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Capítulo 8

Volume 1

   Capítulo 8: Raposa Astuta 

Na manhã seguinte, Shen Shining desejou perecer. 

O trajeto até o condado de Ziya fora maçante do começo ao fim, dando-lhe a impressão de estar vagando errante. Serpenteando entre trilhas, ziguezagueando entre distritos populosos, tendo em vista apenas as costas de Yin Chang por todo o caminho, não o agradava de forma alguma. Mas ele, sendo nada além de um humano comum, que nunca esteve em contato com as artes marciais e não possuía elementos de feitiçaria, seria impossível haver fôlego suficiente para caminhar ao lado do protagonista. 

– Yin Chang. – Shen Shining encaminhou os olhos para baixo e gerou uma consistente aparência de lamentável ao chamá-lo. – Seus passos são tão velozes e alinhados porque você pratica Artes Marciais, certo? Se eu me tornar praticante da técnica, poderei acompanhá-lo sem ter que observar suas costas? 

– Treinar artes marciais é um processo lento e doloroso. – Lhe fora respondido rusticamente. – Não pense tão tolamente. 

– Não devo ser considerado tolo por querer me proteger. – Shen Shining respondeu à altura. – Se eu me tornar poderoso igual a você, o ancião não ousaria estender a mão a mim nunca mais. 

O protagonista entrara em estado de quietude, sem lhe mostrar resquícios de arrependimento pelo dito rude. Não obstante, em um ato de benevolência, passara a andar em passos curtos no momento seguinte, para que o tolo na retaguarda dele, pudesse alcançá-lo, ou, até mesmo ultrapassá-lo na estrada, se assim desejasse; essa ação acabou não sendo notada de imediato. 

A fim de querer distrair-se do tédio que sentia dominando cada célula do corpo, Shen Shining começara a cantar uma música na cabeça, ambicionando que seu fone de ouvido via bluetooth tivesse sido teletransportado junto com o smartphone dele, quando percebera que as costas de Yin Chang já não eram a vista principal perante ele, e sim muitos lírios do campo. 

– Essa courela¹ é a porta de entrada para o condado de Ziya? – perguntou, resistindo em aproximar-se das flores brancas. 

– Como conseguiu identificar? 

– A palavra Ziya carrega o significado de pureza e inocência. – Sua boca curvou-se num sorriso radiante. – E os lírios brancos simbolizam a pureza do corpo e da alma, a inocência, amor puro e incondicional. Não foi um enigma muito difícil, concorda?

– O barão responsável pelo condado deveria ter sido mais criativo. – A expressão de Yin Chang tornou-se branda. 

O vento contundente jogava o cabelo de Shen Shining para trás com toda força, mas não havia naquele momento sensação melhor do que essa. Talvez somente o fato de estar andando de igual para igual com o protagonista da história o deixava feliz.

Lamentavelmente, filósofos contemporâneos já citavam em redes sociais: alegria de necessitado dura pouco.

Vociferações femininas de restrições vieram de todos os cantos. Sentinelas que possuíam brasões de ouro presos nas golas de suas túnicas vermelhas, faziam expedições na courela, quando notaram dois visitantes sem orelhas pontudas aproximarem-se. 

– Neste momento, não podemos autorizar a entrada de ninguém no condado de Ziya. – esclareceu a sentinela mais próxima. – São ordens restritas. Peço que voltem outro dia. 

– Por que não podemos entrar? – Shen Shining presumiu que o protagonista não iria considerar o pedido dela e tomou à frente, questionando-a: – Algo grave aconteceu no candado? 

– O principal barão da casa Ming foi assassinado. Agora, não podemos deixar nenhum residente sair ou entrar no condado de Ziya até o assassino ser encontrado. – A sentinela suspirou com desânimo, tendo na face pálida o necessário para deixá-los com pena de incitá-la do contrário. – Tenho certeza que vocês não estão com muita pressa e podem esperar as autoridades de Ziya encontrarem o assassino. 

– Por que não podemos entrar? Não somos residentes. 

– Sejam forasteiros ou residentes, não permitirei a entrada. 

As melhores ideias do homem transmigrado desabrochavam de situações aleatórias — planos mirabolantes fluíam como água! A primeira opção era: fazer o protagonista se tornar suspeito de ser o autor do crime, assim fazendo ele demorar semanas a fio para provar a inocência dele e lutar pela liberdade. E a segunda opção era a seguinte: 

– Eu posso descobrir quem matou o barão! – anunciou. 

Colocar em prática a primeira opção que tivera estava longe de cogitação. As leis daquele mundo eram desconhecidas por ele. E se o dito popular “Olho por olho, dente por dente” estiver em vigor? Yin Chang poderia acabar sendo morto por vingança. 

– Meu nome é Shen Shining! – E antes de morrer, ele via CSI em Nova York. – E eu posso descobrir quem matou o barão!

– Bah. – A sentinela murmurou. – Que perda de tempo.

Yin Chang escutava tudo atentamente, petrificado ao lado. 

– Passe o caso para ele, Ah-Sui. – disse alguém de voz aveludada. – Tenho certeza que ele é um bom investigador. 

Por todo esse tempo, havia uma carruagem estacionada em frente ao portão principal do condado de Ziya. A voz aveludada que havia dado a ordem para a sentinela Ah-Sui, pertencia ao homem que estava encostado na janela da carruagem. Usando túnica azul clara, com um hanfu fino de seda por cima dos ombros largos, ficava evidente a riqueza dele. Seu cabelo longo e prateado estava amarrado em um rabo de cavalo alto, e o leque de metal nas mãos tampava seu rosto, deixando apenas o delineador carmesim nos cantos dos olhos cinza-aço à vista. 

– Oh, Yin Chang, não estava esperando vê-lo tão cedo. – Cordialmente dizia. – Zhou Lan, aquela loira fofoqueira já lhe contou sobre a minha lastimável situação? 

Não aguardou pela resposta do jovem temperamental e mostrou estar ciente de que seria ignorado, quando continuou com o leque escondendo seu rosto. Todavia, pelo pequeno inchaço sob os olhos cinza-aço, podia-se perceber que ele sorria largo. 

– Investigador, você está acompanhando Yin Chang para algum lugar? – Os olhos traiçoeiros foram direcionados para a figura tola de Shen Shining. – Oras, mas que destino imprevisível… 

Suas ações sutis e modos graciosos de vestir-se indicavam que ele era alguém muito valioso na sociedade. Talvez ele fosse o pai do protagonista? Ou até mesmo uns dos vilões na história original? De qualquer forma, isso não importava. Seria melhor manter distância, já que ele parecia ser uma raposa astuta. 

– Investigador, suas bochechas estão tão vermelhas. Yin Chang fez você andar sob esse sol quente? – Continuou. – Ele não sabe que isso é perigoso? Vocês passaram protetor solar? 

Sua forma de falar indicava que ele realmente estava aflito com a possibilidade do protagonista estar ziguezagueando sob o sol quente, sem o devido uso do protetor solar, e carregando um companheiro em condições analógicas às de um escritor; sem banho por alguns dias, cabelo despenteado, desnutrido, e quase ficando anêmico. 

– Venham, entrem na carruagem e descansem. Se estiverem com fome, há alguns doces que vocês podem comer aqui. 

– Agradecemos. Você é uma pessoa muito gentil. – Shen Shining jogou todas as suspeitas para o alto e agradeceu aos céus por ter aparecido alguém tão bondoso em seu caminho. 

O protagonista olhou-o em descrença. 

– Irei chamar o cocheiro da minha família para guiar os cavalos de Lorde Ming até a sua respectiva residência. – anunciou a sentinela Ah-Sui em retirada. – Serei rápida. 

– Não tenha pressa, querida. – Lorde Ming acenou em concordância. 

Os dois jovens entraram na carruagem de quatro rodas. Sentando-se juntos no mesmo banco estofado e estreito, ficaram estáticos perante o Lorde Ming, aguardando em mudez a chegada do cocheiro. Quando o velho homem fora avistado por eles dois, acenaram suas cabeças em cumprimento e o viram se sentar do lado de fora, no banco do condutor em frente a cabine, para agarrar as rédeas vermelhas de lã dos cavalos e os guiarem pelas ruas. 

Tal meio de locomoção adornado com pinturas a óleo no tecido do teto era confortável e elegantemente vermelho por dentro, do carpete do chão até às cortinas de veludo presas nas aldravas das janelas, entregando elegância visual tanto para os passageiros quanto para os transeuntes do lado de fora. 

– Esta carruagem não produz tanto ruído. – Shen Shining sussurrou para que apenas Yin Chang pudesse escutar. 

– Sim…

– Ela é um modelo único, revestida três vezes a mais com camadas de madeira para abafar o som dos galopes. – Lorde Ming teve a pachorra de interromper Yin Chang com gozo. 

Quão bons os ouvidos dele poderiam ser para escutar um murmuro mais baixo que o voo de libélulas? Que ilógico. 

– Meu sobrinho tem sensibilidade auditiva, e o barão da casa Ming fazia uso da carruagem para levá-lo a passeios por toda a cidade. – Prosseguiu com o dito. – Oh, aliás, jovem investigador, como pretende capturar o assassino do meu amado tio? 

– O barão assassinado era seu tio?! – disparou Shen Shining com surpresa. 

Na verdade, o único plano era usar a morte do barão da casa Ming como meio de atraso. E nada além disso. Por que agora ele tinha que ajudar um lorde insensível, que não parecia nem um pouco triste com a morte de seu parente próximo? 

– Exato. – Lorde Ming acomodou-se no assento, como se para deixar claro o conforto que seu automóvel lhe proporciona. – O cadáver dele foi encontrado no mesmo dia de sua morte, caído no chão de nosso pátio. A garganta foi destruída para não emitir gritos de terror. Por motivos desconhecidos, os olhos dele foram arrancados junto com as orelhas e o nariz. Muito lamentável. 

Alguém presente naquele cubículo sentira calafrios que não foram causados pelo frio; não era preciso mencionar quem. 

– Vocês aceitam aqueles doces que mencionei antes? – Lorde Ming baixou o leque de metal, acabando por revelar um sorriso com dentes bem alinhados e brancos. – São Barba de Dragão². 

Shen Shining passou a olhá-lo atentamente. 

– Por que está me encarando tanto? – Lorde Ming o questionou. – Sou tão elegante ao ponto de merecer toda sua atenção? 

– Sim. – Ele respondeu-o com descrença. – Mas como o senhor consegue pensar em comer doces depois de ter dado essa descrição lastimável do cadáver de seu próprio tio?

Lorde Ming riu, sem pudor. 

– Quanta sensibilidade para um investigador. – Se deixou ser guiado por pensamentos altos. – À vista disso, Yin Chang deve ter gostado de sua companhia por causa desta boa aura perceptível. 

O protagonista inesperadamente cerrou os olhos em direção ao Lorde Ming e o especulou rudemente: 

– Sendo o principal colaborador da aliança de Zhou Lan, tenho certeza que há planos a serem colocados em prática no Centro Humanoide, ou estou errado? 

– Ah, esses planos. – disse Lorde Ming. – Eu estava prestes a partir para Chang'an quando avistei o cadáver de meu tio. Sinto que não posso executar nada sem antes fazer justiça por ele… 

Era óbvia a encenação dele. 

– Yin-Coquinho, será que você poderia me ajudar? – Apoiou a palma da mão virada para cima rente a testa, e fechara os olhos. – Encontre o assassino e eu irei recompensá-lo! Seguirei de acordo com o plano de Zhou Lan e voltarei para Chang'an. 

– Quando eu encontrar o assassino, Lorde Ming terá que cumprir sua palavra, pois eu prometo cumprir a minha.

O homem transmigrado naturalmente ficara abismado. 

Não era ele o suposto investigador? Por que diabos Lorde Ming pretendia recompensar apenas o protagonista?

Sendo descartado daquela forma, tendo suas habilidades e profissão inexistentes ignoradas, ele encarou Yin Chang com chamas nos olhos. Então esse era o poder do protagonismo? Favoritismo avassalador? Quem foi o autor que escreveu esse enredo podre? Alô, Shen Shining tem reclamações e críticas construtivas. Muito "construtivas", hehe. 

Os cavalos de pelagem preta só pararam de galopar quando o cocheiro avistara quatro extensas residências tradicionais de três andares no final do quarteirão. Na entrada de telhado em arco, havia ideogramas indicando que a principal família Ming residia ali, nos cinco pátios que conectavam as quatro habitações de arquitetura robusta.

Lorde Ming descera da carruagem sendo seguido pelos dois convidados inesperados e indicou ao cocheiro onde estacionar a carruagem. Logo após despedir-se dele em curtas palavras, levou os convidados para atravessar a ponte sobre a superfície do pequeno lago e, passando sob uma abertura circular de seguimento com a parede do jardim, chegou no pátio central do conjunto residencial. 

– Creio fielmente que meu tio tenha sido esfaqueado dentro de sua própria casa. Em busca de ajuda, ele se arrastou até o meu pátio e acabou perecendo aqui onde estamos pisando agora. – Lorde Ming estava inquieto, mas não deixou isso transparecer; escolheu sorrir gentilmente. 

– Vasculhou a casa dele? – Yin Chang havia perguntado.

– Não encontrei tempo para fazer isso. – O sorriso gentil nos lábios não havia sumido, mas sim dobrado de tamanho. – E eu não tive o luxo de poder pensar em outra coisa que não fosse em seu quase retorno do Reino Inferior. Ei, jovem investigador, você sabia… 

– Sinto uma energia ressentida aqui. Irei averiguar. – Yin Chang virou-se para partir. – Shen Shining, venha comigo.

Essa era a primeira vez que o protagonista o chamava pelo nome! 

– Yin-Coquinho, a casa de meu tio é a penúltima do pátio! – Lorde Ming vociferou de onde estava. – Boa sorte, crianças! 

Shen Shining engoliu em seco pelo chamado sem emoção e seguiu Yin Chang com regozijo até a penúltima residência do pátio. Assim que a aldrava da porta fora puxada por ele, o odor da morte veio envolvê-los. E se a intenção era abrigar medo nos corações deles dois, falhara miseravelmente; ambos já sentiram o tenebroso gosto amargo da morte sem temerem-a. 

O protagonista ultrapassou a soleira da porta sem hesitar, e o outro tampou o nariz com as mangas da túnica, e o seguiu pelas salas e cômodos da residência do falecido. Tão penumbroso era o ambiente, e mesmo notando o quão, Shen Shining tentou ver a face de Yin Chang em meio a escuridão da qual não se podia enxergar seus dedos se estendesse a mão rente ao rosto. 

De peito estufado, ele tentara se localizar, e falhara na missão ao avançar alguns pequenos passos instáveis e tropeçar em, aparentemente, degraus de mármore. 

– Venha por aqui. – A voz do protagonista soou perto. 

– Seja específico. – Shen Shining pediu. 

Houve um suspiro curto escapando dos lábios de Yin Chang. 

– A sua direita, três de seus passos fará você estar do meu lado. – decretou baixo. – Esqueça, esqueça, seus passos são hesitantes demais. Deixe que eu vá até aí. 

– Oh, você consegue enxergar no escuro e ouvir meus passos?

Yin Chang não respondeu de imediato. 

– Apenas o povo do Oeste Demoníaco têm a junção perfeita de visão noturna e super audição. – retorquiu. 

– Você realmente não tem super audição? 

Como poderia Shen Shining não ficar desconfiado, já que nem mesmo a aterrissagem lenta de uma pena no gramado parecia passar despercebida pelos ouvidos do protagonista? 

– Minha super audição é um dos meus apanágios por causa do núcleo interno, mas eu não possuo visão noturna. 

– O que é um núcleo interno? 

– Está me questionando a definição dele? – Yin Chang estava uniformemente impassível. – Bom, o núcleo interno é simplesmente um fardo que ninguém quer carregar. Mestre do Chá é azarado por possuir um também. 

– Eu? – Shen Shining sorriu nervosamente. – Você tem certeza? 

– Absoluta. – Não houve pausas para provocar dúvidas. – Caso contrário…

– Caso contrário, por que eu estaria aqui agora? – Shen concluiu os pensamentos da outra parte; quão bom seria se tivesse sido de maneira insensível. – Bem que eu desconfiei; você aceitou meu acompanhamento facilmente.

– Fiquei intrigado com o Mestre do Chá. – Yin Chang não recuou sendo exposto. – Sinto a aura do seu núcleo, mas ao mesmo tempo não. É como se ele estivesse congelado.

Quanto mais escutava as explicações, mais confuso tudo se tornava. O significado de núcleo poderia ser volúvel naquele mundo? Não seria uma boa opção questioná-lo. Mas o outro queria compreender mais a fundo os motivos do protagonista ter permitido, um tolo como ele, acompanhá-lo tão facilmente.

– Se meu núcleo interno é o único motivo da nossa união, por que você nunca fez menção de querer estudá-lo mais profundamente? 

Passos pararam de soar na escuridão. 

– Yin Chang, você acha que se meu núcleo interno não estivesse congelado agora, eu poderia estar enxergando no escuro? – perguntou-lhe. 

– Visão noturna é um prestígio unicamente do povo do Oeste Demoníaco, e nem mesmo portadores de núcleos internos têm este benefício. – O protagonista respondeu. – E o Mestre do chá está longe de parecer ser um demônio também. 

– Há motivos para achar isso? 

Shen Shining estava se apoiando nas paredes da casa, a fim de não cair como sua dignidade quando, cruelmente, fora ignorado. Em interações, ser ignorado era sinônimo de vergonha, então ele teria motivos para ficar inseguro agora. Pena que sua mudez nunca era duradoura. O espírito falante dentro de si conseguia se estabelecer de tal forma que criaria uma competição entre ele e os papagaios. 

– Cadê você? – Disparou cheio de impaciência. – Pare de ser maldoso e venha logo até mim, Yin Chang. 

Se jazia algum fantasma adormecido na penumbra, ele com toda certeza teria despertado por causa do alarido e chamado a atenção do causador de seu despertar. Mas fantasma nenhum poderia impedir o resultado obtido através de um “grande feito” como lançar ordens a alguém visivelmente superior em termos de força e poder. 

Contudo, por mais que os passos de Yin Chang tivessem voltado a soar alto após a ordem ter sido emitida friamente, era como se ele estivesse indo para longe, até que não fosse possível escutar mais nada que entregasse sua presença ali. 

– Bah, talvez eu esteja imaginando coisas. – Shen Shining disse a si mesmo. 

Ter o discernimento do que era real ou não quando sentia medo e, sucessivamente, tendo sido abandonado, era uma benção a ser recebida de braços abertos por todos. E para começo de conversa, quem era a vítima que havia sido convidado a participar da averiguação? Exatamente, ele. Ponderando e levando em consideração o seguinte fator, qual era o sentido de ter sido descartado daquela maneira? 

Se ao menos houvessem uma única abertura para que a luz do sol abençoasse a casa, o medo dele não estaria sendo tão exorbitantemente delicioso quanto era agora. 

Seu temor era considerado um prato cheio para a entidade escondida de olhos de humanos fracos como ele.

E então, um clarão vermelho surgira tão inesperadamente que Shen Shining ficara atordoado. Tendo no peito fôlego suficiente para explodir os pulmões, as vistas ficam pretas e quase não se pôde vislumbrar em como o protagonista segurava dois Talismãs Elementais de fogo entre os dedos. Parado no centro da sala de estar, as duas proporções mágicas não queimaram seus dedos delgados e foram lançadas em direção às velas enganchadas nos garfos de um castiçal de prata sobre a mesa.  

Ah, e o provérbio “O que os olhos não vêem, o coração não sente.” nunca fizera tanto sentido antes…

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Courela - Parcela de terra cultivada, comprida e estreita

Barba de Dragão - Sobremesa semelhante ao nosso algodão doce, nascido durante a Dinastia Han

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