mulher bonita. Ao ganhar, os dois caminharam na direção das arquibancadas e, silenciosamente, sentaram-se atrás de Apolo. 

"Vocês…?" Thorfill franziu o cenho ao ver o sacerdote e a sacerdotisa Aqua. 

Ao lado, Apolo disse: "Velhos são surpreendentes." 

O sacerdote cuspiu, esbanjando a medalha de ouro no seu pescoço. Ele gritou para Apolo: "Velho é você, tem trinta e um anos, solteiro, amargurado e vadiando. Neste tempo, a idade máxima de vida é quarenta anos! Em breve, eu estarei dançando ragatanga em cima das suas cinzas." 

Apolo pareceu não compreender as palavras de seu próprio mestre, embora o velho sempre fosse louco e dissesse coisas estranhas, essa de 'neste tempo' e 'dançar ragatanga', foram absurdamente estranhas. 

Apolo disse em um tom ríspido: "Que seja." 

Ele voltou a prestar atenção na arena. Não se sabia qual frase havia sido um gatilho para ele, mas Apolo não voltou a conversar até o final dos jogos olímpicos. Quando Apolo ficava em silêncio, as pessoas ao redor dele, consecutivamente, também ficavam em silêncio. A sacerdotisa Aqua estava com uma fita de seda sobre os seus olhos, isso a deixou com um visual misterioso e, de fato, ela era bastante misteriosa. Achando que ela fosse cega, algumas pessoas ao redor dela foram gentis, oferecendo comida e cerveja. Um sorriso rápido apareceu em seus lábios. 

Thorfill estava distraído, no mundo da lua, enquanto assistia uma corrida com carroças. Porém, ele lembrou-se que estava deixando algo passar em branco. Ele estreitou o olhar ao perceber que sua percepção estava atrofiada ultimamente. Thorfill virou-se para Apolo e perguntou: "Onde está Bellamy?" 

"Por que eu saberia?" Apolo franziu o cenho. E disse com ignorância: "Ele é seu irmão, não meu." 

Acostumado com o jeito de Apolo, Thorfill o encarou com olhos atentos. O olhar não durou muito, até ele se levantar e sair à procura de Bellamy. Ao caminhar, atraindo olhares furtivos de vários atenienses para si, ele andou em passos rápidos, querendo fugir rapidamente como o diabo fugia do céu. O clima estava horrível, não fazia sentido permanecer ao lado do César Nono de Atenas. Um diálogo era em vão. Thorfill passou pelas arquibancadas, olhando para todo lado em busca de uma cabeleira loira. Mas, ao olhar para a arena rapidamente, ele encontrou o ouriço fujão. 

Thorfill ficou em silêncio, "..................." 

Bellamy estava planejando se enfiar em uma carroça, mas antes que ele pudesse concluir o seu plano, ele sentiu algo agarrar o seu cangote. Como o filhote recém nascido de uma leoa, ele foi erguido e retirado da arena. Ele ergueu o olhar, pronto para duelar com a pessoa que o agarrou, mas ele sorriu nervosamente ao ver Thorfill. 

"Mano." Bellamy disse, ainda sorridente. "Bom vê-lo novamente, muitas saudades." 

Thorfill lançou um olhar de coruja para ele, dizendo: "Sua cobra peçonhenta, o que você estava planejando?" 

"Eu não enxergo muito bem, me aproximei para assistir melhor." Bellamy coçou o nariz por cima da cartilagem. 

Obviamente, Thorfill não acreditou nisso. Ele ignorou, sob o olhar atento de vários atenienses, ele deu um cascudo em Bellamy, que nem ao menos doeu. Ele disse: "Pare de fazer coisas estúpidas, na sua idade eu era mais comportado." 

Bellamy ficou sem palavras, "..................." 

Onde o seu irmão mais velho era comportado? Ele sabia que Thorfill fugiu várias vezes da Ilha de Reiwa, fazia saques desenfreadamente, participou de combates sangrentos e matou o pai deles. Onde diabos ele era comportado? Muito hipócrita, isso sim! Bellamy esperneou no ar, mas não conseguiu se livrar de Thorfill. 

Ele disse: "Você não era coisa nenhuma!" 

Thorfill, dessa vez, ficou sem palavras. "....................." 

Como aquela peste poderia falar com tanta convicção?! 

Ele queria jogar Bellamy para alguém cuidar, mas se esqueceu que Tilf, Aske e Flony não estavam por perto. Thorfill retornou para o seu devido lugar. Ao se aproximar, percebeu que havia um mutirão de atenienses ali. Ao redor de Apolo, que estava com um semblante indicando impaciência. O sacerdote observava atentamente, quando Thorfill se aproximou, ele foi fofocar com o ex-lendário Viking de Reiwa. 

O sacerdote se aproximou sorrateiramente, "Eu adoro esse tipo de treta." 

Thorfill franziu o cenho ao ver uma mulher chorando na frente de Apolo, enquanto um homem ao seu lado bravejava, gritando com fúria: "Vossa alteza, o filho que ela carrega em seu ventre não é meu! Eu já fui casado com três mulheres, e nenhuma nunca engravidou. Eu não posso ter filhos! Como poderia ser meu?!" 

"Haha." O sacerdote riu. 

Os atenienses deixaram de assistir aos jogos olímpicos para ver aquele espetáculo, onde há um traidor e um traído. Era tudo mais interessante e eufórico. Embora o rei de Atenas resolvesse alguns assuntos do seu povo, um caso de traição deixou Apolo surpreso. Logo, o seu semblante se tornou indiferente para aquilo, não querendo resolver um caso de traição, mas ele sabia que se não resolvesse, aquela mulher à sua frente teria um destino pior que a morte. Um homem trair era comum, mas a mulher não poderia fazer o mesmo, ela sofreria retaliações de seu próprio marido e teria o seu rosto desconfigurado. Seria alvo de chacota em Atenas e nunca mais teria paz em sua vida. O destino de seu filho bastardo seria o pior.

Embora o volume na barriga dela fosse inexistente, a mulher na frente de Apolo a protegeu. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, ela disse com a voz embargada: "Vossa alteza…" 

Apolo não esperou pelos pedidos de misericórdia, ele perguntou: "Você o traiu?" 

A mulher engoliu em seco e deixou um soluço escapar. O seu marido estendeu a sua mão, pronto para desferir uma bofetada no rosto de sua esposa. Os atenienses observaram em silêncio, não reagiram ou demonstraram piedade. Thorfill franziu os lábios ao ver isso, por notar como a cultura dele era diferente daquelas pessoas ali. Pois trair não era algo tão sério entre os vikings, acontecia muito, mas ambos os lados se resolviam sozinho… se resolviam brigando, caindo na porrada, não havia conversa pacífica.

Antes que a mão grudenta do homem pudesse acertar a mulher, Apolo a agarrou. Com muito custo, ele a abaixou e depois limpou a sua mão. Ele disse friamente: "Não levante novamente o seu pulso na minha frente. Ela ainda não me respondeu, e você está atrapalhando." 

Outro soluço escapou dos lábios da mulher, ela disse: "Não consegui evitar…" 

"Está vendo, ela é uma vagabunda!" O marido dela gritou. 

Os atenienses balbuciaram baixo, dizendo entre eles que ela realmente era uma vagabunda desleal e uma prostituta. 

"Sete dias atrás, um estrangeiro apareceu em minha residência!" O homem voltou a gritar, "Eu sou um homem gentil, permiti que aquele lamentável homem pudesse ficar. Comemos juntos, e tinha apenas o estábulo para ele dormir, não pude permitir isso. Dormimos todos juntos, quem poderia imaginar que, no meio da noite, a minha esposa iria brincar com ele na cama! Sob o meu próprio teto!" 

Ao escutar estrangeiro, os olhos de todos se voltaram para Thorfill. Ele fez uma careta, pensando que nem ao menos conhecia a mulher para ficar com ela, sem contar que, ele esteve no palácio de Apolo o tempo todo e saiu apenas para ir ao templo de Eros e Psiquê. 

Ao escutar as palavras bravas do homem, a mulher chorou ainda mais. Até mesmo o seu corpo tremia e ela ficou pálida. Apolo desviou o seu olhar de Thorfill, encarou ela e perguntou: "Você não pôde evitar por que não teve forças?" 

A cabeça da mulher balançou levemente, confirmando. O olhar de Apolo ficou sombrio. Ele virou para o homem, perguntando em um tom ríspido: "Sob o seu próprio teto, em sua própria cama, a sua mulher foi forçada, e você continuou a dormir tranquilamente? Ao lado, sem acordar? Isso é um pouco suspeito, devo acreditar que você tenha um sono muito pesado?" 

O homem engoliu em seco, ele gaguejou ao confirmar: "S-sim." 

Apolo obviamente não acreditou nisso. Antes que os atenienses pudessem se virar para Thorfill e acusá-lo, ele perguntou: "Como era o estrangeiro?" 

"Alto como uma árvore, olhos esmeralda, os fios de cabelo lembravam fios de ouro." A mulher disse com a voz trêmula, "Ele era um estrangeiro forte, estranho e parecia um dramaturgo. Ah, algo mais! Ele tinha apenas uma mão." 

Apolo se levantou lentamente, seu olhar ficou tão frio quanto a neve que varia a Groenlândia. Sua aura ficou ainda mais sombria, parecia que ele até mesmo estava presenciando o cadáver de Ravi novamente. O ódio pareceu abrir o seu peito, rasgar a sua alma e, tentando sair, esfolou o seu peito, escapando para fora. Os paladinos que estavam tranquilos, assistindo os jogos, pensaram que estavam de férias, até Apolo agarrar o pescoço de um e perguntar com fúria em seu tom de voz: 

"Cadê o Marechal Hermes?!" 

O paladino ficou pálido, se perguntando que diabos estava acontecendo. Perdido em confusão, ele respondeu: "Eu não sei! Ele ainda não voltou da expedição!" 

"E ele nem voltará." Apolo disse friamente. Ele lançou o paladino para o lado e, ainda em fúria, encarou o homem à sua frente, mas o ignorou. Ele aproximou-se da mulher e perguntou em um tom de voz baixo, para que os malditos curiosos não pudessem escutar: "Você tem certeza que está grávida?" 

"Tenho." A mulher disse em um sussurro deplorável, "Eu e meu marido nunca conseguimos… comecei a achar que o problema fosse eu. Mas eu sinto que estou." 

"Como quer levar isso adiante?" Apolo cerrou o olhar, "Sua decisão, esclareça-me, irei ajudá-la. Seja querer tê-lo ou não." 

A mulher ficou um pouco surpresa com as palavras de Apolo. Ela não tinha pensado ainda no que queria, era difícil tomar uma decisão também. Ela estava grávida de um abusador, um estrangeiro monstruoso que havia desaparecido. E agora, seu marido queria matá-la. Ela não sabia o que fazer, estava perdido e sem rumo. Com medo de seu marido, com medo da sociedade e além de tudo, com medo daquele estrangeiro voltar. Mas era ainda mais assustador estar grávida de uma situação tão vergonhosa, já que ela não pôde se defender. Ela não queria, realmente não, mas o seu marido estava acordado, porém não ajudou, por medo do estrangeiro também. Mas agora ele estava com o ego ferido e não queria mais a sua mulher suja. O homem queria que ela fosse pisoteada por julgadores, apedrejada e morta junto com o seu filho bastardo. 

"Eu não sei…" Ela começou a chorar compulsivamente, "Vossa alteza, eu não sei!" 

Apolo compreendeu, ficou em silêncio e, mais uma vez, se culpou. Porque ele deveria ter matado Ártemis há muito tempo. Sua piedade por um ser tão nojento, mais uma vez, destruiu a vida de outra pessoa. Ravi estava morto, mas aquela mulher à sua frente não. Os olhares que ela estava recebendo dos atenienses e de seu marido… eram assustadores. Ela estava com medo e apavorada. 

"Você disse que foi casado com três mulheres, à sua quarta foi recebida com muita graça." Apolo disse de repente. Não compreedendo as suas palavras, o marido daquela mulher ficou indignado, antes que ele pudesse defecar pela boca, Apolo disse: "Vocês sabem quem é alto como uma árvore, tem olhos esmeralda, e os fios de cabelo lembram fios de ouro?" 

Os atenienses rapidamente atribuíram essas características ao deus Apolo. Conhecido por seus sedosos cabelos loiros amarrados em um coque. Beleza e fama de ter muito companheiras e companheiros. 

"Vossa alteza está dizendo…?" Um ateniense pensou rapidamente na possibilidade da mulher ter fornicado com o deus Apolo. 

Apolo o ignorou, e continuou a dizer: "Como vocês podem estar olhando para ela desta forma? Com desdém e nojo? Ela carrega o filho de um deus divino. Todos sabem que Zeus e seus filhos sempre estiveram andando entre nós, pregando peças e dormindo com nossas esposas e esposos." Ele virou-se para o homem, que estava mais branco que papel. "Em sua residência, você recebeu a visita de um grande deus, como poderia estar fazendo esse descaso todo? Você deveria se ajoelhar perante a sua esposa e contemplá-la." 

Ao lado, o sacerdote disse também: "O oráculo havia me avisado da visita de Apolo. Uma pena que ele tenha que presenciar uma situação dessas. Nós deveríamos cuidar desta mulher, ela carrega um semideus em seu ventre!" 

O sacerdote era muito respeitável, todos sabiam que ele conversa com o oráculo. Ao finalizar as suas palavras, os atenienses sentiram a pele estremecer. Eles rapidamente se ajoelharam, pedindo perdão audíveis para a mulher, que ficou assustada. O marido dela também ajoelhou-se, abraçou as pernas dela e chorou de emoção, soluçando e agradecendo aos deuses no olimpo. 

Apolo ajoelhou-se também, diante o filho de um deus, ele deveria fazer isso para sustentar a sua mentira. Ele aproximou-se suavemente dos ouvidos daquele homem, sussurrando: "Eu estarei de olho em cada passo que você der. É melhor cuidar dessa mulher muito bem, caso contrário, você não terá uma quinta ou sexta esposa." 

O homem engoliu em seco, imaginando que o deus Apolo pudesse ser o César Nono de Atenas. Ele tremeu tanto que até caiu no chão, tão assustado que poderia morrer ali mesmo de infarto. Um sorriso suave apareceu nos lábios da mulher e ela sussurrou um: 'vossa majestade, obrigado'. Apolo se retirou após isso, ainda parecendo furioso, mas furioso com si mesmo. 

Leonhardt Sephalla. 

O sacerdote tinha toda razão. 

Apolo errou duas vezes, e ele não insistiria mais nisso. Não insistiria em ajudá-lo mais. Quem poderia saber que ele entraria na mente do Marechal Hermes, faria este mesmo o libertar, e mentiria para o rei de Atenas, fingindo e dizendo que Ártemis estava morto e que iria em uma expedição para entregar as cinzas dele para a Rainha Guilhermina! 

Aquele maldito bastardo ainda estava vivo. 

Apolo saiu do anfiteatro furioso, sendo seguido por paladinos. Thorfill e Bellamy estavam com tanto medo de Apolo que não ousaram dar um pio pelo caminho de volta ao palácio! Os dois se encararam em silêncio, e entenderam que assim deveriam permanecer. Embora um problema não tenha sido resolvido, outro estava próximo. 

O pátio do palácio estava cheio de serventes desesperados, correndo em círculos. Apolo se irritou com aquele monte de baratas tontas e agarrou um, perguntando: "O que aconteceu?" 

O servente era pequeno, estava mais branco que papel. Ele engoliu em seco, como se tivesse visto um monstro, mas ele apenas disse: "A selvagem está gritando de dor! A bolsa estourou! Ela está caída lá na câmara, não sabemos o que fazer, vossa majestade!" 

O nascimento de Thor estava próximo. 

Embora isso fosse algo atormentante, os serventes estavam muito desesperados, com medo e apavorados. Apolo estranho isso, alguns estavam até mesmo machucados e sangrando muito. Ele franziu o cenho e especulou: 

"Quem está dentro do palácio?" Ele perguntou em um tom de voz frio. 

Vários serventes gritaram com desespero: "Ártemis!" 

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APRESENTAÇÃO DA OBRA:  SINOPSE SUJEITA A ALTERAÇÃO:  – “Há apenas uma única ação tola, capaz de gerar uma grande consequência do que, um dia, alguém julgou ser uma boa escolha.” – ditou o pai, sorrindo calmamente. – Apaixonar-se é essa escolha, Yin Chang.  Nenhum leitor troll seria capaz de revelar que essa frase tão reflexiva e pertencia ao livro "Guerrilha de Zhou", por simplesmente odiá-lo. E Shen Shining, que era um leitor troll, não era diferente dos demais.  Ele, que encontrou por acaso o arquivo misterioso do livro em seu notebook, acabou tendo a curiosidade atiçada. Por ler apenas metade da sinopse curta de Guerrilha de Zhou, uma chuva de insultos saiu de sua boca:  – Harém, lutas, artes marciais, plot twist? Que porcaria é essa?!  Abocanhando um pedaço de pizza envenenada, ele continuou xingando até perder o foco da visão e cair no chão, morto. O tal se vê em uma situação problemática quando tem a alma teletransportada para o enredo libertino do livro que l

BLLAU NOVELS

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Lúcifer, a estrela do amanhã

Heilel Ben Shachar, o portador da luz.  Ele, que foi contra Deus, caiu no mundo e espalhou a sua doutrina e ensinamentos acaba conhecendo Jesus. O mais conhecido como Lúcifer, o leva para um monte altíssimo, e lhe mostra todos os reinos do mundo e a sua glória.  Heilel Ben Shachar questionou Jesus sobre Deus várias vezes, este mesmo ficou em silêncio e se negou a responder. Sob o silêncio, Lúcifer imitou um ditador do qual ele venera, com ironia e sarcasmo.  Jesus, perante aquilo, calou-se no encontro. Depois disso, perante os seus seguidores, Jesus diz: A estrela da manhã tens bastante sabedoria. Ele é mais sábio que Daniel. Não somente é bonito, mas também muito inteligente.  Até o filho do adversário de Heilel Ben Shachar reconhecia a sua sabedoria!  Ao ouvir suas palavras, Heil Ben Shachar, com o seu jeito irônico e sarcástico, se torna um seguidor de Jesus. Sempre o questionando do porquê seguir Deus.  Porém, os questionamentos passam dos limites quando Heil Ben Shachar se aproxim